Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
segunda-feira, 22 de junho de 2015
Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 352 - Por Luiz Domingues
Chegamos à rua onde ficava a sede da Warner, e ficamos em um bar próximo, a aguardar a volta de Sonia e Toninho, que foram se encontrar com Midani, enfim. Ao fugir das nossas mais otimistas expectativas, a reunião foi longa, ao se considerar o padrão desse tipo de abordagem entre produtores de bandas emergentes e mandatários de gravadoras majors.
Geralmente a alegar tempo escasso, o normal seria uma conversa muito superficial sobre os atributos do artista oferecido em questão, e a entrega do material para ser analisado a posteriori. O fato disso ter sido feito mediante uma reunião agendada, foi considerado um grande avanço aos padrões desse meio, pois o grosso dos artistas aspirantes, nem chegaria nesse passo, e nesses termos ao deixarem os seus materiais na portaria de tais instituições, depositam em tal incerta tacada, todos os seus sonhos, e nesse caso, a realidade é de que a chance de tal material chegar à mesa de um avaliador, é tão ou mais difícil que a análise combinatória que determina a possibilidade de um jogo de loteria ser o premiado.
Portanto, essa foi de longe, a mais concreta chance que tivemos, ao se comparar com as vãs tentativas que efetuáramos anteriormente.
Quando Sonia e Toninho deixaram a sede da gravadora, e nos encontraram na rua, eles chegaram a sorrir e a demonstrar grande entusiasmo em nos contar como fora a conversa com Midani. Bem, segundo Sonia, o Midani fora muito receptivo, e além de ouvir atentamente a argumentação dela e de Toninho, perdeu um bom tempo a examinar o portfólio e o álbum de fotos da banda.
O som da demo-tape ecoou pela sala, mas com o volume baixo no equipamento Hi-Fi, sem que ele, Midani, prestasse a atenção devida. Aliás, nem seria sua atribuição, nesse caso. O normal seria um diretor de repertório fazer tal análise, e nesse caso, provavelmente seria a incumbência do Liminha. A sua atenção, portanto, estava mais centrada em nós, em termos de fotogenia e dado pessoais, pois muitas perguntas foram feitas sobre nós, da sua parte.
Por exemplo, ele quis saber de nossa condição sociofinanceira pessoal, se tínhamos instrumentos e equipamentos de qualidade para atuar ao vivo, quis saber sobre o nosso figurino de shows e guarda-roupa do cotidiano etc.
E sobre a aparência, destacou que éramos "bem apessoados", mas que o Rubens chamara-lhe a atenção como o mais bonito e com aparência de galã.
Com essas informações, ficamos com a certeza de que Midani mais se preocupava com o gerenciamento geral, sem ater-se à parte musical, que certamente seria cuidada pelo Liminha.
Por suas colocações (Midani), pareceu que houvera nos aprovado, e mais que isso, ele não demonstrou ter nenhum comprometimento com a estética do Pós-Punk, e para ser até bem otimista, eu diria que isso não lhe importava de forma alguma. Dessa forma, as nossas longas cabeleiras setentistas, e nosso visual mais próximo dessa mesma prerrogativa do que com a estética em voga, pareceu não o incomodar em nenhum aspecto.
A sua primeira preocupação demonstrada pela conversa e sobretudo pelas perguntas, foi de outra ordem. O seu interesse maior foi em saber se detínhamos uma "aparência boa" pessoal, isto é, exatamente como raciocinam executivos de TV, quando pensam em contratar atores, e notadamente atrizes.
E sob uma segunda instância, se reuníamos condições técnicas boas para enfrentar uma série de shows, decorrentes de um eventual impulso que a gravadora poderia proporcionar. De nada adiantou sermos bons, se na hora de nos apresentarmos ao vivo, não reuníssemos condições mínimas de trabalho, a causar vexames inadmissíveis ao não se coadunar com a fama mainstream adquirida.
Bem, não nadávamos em dinheiro, tampouco tínhamos um arsenal de instrumentos e um "backline" (equipamento de palco), digno de uma banda internacional. Porém, não havia nenhuma dúvida entre nós quatro, que tirante situações prementes de cada um, individualmente, claro que ao entrarmos em uma situação mais avantajada de agenda, decorrente da exposição massiva, correríamos para uma boa loja de equipamentos e reforçaríamos o nosso arsenal.
No cômputo geral, Sonia e Toninho estavam muito otimistas, ao nos dizer que Midani gostara da banda. E nós, também ficamos muito certos de que tínhamos uma chance, apesar de todas as adversidades estéticas que tanto anunciei, e expliquei longamente ao longo de vários capítulos anteriores. A resposta no entanto, demoraria alguns dias a ser dada oficialmente, pois a decisão final não cabia à ele, Midani, tão somente.
Ficaríamos mais um dia no Rio, pois a Sonia agendara uma visita à redação do Jornal do Brasil, onde mantinha contatos. E também uma reunião informal com uma amiga pessoal dela, que dizia ser uma colaboradora de longa data e "formadora de opinião". Então, no período da noite, fomos à residência dessa senhora, onde fomos recebidos com um cocktail de queijo & vinho. No meu caso, claro que eu fui com Coca-Cola...
Continua...
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