Entramos enfim no segundo semestre de 1986, com o pé no acelerador, em pleno embalo ganho pelos acontecimentos positivos, e somados, principalmente nos últimos três meses.
O próximo compromisso ocorreu em um espaço novo na cidade, que aparecera para cobrir a lacuna deixada pela extinção do Teatro Lira Paulistana na cidade de São Paulo. Tratava-se de um teatro muito bem localizado, muito próximo a uma estação de metrô (estação Paraíso), portanto com toda a possibilidade de se tornar um grande ponto de shows na cidade, e de fato, foi o que aconteceu. Chamava-se: "Teatro Mambembe", localizado na Rua do Paraíso, bem na divisa entre os bairros da Aclimação e Paraíso, na zona sul da capital paulista.
Logo que abriu as suas portas para o Rock, projetos puseram-se a multiplicar-se, e ali os shows ocorriam geralmente às segundas e terças, nas brechas das peças de teatro, que ali encenavam-se. E nesse contexto, é claro que A Chave do Sol também foi convidada a se apresentar, e a data de 28 de julho de 1986, apresentou-se para nós.
Estávamos a mil por hora, e o leitor atento se recorda que são muitos capítulos a falar sobre esse período, ocorrido entre março e julho de 1986, como um dos mais intensos para a história da banda, quando muitas conquistas positivas aconteceram e simultaneamente.
Neste caso, tratara-se de um projeto do produtor de shows, Antonio Celso Barbieri, denominado: "São Power", e que teria a companhia do "Excalibur", cujos membros eram nossos amigos, e já haviam dividido o palco conosco em ocasiões anteriores. Nesse show, tentamos uma experiência ousada, ao fecharmos um set list inteiramente montado com músicas novas!
Foi uma insanidade, mas a surpresa maior veio com a reação do público, a absorver completamente a ideia de uma maneira efusiva. Tempo bom onde um teatro lotava para um show de Rock autoral, e nossa banda sentia-se segura para fazer um espetáculo inteiramente montado com músicas inéditas, sem medo de desagradar o público sedento pelas músicas consagradas, e portanto familiares aos seus ouvidos.
Nesse show, o Beto tocou guitarra em várias músicas, também.
Bem, o que dizer de um show realizado em um dia útil longe do final de semana, e que mesmo assim teve a proeza de arregimentar quinhentos e cinquenta pagantes em sua bilheteria? E isso por que a capacidade oficial do teatro era de trezentas e cinquenta pessoas aproximadamente, mas pasmem, houve gente amontoada pelos corredores, e nós mesmos voltaríamos a este mesmo teatro e quebraríamos o recorde novamente, em um futuro não muito distante, e que contarei logo mais.
Em fotos desse show, vemos o produtor, Antonio Celso Barbieri (primeiro à direita), e a banda (o roadie, Edgard Puccinelli Filho, entre nós), no camarim, a comemorar a bilheteria robusta, mediante um saco de batatas, literalmente, cheio com notas de "cruzados".
Foi um excelente show, e coroou a ótima fase em que a banda encontrava-se.
Estávamos bastante afiados, com um novo som que agradava ao público, e o telefone não parava de tocar, com oportunidades.
E é sobre isso que eu falarei a seguir, com mais três oportunidades que apareceram nesse período: uma de cunho empresarial, outra relativa à uma grande oportunidade para aparecer em um programa de TV, mega popular na época, e a terceira, uma reportagem de página inteira em uma nova revista que estava a entrar no mercado, com contundência.
Teatro Mambembe - 28 de julho de 1986 - Fotos de Maurício Abões
Continua...
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