Ninguém presente na festa parecia saber que estávamos a lançar um disco, e nessa altura, estávamos mesmo apenas a cumprir tabela, resignados com a festa muito equivocada, e plena de anticlímax. O show foi na verdade, um ensaio a céu aberto, em meio a uma "barraca de pastéis", e iluminado por árvores de natal. Não lembro-me de ver mais que cinquenta pessoas dispostas a nos assistir, naquele campo escuro, enlameado, e sob chuva, mesmo que fosse leve.
Mas, foi o Pitbulls on Crack... e dentro de suas características normais, tocamos e divertimo-nos, mesmo sob tais condições ruins, e claro, a fazer muitas piadas sobre aquela noite tenebrosa que estávamos a passar. Quando voltamos à casa que servira-nos como camarim, tivemos a surpresa de que uma outra banda internacional estava ali e pasmem, a comer o nosso lanche....
Sinceramente
não lembro-me do nome da banda, mas lembro-me tratar-se da nova banda
de um ex-baixista dos Ramones (Dee Dee Ramone), e os estrangeiros estavam no Brasil a fazer shows no circuito underground. Alguém levou-os à festa e claro, naquela
bagunça que estava generalizada, claro que foram convidados a tocar na
barraca de pastel, digo, palco...
Estava a ocorrer uma certa bajulação
em cima deles, mas de minha parte, pareceu a cereja no bolo de fel, cuja receita estava lotada de ingredientes indigestos,
que fora-nos servido. Em suma: ali estava em nosso camarim mais uma banda punk irrelevante, a destruir o
"Pitstock"...
Já aproximava-se da meia-noite quando resolvemos ir
embora.
Os australianos do "Honey Island" ainda nem haviam desembarcado
no aeroporto de Cumbica. O marqueteiro estava resignado com a ausência deles, e dizia
estar disposto a anunciar o cancelamento de seu show. Mas
nessa altura dos acontecimentos, anunciar isso naquele palquinho triste, não faria a menor
diferença. Aliás, o público debandava aos montes, cansado de abrigar-se da chuva, e
da festa entediante.
Claro, a matéria de destaque na Folha de São Paulo; a reportagem da MTV, a resenha na revista Rock Brigade, matérias no jornal "Estadão" e no caderno Folhateen, da Folha de São Paulo, além da citação no Vídeo Show da Rede Globo, foram os nossos maiores êxitos nessa empreitada. Já a festa em si, fora uma sucessão de erros, lamentavelmente.
Ao ir além, hoje eu enxergo esse evento como o "canto do cisne" do Pitbulls on Crack. Foi a última esperança em dar um salto na sua carreira, e pleitear assim um lugar melhor no mercado musical. No ano de 1997, o Pitbulls on Crack teria alguns poucos momentos felizes, mas sem dúvida, o último impulso significativo na carreira da banda, houvera ocorrido com a questão do lançamento desse CD, e principalmente sobre a criação do aparato todo de divulgação. O "Pitstock" foi portanto, a última esperança, e a julgar pelo seu deprimente resultado, tal energia criativa esvaíra-se pelo ralo. Realizou-se no dia 13 de dezembro de 1996, e a festa recebeu cerca de mil pessoas, somente...
Continua...
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