domingo, 28 de junho de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 370 - Por Luiz Domingues

Livres da ação inócua da parte do Studio V, tínhamos perdido muito embalo gerencial, e o nosso estado emocional então, fora o mais prejudicado nesse período. Havíamos depositado muitas esperanças no trabalho deles, ao considerá-los como credenciados a nos dar o impulso que nos faltara para chegarmos ao nosso objetivo, que foi a ascensão à primeira divisão da música profissional.

Nesse ponto, em março de 1987, tínhamos que nos levantarmos, sacudir a poeira e dar a volta por cima, conforme rezava a sabedoria de Paulo Vanzolini. E mesmo sem a grande animação que norteara-nos no ano anterior, ainda tivemos forças, e o telefone ainda tocava espontaneamente para nós.

E logo de início, tivemos a chance para dar um pontapé em prol dessa nova retomada. 

Sendo assim, através de uma nova investida no Teatro Mambembe, fizemos um bom show, aliás bem animado, apesar de ter comparecido um público aquém do que estávamos acostumados a reunir nesse mesmo espaço.
 
Mediante um patrocínio de última hora, inédito e bem-vindo, uma tradicional loja de instrumentos no centro de São Paulo, nos possibilitou bancarmos um tijolo nas páginas do Jornal da Tarde de São Paulo.   

Aconteceu no dia 19 de março de 1987, com cerca de cento e oitenta pessoas na plateia, portanto a metade da lotação oficial do teatro, no entanto, houve uma razão mais ou menos plausível para não termos lotado o teatro: em pouco mais de um mês antes, havíamos feito uma mini temporada no Centro Cultural São Paulo, portanto, foi um bom um motivo.

Boas oportunidades novas se apresentaram, até rapidamente, e seria uma chance oportuna para retomarmos o nosso embalo. Seriam cinco shows que faríamos em abril, dois em teatro, na cidade de São Paulo, um no Rio de Janeiro, e dois na cidade de Caraguatatuba, no litoral norte do estado de São Paulo.

Primeiro, tivemos então duas datas a cumprir no Teatro Artur Azevedo, um espaço muito bonito e bem estruturado, localizado no bairro da Mooca, na zona leste de São Paulo, e onde já havíamos feito dois shows em 1985. Naquela ocasião, tais datas foram ofertadas pelo empresário, Mário Ronco, no embalo da formação da "Cooperativa Paulista de Rock". A Cooperativa implodiu rapidamente, mas os shows aconteceram e foram bons (ler em capítulos anteriores).

Agora, voltaríamos ao teatro do simpático bairro da Mooca, com mais duas datas. Foi mais uma oportunidade muito positiva que teríamos em compartilhamento com outras bandas, a reviver de certa forma, muitos shows compartilhados que fizemos no passado, principalmente entre 1984 e 1985.


Seriam quatro dias, com a participação de bandas amigas como o Salário Mínimo, Golpe de Estado e Centúrias, e organizados da forma que as quatro bandas se revezassem na formação em duplas para compartilhar shows a serem realizados de quinta a domingo.

Contudo, esse embaralhamento teve problemas para ser construído em sua logística, pois cada banda apresentou dificuldades advindas de suas agendas próprias, e sendo assim, a visar não atrapalhar a predisposição de cada uma, chegou-se a um arranjo final que nos privilegiou, mas apesar desse mal-estar não foi a nossa intenção fazer isso maquiavelicamente para obter vantagem. Portanto, os compromissos de cada banda, levaram o mini festival, a esse arranjo.

Não pudemos tocar no domingo, pois tínhamos show marcado para o Rio de Janeiro, nesse dia. E outras bandas não poderiam tocar na sexta e sábado, pois se apresentariam em outros locais, também.

Portanto, ocorreu que assumimos as datas consideradas melhores, e sem companhia para compartilhar em cada noite. A despeito dessa situação, foram shows bons, no padrão que tínhamos normalmente, com o público a responder bem, e em bom número, mesmo ao se considerar que havíamos feito cinco shows no Centro Cultural São Paulo, bem recentemente, dois meses antes para ser preciso, e ainda mais próximo, um outro, no Teatro Mambembe.

É uma lástima... mas eu não possuo uma única foto desses shows. E shows feitos em teatros, não podem deixar de serem registrados, jamais. Ainda mais mediante um palco tradicional como os dos teatros municipais espalhados pelos bairros de São Paulo, com estrutura padrão de palco italiano, com amplitude, iluminação de qualidade, bons camarins etc. Portanto, é uma pena não haver registros fotográficos de dois shows realizados em um teatro bonito, com a possibilidade das fotos ficarem com o aspecto típico de um "Book Tour" de bandas internacionais.

No dia 10 de abril de 1987, contamos com oitenta pessoas na plateia e no dia seguinte, 11 de abril de 1987, foram cento e setenta pessoas que compraram ingressos.

Fomos descansar após o show da noite de sábado, pois a nossa logística prevista foi construída no sentido de viajarmos para o Rio de Janeiro bem cedo, no domingo, com a intenção de chegar na hora do almoço, e poder relaxar antes do soundcheck no local do show.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário