Reflexo de nosso "momentum" espetacular naquele instante, o Jornal informativo do nosso próprio Fã Clube, em sua edição de nº 5, datado de julho de 1986, mostrou-se recheado de boas novas. Muitas delas, aliás, cujo teor eu já até comentei nesta narrativa.
Logo no primeiro box do jornal, a falar sobre TV, uma relação dos programas que havíamos feito mais recentemente e engraçadas insinuações sobre o caráter sensual que o vídeoclip da música "Saudade" teria... e de fato, ele estava a ser filmado com tais nuances, mas conforme já contei, ele nunca foi finalizado.
No box seguinte, uma espécie de coluna social da banda, uma menção ao fato positivo de que algumas bandas haviam lançado LP's recentemente e incluído agradecimentos para A Chave do Sol, em seus respectivos encartes. Caso dos discos do Harppia, Inox, Centúrias,; Coletânea SP Metal e no novo disco d'Os Inocentes, cuja história de cooperação mútua entre as bandas, já foi mencionado vários capítulos atrás, e com detalhes.
Outra presepada que eu adorava inventar, foi alardear sobre as atividades extra-musicais dos membros da banda, ao dar-lhes uma aura de importância mesclada ao glamour. Isso foi uma declarada herança de minha admiração pelo jornalista, Ezequiel Neves quando este crítico fora colunista da Revista: "Rock, a História e a Glória", nos anos setenta, e que muito me influenciou como Rocker e também como escritor diletante que eu sempre fui, e a partir de 2011, de forma mais incisiva, e em caráter público, que assumi ser.
Finalmente, havia a menção à visita do ator/músico "Ferrugem", ao nosso ensaio, e passagem essa que também já descrevi, além da visita dos membros do grupo de Heavy-Metal, Viper, também.
Uma brincadeira com o Edgard Pucinnelli Filho, também está registrada neste box, sempre a insistir na ideia divertida de que ele seria de fato um extraterrestre, brincadeira essa que ele gostava e os fãs, nos shows, idem, ao abordá-lo com bom humor nesse sentido.
No box: "Perfil de Chave", onde a cada edição se falava de alguma característica de um membro em separado, neste número cinco foi a minha vez enfim, de ser mencionado. Posterguei ao máximo, mas foi inevitável ter que lidar com tal tarefa e explico o meu constrangimento: foi pelo fato de ser eu mesmo o redator e editor do jornal, ainda que a agir como um "Ghost Writer", visto que para todos os efeitos, quem escrevera seria a persona de Eliane Daic, a namorada do Zé Luiz, No entanto, mesmo encoberto, sentia-me constrangido em escrever sobre eu mesmo, sob um tom de enaltecimento.
Pensei então em traçar um paralelo com o fato de eu ter sido membro do Língua de Trapo e a aproveitar o gancho de que esta banda passara a ser odiada pelos "metaleiros" por conta da música que os satirizava e que ficou mega famosa no Festival da Rede Globo, de 1985, eis que eu investi nessa prerrogativa e assim, meio que em tom de entrevista, falei sobre a questão, e dei palavra ao "Luiz", para explicar o fato.
Aproveitei e alfinetei a "intelligentsia" ou falta de, como queiram que execrava o Língua de Trapo, indevidamente e demonstrei o meu orgulho de ter sido membro dessa banda etc. Claro, expus claramente os meus motivos por ter preferido ficar fixo com A Chave do Sol, por conta de minha fé no Rock etc. e tal e o que aliás, foi uma expressão da verdade.
No box sobre Rádio, falei sobre programas que fizemos como Rock Corsário, Balancê (ali fomos "clientes"de longa data...), Disque-Rock, e falamos sobre a nossa experiência em termos sido executados e elogiados no Rádio Amador, da Rita Lee na 89 FM.
Claro que exploramos o fato dela nos ter comparado ao Bad Company...
Sobre revistas, falamos do Poster da Som Três, um acontecimento importante para nós a ser notado nas bancas de jornais do país todo. Além de citarmos matérias em revistas como: Roll, Metal e Rock Passion.
Um anúncio assegurava que uma cópia oficial do show realizado no Ginásio do Palmeiras em maio, em formato de fita K7, seria vendida pela "Galeria Produções Artísticas", conforme os empresários em questão haviam nos assegurado. O telefone do escritório foi anunciado para os membros do Fã-Clube obterem informações, mas isso nunca ocorreu, infelizmente.
Somente em 1992, recebi através do Paulo Thomaz, baterista do Centúrias em 1986, uma cópia não editada, e toda fragmentada de um copião proveniente de duas câmeras. Mesmo com qualidade ruim e sem edição adequada, com apoio da amiga, Jani Morales Santana, ele foi postado no You Tube, em 2016.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=AuwvAON9Jh0
Outro anúncio curioso, mas sintomático, apesar do ótimo momento que vivíamos, o Zé Luiz anunciou aulas de bateria. Sintomático, no sentido de que ele estava a receber pressões familiares por resultados monetários mais lineares. Eu só entraria nesse mesmo destino, um ano depois, quando a banda colocar-se-ia em crise profunda, e o meu orçamento pessoal apertou...
Continua...
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