Conforme já registrei diversas vezes dentro desta narrativa, foi a banda onde mais diverti-me pelo aspecto extra-musical, pelo fato de todos os outros três membros serem comediantes de stand-up comedy, natos...
Por isso, se estou a relatar desatinos em relação a esse show de lançamento, e esta parte em específico ter ficado extensa pela complexidade de detalhes, não significa que estivéssemos, ainda assim, amuados no tal sítio.
Pelo contrário, rimos muito da "barraca de pastel", onde ficou instalado aquele palquinho triste, no meio de um campo de futebol enlameado, entre outras coisas. Claro, ficamos chateados com coisas sérias, como os maus-tratos perpetrados contra o jornalista Antonio Carlos Monteiro e a sua família.
Mas no cômputo geral, internamente foi mais uma típica noitada do Pitbulls on Crack, com um festival de piadas sarcásticas que desopilaram os nossos fígados indignados, com os desmandos todos.
Os membros do "Tiroteio" eram gentis como pessoas, não tenho queixas, deixo isso claro, mais uma vez.
A sua empresária, Lu Brandão, era a mãe do Titã, Branco Mello, e logicamente uma pessoa a deter contatos no meio. A banda mantinha um "apadrinhamento" da parte dos Titãs, pelo fato de seu líder, um sujeito chamado, Sérgio "Boneca", ter composto uma música que fizera sucesso na interpretação deles, Titãs ("Eu não Aguento").
Por outro lado, a estética do trabalho deles era intragável, infelizmente, como eu já descrevi. E o fato deles terem sido "escalados" para a festa sem a nossa consulta, causou um mal-estar duplo para nós. Primeiro pela prepotência do ato da parte de quem impôs tal decisão (isento o pessoal da banda nesse processo); em segunda instância, pelo choque estético entre as duas bandas, e portanto, de antagonismo ao aparato todo da festa, que desejávamos obter.
Tudo bem que o Pitbulls on Crack estava um tanto quanto contraditório com esse aparato "hippie", quando na verdade tinha uma aproximação com o Indie Rock noventista (com raízes do Punk' 1977). Eu admito isso, mas em termos. Todavia, por outro lado, o caráter híbrido do nosso som, sempre fora garantido pela minha presença, principalmente, e pela atuação do Deca, como guitarrista solo.
Deca a delirar no palco do Olympia, em outubro de 1996. Click de Marcelo Rossi
Mesmo com o Chris a ostentar esse lado mais moderno em torno do "Indie", e justamente por ser o compositor da maioria do material, a neutralização sempre foi automática devido às minhas linhas de baixo, trabalhadas ao estilo 1960 & 1970, e aos solos de guitarra do Deca, 100% baseados no Rock visceral do AC/DC.
Então, mesmo que não fôssemos uma banda retrô, assumidamente, o Pitbulls on Crack estava com um certo sentimento sessentista, e a inclusão de uma banda como o "Tiroteio", foi um grande "tiro" de fato, mas no nosso pé, no sentido de vilipendiar o ideal de um suposto "Pitstock", que tencionava evocar valores "Woodstockeanos". O punk misturado ao sambão-jóia dos rapazes, além daquelas malandragens meio ao estilo do "Planet Hemp", representavam uma antítese aos nossos ideais.
Claro que o marqueteiro nem suspeitava disso, e muito menos os seus amigos, os organizadores do evento. Mas o crítico musical, Antonio Carlos Monteiro sabia das coisas, e na sua resenha publicada através da revista: Revista Rock Brigade, posteriormente, deixou isso claro, ao lamentar a presença do "Tiroteio" no evento. Em suma, foi uma outra grande gafe cometida pela organização.
Continua...
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