segunda-feira, 8 de junho de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 88 - Por Luiz Domingues


              No Olympia, em outubro de 1996. Click de Marcelo Rossi

As latas estavam prontas para a distribuição nas lojas. Esse quesito foi fundamental e também um dos fatores que mais animou-nos em estarmos inseridos em uma gravadora de médio porte, pois sabíamos que o quesito "distribuição" era um gargalo histórico a atravancar a vida do artista independente.


E de fato, tivemos uma ótima noticia nessa área, ainda antes do show de lançamento. Segundo o marqueteiro da gravadora, o departamento comercial sinalizara que havia anotado um grande pedido de uma loja de departamentos, muito famosa em São Paulo, chamada: "Mappin". Com isso, nós já sabíamos de antemão que a nossa lata estaria exposta em um grande magazine popular, para sair daquele mundo restrito das lojas especializadas da Galeria do Rock, e digo isso sem menosprezo algum à tais lojas, mas apenas a salientar que foi raro para nós, estarmos em lojas populares e com o advento da lata, obviamente isso seria possível, para chamar muito mais a atenção. Aliás, a lata tornou-se um estouro pelo chamariz natural que arregimentou, todavia, também gerou controvérsia em algumas lojas menores. 

Ao alegar ser "espalhafatosa", alguns donos de lojas pequenas não achavam lugar nos seus tímidos balcões para expô-las, e alguns tiraram-na da vista dos clientes, para colocar o CD, isoladamente na prateleira, onde este ficara apenas mais um item em meio a outras centenas de opções ali expostas. 

Lembro-me de ter ido a uma unidade do Mappin, no bairro do Itaim-Bibi (e essa loja detinha o porte de um Shopping, localizada na Rua João Cachoeira, esquina com a Av. Juscelino Kubitscheck). 

Confesso, fiquei orgulhoso por verificar a maneira com a qual os funcionários empilharam as latas e de fato, estas chamavam muito a atenção no departamento de CD's do magazine. Uma pena, apenas, que o Pitbulls on Crack não era popular o suficiente. Pelo contrário, como underground e dentro de um nicho fechado, o fato da lata chamar a atenção, esbarrava nessa realidade de nosso tímido status. 

Esse aparato mercadológico, se a favor de uma banda mainstream, seria um estouro, sem dúvida alguma. Tanto foi assim, que o próprio, Ivan Lins, elogiou muito essa criação e produção do marqueteiro da gravadora. 

Felizes com essa notícia da lata estar disponível no Mappin, não podíamos falar o mesmo em relação à organização do nosso show de lançamento. Nessa altura, às vésperas, todo o enfoque foi direcionado para o tal de "Honey Island", tratado por tais organizadores, como a salvação do evento...

Lembro-me de que por muitas vezes, quando questionávamos os rumos que a produção do show estava a adotar, o marqueteiro respondia que estava preocupado com o sucesso da festa e daí, a sua aposta na banda australiana pareceu-lhe a opção mais certa a ser feita, em sua opinião. 

Uma falácia, na verdade, pois como eu já disse, quando eu e Deca fomos inspecionar uma dessas festas organizadas pelos seus amigos, a grande atração da noite, foi uma banda cover do Frank Zappa, ou seja, eles tiveram medo do que, se a atração musical não foi o grande chamariz do evento? Essa resposta eu nunca obtive, claramente, mas na contrapartida, aproximava-se o show...


Continua...

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