segunda-feira, 8 de junho de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 86 - Por Luiz Domingues

Passado esse show que cumprimos no Olympia, as atenções permaneceram com a "mini linha de produção", em relação aos esforços para preparar as latas que envolviam os CD's, e o seu respectivo aparato promocional, além da produção do show de lançamento. 

Fechado com aquela equipe que já mencionei, e selado o contrato com aquele mesmo sítio, onde eu e Deca fomos verificar o esquema do trabalho, em outubro (conforme já relatado), em novembro, os esforços eram para criar ideias e sobretudo, colocá-las em prática.

Nas reuniões com o Alexandre Madeira, o marqueteiro da gravadora, e com a presença da Marina Yoshie, muitas ideias foram ventiladas. A minha pressão pessoal foi total para que a festa fosse calcada em valores contraculturais dos anos sessenta, e logo surgiu a ideia de batizá-la como: "Pitstock", a estabelecer uma clara alusão ao Festival de Woodstock. Sinceramente não lembro-me de quem foi a autoria dessa denominação, mas arrisco dizer que veio da Marina.

Sugerimos um telão a exibir imagens de ícones sessentistas diversos. No Brainstorm, foi cogitada a hipótese de projetar-se cenas de séries de TV daquela década, e cogitou-se usar a minha coleção pessoal como base para tal. 



Chegamos a pensar em colocar episódios inteiros de séries como: "Batman"; "Lost in Space", e "Mod Squad", e isso seria adorável, é claro, contudo, a razão falou mais alto e bastaria um fiscal do Ecad aparecer, e isso causaria um tremendo de um problema por conta dos devidos impedimentos em torno dos problemas autorais. 

A questão da sala de som mecânico, também foi discutida amplamente. Claro que teria que existir para que as pessoas alheias ao show ao vivo, pudessem divertir-se com a opção do som mecânico, mas desde que obedecesse a questão temática, a seguir o plano geral.

Ou seja, nada de "bate-estaca", som eletrônico e que tais noventistas destoantes, e muito menos o Techno-Pop oitentista. A ideia seria contar com o melhor da estética da Black Music sessenta-setentista, marcada pela extrema qualidade, ao transformar essa noitada em um autêntico "Soul Train" da Philadelphia...


Uma exposição sobre a Art-Pop e outra, sobre a chegada do homem à Lua, foram cogitadas, também, mas demandaria patrocínio extra para bancar tal ideia. Em princípio, cogitamos também contratar uma banda cover para executar clássicos das décadas de 1960 e 1970, pois o nosso show não sustentaria a festa inteira. Mas algumas nuvens negras começaram a aparecer nessas reuniões de brainstorm... 

Paulatinamente, o marqueteiro pôs-se a cortar as ideias que mais remetiam aos anos 1960, e ao alegar inviabilidades, paulatinamente minou o projeto inicial, de maneira a transformar o nosso "happening sessentista", em uma festa comum, como aqueles produtores, amigos dele, estavam acostumados a fazer. Então, o golpe final em nosso sonho "woodstockeano", deu-se quando o sujeito anunciou que estavam a cogitar trazer uma banda internacional como atração, no intuito de reforçar a festa.

      Show no Olympia, outubro de 1996. Foto de Marcelo Rossi

Nós deveríamos ter adorado a ideia, deve ter pensado o Alexandre, mas a nossa reação foi em torno da estupefação, pois o show de lançamento do NOSSO DISCO, nesse instante passou a parecer que relegar-nos-ia à condição de um mero coadjuvante, e as baterias centrar-se-iam, em uma atração internacional. E o pior... ainda se fosse um dinossauro sessentista, do quilate de um "Iron Butterfly" ou "Joe Cocker", meros exemplos que cito, estaria no dentro do espírito, no entanto, é claro que a intenção dos rapazes não foi essa, e realmente isso concretizou-se.


Continua...

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