O ano de 2009 encerrara-se e o balanço para o Pedra foi mediano. Começamos o ano com a grande novidade que seria ter sido enfocado em uma mega reportagem da Revista Veja, a maior do país e consequentemente a se constituir de uma oportunidade de ouro para subirmos um patamar, a pleitear uma chance no mundo mainstream.
Todavia, a matéria não vingou, apesar do esforço que fizemos para poder estar nela e claro, isentamos o jornalista Sérgio Martins e o seu repórter fotográfico, Otávio Dias por essa falha, por que ambos não tiveram culpa alguma nesse processo frustrante e pelo contrário, também foram prejudicados nessa história.
E ademais,
jornalismo é assim mesmo e eles como profissionais experientes podem
ter chateado-se na época, mas rapidamente superaram a perda do esforço
empreendido.
Acervo de Junior Muelas
Mas no nosso caso, como artistas
outsiders do underground, a perda de uma oportunidade assim teve um outro
significado, naturalmente, por estarmos fora do espaço mainstream em que sempre trafegamos (e neste
caso, a raciocinar individualmente, eu computo a carreira inteira e a
absoluta semelhança que o trabalho do Pedra teve, em termos de
dificuldades, com trabalhos pregressos meus). Mas a vida seguiu sem o
glamour de estarmos nas páginas da Revista Veja.
Voltamos ao nosso dilema crônico, quando vimo-nos sem a ilusão da reportagem e a discussão da necessidade
de abrirem-se caminhos para apresentarmo-nos. Sem um empresário dinâmico e
astuto o suficiente para gerir tal necessidade que tínhamos, fizéramo-nos
representar por pessoas de boa vontade, porém sem traquejo algum com o
show business para tentar inserir-nos de vez no circuito do Sesc. Contudo, a
despeito de sua boa vontade e esforço pessoal, não conseguíamos lograr êxito.
Então, lá fomos nós de volta aos questionamentos internos, a se estabelecer uma desgastante sequência de "DR's"("discussão da relação"), que só minavam a já não tão boa convivência interna da banda.
Tocar em qualquer casa noturna, como muitas de nossas bandas de amigos faziam sem parcimônia e a enfrentarmos plateias formadas por bêbados desinteressados para absorver uma música mais cerebral como a nossa, ou só tocarmos em palcos mais nobres com infraestrutura condizente para a nossa arte mais sofisticada que o Rock festeiro ou peso-pesado que os nossos amigos praticavam e que consequentemente não enxergavam dificuldades para expressarem-se e interagir com tais plateias?
Nessa gangorra emocional, a banda oscilou e isso aconteceu muitas vezes em 2009, pois com outras bandas a nossa volta a construírem uma agenda mais robusta, frustrávamo-nos em termos tão poucas chances de apresentarmo-nos ao vivo.
E quando essa pressão
aumentava, decorrente do fato das boas oportunidades mais adequadas às
nossas necessidades técnicas que não surgiam, nós partíamos para a
experiência de apresentarmo-nos em casas noturnas dessas características e então ficávamos
frustrados com a reação gelada de plateias formadas por rapazes e moças
completamente desinteressados em ouvirem uma banda autoral cujo trabalho
detinha complexidades inerentes em sua proposta artística e sobretudo, de
nossa parte, não havia nenhuma intenção em entretê-los em suas noitadas regadas a bebedeiras.
Além disso, a péssima qualidade de estrutura da maioria dessas casas foi um fator a atrapalhar-nos e frustrar-nos duplamente.
Entre a cruz e a espada, recolhemo-nos novamente ao estúdio, e criamos mais cinco músicas de extrema qualidade. Nesse aspecto, 2009 foi bom, não posso negar.
E por fim, houve uma luz no final do túnel, ao recebermos um convite irrecusável da parte do jornalista Sérgio Martins e dessa maneira, participarmos de um programa de internet com a chancela da Revista Veja, portanto, foi uma oportunidade tão boa quanto a que tivemos no início do ano, da parte do mesmo profissional, a representar a mesma publicação.
E assim encerramos 2009, com canções
novas de muita qualidade e prontas para serem lançadas em um eventual novo
disco e com a perspectiva de dar um bom salto na carreira, ao ser
apresentado a um público muito maior que o do nicho do Rock underground,
onde transitávamos normalmente, graças a uma grande oportunidade que
tivemos no final do ano, mas que só iria repercutir mesmo no início de
2010.
Continua...
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