segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 152 - Por Luiz Domingues

Já em abril, recebemos a notícia de que o Sesc Vila Mariana estava a oferecer-nos uma data para que nos apresentarmos em um de seus teatros (nessa unidade, haviam dois, além de que costumam promover apresentações também na área ao ar livre perto de sua lanchonete).

Tal esforço foi fruto de uma semente ali plantada há muito tempo, a remontar aos tempos do lançamento do nosso disco inicial em 2006. Sem um empresário forte a representar-nos convenientemente, o esforço para que entrássemos no circuito do Sesc representou um sonho que acalentáramos desde o início de nossas atividades, mas que tirante uma oportunidade sazonal e aleatória ocorrida na unidade da cidade de Piracicaba-SP em 2008, nunca havíamos conseguido lograr êxito.

No entanto, muitos materiais foram entregues por diversas vezes em várias unidades diferentes de tal instituição. Tais tentativas houveram sido conduzidas por pessoas que prontificaram-se a auxiliar-nos nesses anos todos anteriores, porém, infelizmente nenhuma dessas investidas obteve êxito. Todavia, um dia o telefone tocou, por que um material deixado na unidade do Sesc Vila Mariana, muitos anos antes (2006), finalmente chegou às mãos da cúpula de programação artística daquela unidade.

Foto da fachada da unidade do Sesc Vila Mariana, muito próximo ao estúdio "Overdrive" onde o Pedra mantinha o seu "QG".
 
Foi emblemático, pois a Vila Mariana era oficialmente o bairro sede do Pedra, já que todas as suas atividades concentravam-se no estúdio Overdrive, de propriedade do Xando Zupo, ali localizado. 

Eu também era morador desse bairro, desde 2007 e já havia habitado ali em outra passagem, entre 1988 e 1990, portanto, nada melhor para o Pedra do que contar com um show na unidade de seu bairro, com uma infraestrutura maravilhosa. 

Mas não foi tão fácil assim para se acertarem os detalhes desse show. Primeiro que a burocracia exigida pelo Sesc extrapolava em muito a real necessidade de salvaguardar a lisura tributária e jurídica de um contrato entre o artista e a instituição. Já falei extensivamente sobre o que penso desse exagero perpetrado por tal instituição, no capítulo sobre a Patrulha do Espaço, portanto, não cansarei o leitor com uma repetição aqui.

E ao imaginar no quanto essa obrigação enfadonha aborrecer-nos-ia, nós recorremos à ajuda de uma pessoa amiga e que além de ser de nossa inteira confiança, era notadamente bastante dinâmica e conhecia bem essa burocracia, pois já a havia enfrentado várias vezes anteriormente, a serviço de um produtor de shows conhecido por nós também. 

Tal pessoa chamava-se: Cida Cunha, mas era conhecida pelo apelido de "Macalé". Tratava-se de uma velha conhecida da Grace Lagôa e embora não fosse alguém ligada diretamente à musica, era amiga de muita gente do meio e por ser bem articulada e dinâmica, mesmo que não trabalhasse diretamente com produção musical, ela havia feito vários trabalhos nesse sentido, ao contribuir com a resolução dos entraves burocráticos, justamente nesse mundo da produção musical de shows para as unidades do Sesc, no caso, anteriormente para outros artistas.

Cida Cunha trabalhou fortemente na parte burocrática e o show ficou marcado oficialmente para o dia 7 de maio de 2010. Nessa altura, já havíamos contactado uma produtora cadastrada no Sesc para emitir a nota fiscal desse contrato, no caso a "Condor", cujo mandatário era Vagner Garcia, este, um ex-produtor artístico da gravadora Eldorado, onde eu mesmo fui contratado por um curto período, por conta do lançamento de uma coletânea, em que a minha banda nos anos noventa, Pitbulls on Crack, esteve presente com duas faixas, no ano de 1993 e claro, história contada com detalhes no seu respectivo capítulo.

Estávamos embalados pela questão do programa de Internet, "Veja Música", além dos dois novos clips que lançáramos, mas ao mesmo tempo, não tocávamos ao vivo desde outubro de 2009, quando de nossa apresentação em uma casa noturna de Joinville, Santa Catarina. 

Foi muito tempo de escassez para uma banda do nosso nível artístico e a lançar material que gerava destaque nas Redes Sociais da Internet, além de ser reconhecida por muitos jornalistas pelo seu padrão de excelência etc. 

Será que finalmente esse show no Sesc Vila Mariana abrir-nos-ia portas maiores? Seria o fim da escassez de oportunidades e os shows frustrantes realizados em casas noturnas inadequadas para um tipo de trabalho que desenvolvíamos? Assim esperávamos e preparamo-nos para aproveitar tal oportunidade.

Continua...

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