domingo, 17 de janeiro de 2016

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 150 - Por Luiz Domingues


Então recebemos o comunicado de que nossa participação no programa "Veja Música" entraria no ar ao final de fevereiro de 2010. Portanto, deu-nos a ótima sensação de que uma avalanche midiática ocorreria pelo tamanho que tal exposição haveria de dar-nos e somado ao efeito, ainda que sob uma menor escala, havíamos precipitado por termos lançado uma música nova e apoiada em um interessante promo para a Internet/YouTube ("Queimada das Larvas dos Campos Sem Fim"), ou seja, foi para animar, mesmo.

Então, percebemos que a revista Veja impressa, em sua edição de nº 2153, de 24 de fevereiro de 2010, chegou às bancas com uma nota a anunciar a entrada no ar do nosso programa, com direito a foto promocional e claro que aquilo foi excitante para artistas tão acostumados com os calos da dura labuta fora dos holofotes do mundo mainstream. 

Assistimos o programa disponibilizado na internet e apreciamos muito o resultado final. A nossa performance fora boa, tecnicamente a falar, embora, pelo menos de minha parte, eu tenha ficado com a impressão que no vídeo, estejamos um pouco "engessados". 

Sei que é algo sutil, mas eu noto que não passamos a impressão de estarmos 100% a vontade e creio que a responsabilidade do evento em si, somado ao fato de estarmos em meio a um tipo de execução/performance não costumeira para nós, pela questão dos arranjos acústicos para a ocasião, deve ter produzido esse estrato involuntário, mas perceptível.

No dia da filmagem, eu não tive a mesma impressão, mas como o ato de se ver/ouvir no vídeo, é o tipo de experiência que surpreende geralmente, creio que esteve dentro da normalidade ali no estúdio, mas não foi exatamente o que passou no vídeo. 

Fora tal percepção (um tanto quanto exigente, eu sei), gostei muito da performance musical e da entrevista que o jornalista Sérgio Martins conduziu com Rodrigo e Xando. 

No mesmo dia e esperado por todos nós, houve uma enxurrada de comentários e compartilhamentos nas redes sociais a iniciar-se. Nos nossos meios naturais até então, foi um bombardeio incrível de apoio que recebemos, mas ainda mais animador foi constatar que também houvera uma enxurrada de manifestações da parte de muitas pessoas estranhas que nunca haviam ouvido falar de nossa banda, sequer.

Bem, foi muito animador para nós termos essa constatação, ao abrir um mundo novo para a expansão de nossa banda. Esperávamos também críticas negativas ou desdenhosas da parte de "trolls", mas isso foi tão insignificante que nem merece registro. 

A maioria esmagadora das manifestações foram super positivas, com comentários até surpreendentes da parte de pessoas que perguntavam, estupefatas, como seria possível uma banda como a nossa ser desconhecida do grande público, não estar na mídia etc. 

Ora, claro que manifestações assim eram ultra lisonjeiras para nós e a despeito de achar desnecessário explicar as razões obscuras pelas quais artistas como o Pedra, não chegam em um patamar de exposição maior para atingirem uma parcela maior do público, é lógico que foi uma luz a acender-se em um túnel permanentemente escuro para quem vive eternamente no underground.

Assista abaixo, a entrevista conduzida pelo jornalista Sérgio Martins no programa Veja Música
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=LPJN9vX5bV0 


A performance de "Meu Mundo é Seu"
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=y4MGj1f2UhI 


A interpretação acústica de Filme de Terror
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=yAz2pXOTwJ0
 


"Projeções" mais acústica do que nunca, para a Veja Música...
Eis o Link para assistir no YouTube: 
https://www.youtube.com/watch?v=OTFQ7JwoGJo


"Cuide-se Bem", clássico do grande Guilherme Arantes, na primeira leitura que o Pedra fez da canção, em formato acústico.
Eis o Link para assistir no YouTube: 
https://www.youtube.com/watch?v=jObLWD2o5vI 


Em suma, estávamos muito felizes por constatar que a repercussão inicial fora maciça e até acima das nossas expectativas. Inclusive, algo bastante acima da nossa mais otimista expectativa, o que foi bastante animador.
Naquele instante, a nossa preocupação foi capitalizar ao máximo tal "momentum" positivo, embora nós soubéssemos que isso seria quase impossível de ser empreendido, ao levar-se em conta o fato de não termos empresário, agente, manager ou qualquer tipo de pessoa com a astúcia mínima dentro desse universo do show business, para aproveitar essa oportunidade, adequadamente. Independente disso, estávamos contentes com esse resultado inicial, é claro.

A partir daí, ao contar com o reforço de um iniciante usuário de internet, meu caso, mas com toda a boa vontade para fazer o máximo possível, centramos as nossas baterias na divulgação do programa da "Veja Música" e do 1º single/promo lançado em 2010, a consumirmos a nossa energia e foco. 

Nesse ínterim, o Xando já trancafiou-se no estúdio e passou a trabalhar fortemente na produção do novo promo de um novo single que estava previamente programado para ser lançado em março. Como eu já salientei anteriormente, não gosto dessa estratégia de anunciar realizações antecipadamente, a não ser em questões pontuais como divulgação de shows, naturalmente. 

E nesse momento, com um certo distanciamento histórico suficiente para enxergar melhor os fatos, eu comprovo a minha tese, no sentido de que tal estratégia adotada pelo Xando, além de contraproducente como marketing, impunha-lhe (nos) pressão para cumprir metas, ter uma data limite estreita e isso começou a minar-lhe as forças, pois para produzir um vídeo inédito a cada "X" tempo, subentendia-se que já havia perdido dias e dias em cansativas jornadas de mixagem do áudio de tais músicas. 

Portanto, pensar no vídeo em si, demandava a mesma carga de atenção e tempo, a gerar desgaste físico e psicológico para ele, Xando. Foi terrível, pois nessas funções, nenhum de nós três, outros componentes, detinha noção alguma para auxiliá-lo, a não ser emitir opiniões estéticas sobre algum resultado parcial, sugerir alguma coisa, mas o trabalho braçal de tais construções, tecnicamente a se notar, só poderia ser executado por ele.

Tal desgaste pôs a acelerar o processo de sua insatisfação pessoal com a conduta dos demais membros, para somar-se ao nosso tumor crônico, que foi o de não conseguir mantermos uma agenda sustentável. 

Não para nesse momento inicial de 2010, mas ao longo do ano, ao sacrificar-se para colocar no ar os tais "promos" prometidos publicamente (eu realço minha opinião, ter prometido isso foi um erro da parte dele), foi fator preponderante para um colapso posterior. 

Mas eu não quero antecipar a narrativa. Portanto, por enquanto, em fevereiro de 2010, estávamos a viver um momento de alento com a exposição já citada acima.

Continua...

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