Passou um enorme tempo sob um absoluto hiato de oportunidades, sem ao menos que houvessem ações
midiáticas
que desse-nos alento, e assim, é claro que a tensão esteve a intensificar-se,
infelizmente.
Foi quando surgiu enfim uma perspectiva e se tratou de uma nova
aparição na casa de shows, Bourbon Street, inseridos que fomos na festa da revista
Blues’n Jazz,
mais uma vez.
Ficamos curiosos, pois a apresentação que fizéramos em
2013 fora
permeada por problemas, a começar pelas ameaças que tivemos em termos as
portas
cerradas para nós doravante ali naquela casa, por conta de o seu produtor artístico haver considerado
que tocáramos muito alto, além do padrão dos artistas que ali
apresentavam-se
normalmente, mas pior que isso, ao considerar que pensaram que adotáramos
uma postura inadequada no sentido da rebeldia infantojuvenil ao não acatarmos as solicitações que
fizeram-nos
para abaixar o volume e não foi nada disso, conforme eu já expliquei
anteriormente, quando comentei sobre esse show.
E para piorar as coisas,
havíamos sido hostilizados por seguranças e funcionários desse
estabelecimento ao
final do show, portanto, achávamos que ali não tocaríamos nunca mais.
Contudo, o
dono da revista Blues’n Jazz, Helton, novamente convidou-nos para
participarmos de
sua festa mensal e supostamente baseada na promoção da sua revista.
Aceitamos,
pois desta vez ele sinalizou um cachê melhor e diante do quadro
difícil que
enfrentávamos, a nossa postura não poderia ser outra a não ser aceitarmos.
Naquela
semana em que o show foi marcado, eu teria um compromisso fixo que
assumira para todas as quartas, através de uma outra banda em que atuava,
denominada: "Magnólia Blues Band", portanto, a rigor, foi a primeira
vez em que a minha situação daquele instante por acumular quatro trabalhos simultaneamente,
gerou
um conflito de agenda, mas que foi contornado, mediante aviso prévio e a
providência que os meus colegas adotaram em convidar um baixista como atração da noite
em
questão, ao atuar como um convidado especial e no caso, a se tratar de um veterano, famoso
na
história do Rock Brasileiro, no caso, Rodolfo Braga, ex-Joelho de Porco.
E
para agravar, naquela semana em específico, a minha agenda pessoal esteve
lotada, pois haveriam shows de todas as outras bandas pelas quais eu atuava
naquela
ocasião, em dias diferentes e até uma participação especial com uma
ex-banda em que
atuei no passado.
Portanto, toquei como convidado especial em duas
músicas no
show da Patrulha do Espaço, no domingo, no Centro Cultural São Paulo,
ensaiei
com o Pedra na segunda, ensaiei com o “Nudes” de Ciro Pessoa na terça,
toquei
com o Pedra no Bourbon Street na quarta, fiz show com o Nudes, na quinta
no
Teatro Parlapatões e dois shows com Os Kurandeiros em casas noturnas
diferentes na sexta e sábado.
Isso deu a dimensão do quanto o Pedra
esteve reduzido
na minha vida nessa época e falo dessa forma sem nenhuma intenção de
estabelecer
qualquer margem que seja para o leitor interpretar como soberba de minha
parte,
tampouco manifestação de desdém pelo Pedra, em hipótese alguma, que
fique bem
claro!
Apenas estou a reportar ao leitor, que a vida levara-me a
diminuir a
importância dessa banda para a minha vida e isso a falar tecnicamente apenas,
pois em
nada teve a ver com o respeito, orgulho e carinho que eu mantenho pelo
trabalho além do
respeito, consideração & gratidão por tudo o que essa banda
representou e
representa na minha carreira.
Porém, acho que esse episódio de
sobreposição de
trabalhos, somado ao cansaço em deparar-me com o fato de que as minhas
opiniões
não eram muito consideradas na condução dos rumos da banda e também pelo clima
sempre
tenso que a falta de perspectiva rendia-nos, são elementos que explicam
com
clareza o meu distanciamento gradual dessa banda, infelizmente.
Bem,
a falar desse show em si, eu ponderei com os demais que foi a hora para se minimizar
gastos e esforço desmesurado, além do que, houvera o clamor da parte do
contratante para que tocássemos com menor volume.
Fiz a minha parte e sabedor
que a casa continha um amplificador importado e de qualidade, com gabinete duplo
de caixas da mesma marca, comuniquei aos demais que usaria o equipamento local.
Claro que ao fazer uso do meu amplificador e minhas caixas era sempre maravilhoso
por ser exatamente o som que eu estava acostumado, com um timbre sensacional
e que realçava o som particular de todos os meus baixos, mas não haveria nenhum
prejuízo sonoro à banda se eu utilizasse o bom aparelho disponibilizado pela casa, e
assim, o transtorno seria mínimo.
Ninguém falou-me nada diretamente, mas deu para
sentir no ar um clima de descontentamento quando eu cheguei ao estúdio Overdrive,
só com um baixo em mãos.
Chegamos ao Bourbon e sem levarmos os nossos técnicos,
aceitamos trabalhar com os profissionais da casa. Estes foram solícitos conosco, mas
claro que trabalhar com Sprada e Molina haveria de ser um outro departamento. Por outro lado,
ficara assegurada para a casa, a condução comedida da pressão sonora no PA no
padrão que julgavam adequado.
Haveria uma banda de abertura, que eu não
conhecia e ao vê-los a passar o som, gostei muito. Banda cover, não faziam nada
autoral, mas a se mostrar-se muito boa e com bom gosto para interpretar clássicos
do Rock, Blues e Soul Music.
Tal banda chamava-se: “Black Coffee” e os seus componentes eram ótimos músicos e
pessoas muito gentis, a se revelarem como batalhadores na música a rodar por aí, como tantos outros músicos
bons que permanecem no limbo da história, enquanto alguns energúmenos são alçados ao
estrelato indevido, mas aí é uma outra história.
E haveria uma atração internacional naquela noite, mas que encaixar-se-ia sob uma
atuação rápida, como um convidado especial da banda Black Coffee. Tratara-se de
uma guitarrista norte-americano chamado: Bryan Lee. Figura razoavelmente
conhecida no circuito de blues de New Orleans, Bryan era um guitarrista cego,
com boa técnica e já havia vindo ao Brasil muitas vezes para tocar no circuito
de blues, principalmente em festivais temáticos, nas unidades do Sesc e
por diversas vezes no próprio, Bourbon Street.
Passado o nosso som, encontrei a figura
simpática do casal amigo, Pietro e Claudyana Buccaran. Jantamos juntos ali e dali em diante foi só esperar a noite iniciar-se.
O Black Coffee foi chamado para atuar e nós assistimos pela coxia a sua ótima
performance. Que agradável foi por eles terem tocado músicas da super banda, “Sly and the Family Stone”, um grupo que
agrada-me sobremaneira desde sempre.
Então, houve uma imensa confusão iniciou-se no camarim! Vimos funcionários apressados
a abrirem alas para a entrada do guitarrista norte-americano Bryan Lee, que
acabara de chegar, a usar num táxi.
Ora, tudo bem que tratava-se de uma pessoa
com sérias limitações de saúde, pois não obstante o fato de ser cego, estava
idoso e muito debilitado, a fazer uso de um equipamento de respiração artificial,
inclusive e a ser amparado por uma enfermeira e uma senhora da sua nacionalidade igualmente, que
o acompanhava.
Mas mesmo ao se levar em conta as suas necessidades especiais em estado de debilidade,
fiquei pasmo com a subserviência de todos, só pelo fato do sujeito ser
norte-americano. Para piorar a situação, o referido senhor estava agoniado para trocar
as cordas da sua guitarra e sem um roadie pessoal, o Xando ofereceu-se para
ajudá-lo na tarefa e já com o Black Coffee a tocar a todo vapor, pois a
qualquer momento solicitariam a sua presença no palco.
Alojados em um camarim minúsculo,
realmente foi um sufoco atender o senhor e este não parava de pedir guaraná
aos funcionários da casa, visto que adorava o nosso refrigerante típico, por
tantas vezes que viera ao Brasil.
Finalmente chamaram-no e um clima de comoção
instaurou-se com muita confusão para levá-lo ao palco naquele estado debilitado
em que estava, isto é, foi um sufoco.
Ele tocou, tocou... e na coxia eu fiquei
a pensar que sim, era um bom guitarrista, mas eu conhecia pelo menos cerca de trinta
guitarristas brasileiros com os quais toquei na minha carreira toda, muito
melhores do que ele e portanto, aquela subserviência idiota das pessoas em
endeusá-lo, só por que ele era norte-americano, denunciar a tal "síndrome do
cachorro vira-lata", preconizada por Nelson Rodrigues... enfim, vida longa
e com saúde para Bryan Lee...
Fotos do nosso show no Bourbon Street em junho de 2014 e uma posada na porta do estabelecimento. Clicks de Grace LagôaChegou a nossa vez e o nosso show foi bastante firme, seguro e com foco, a manter uma boa dinâmica. Arrancamos aplausos e novamente havíamos atraído um bom contingente de fãs da nossa banda e que fizeram coro ao final, a pedirem bis.
Um medley do show, gravado e postado
por Isidoro Hofacker Jr. no YouTube.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=OOuBvgP8-w0
Desta vez, não houve um só pedido para abaixarmos o volume no palco e ao final, nós fomos cumprimentados pelo Pietro, meu amigo e gerente geral da casa, pelo volume empreendido e ele disse-nos que o diretor artístico havia gostado desta vez e que as portas abrir-se-iam para outras oportunidades. Ótimo, que bom.
https://www.youtube.com/watch?v=OOuBvgP8-w0
Desta vez, não houve um só pedido para abaixarmos o volume no palco e ao final, nós fomos cumprimentados pelo Pietro, meu amigo e gerente geral da casa, pelo volume empreendido e ele disse-nos que o diretor artístico havia gostado desta vez e que as portas abrir-se-iam para outras oportunidades. Ótimo, que bom.
Aconteceu na noite de 4
de junho de 2014, com cerca de duzentas pessoas na plateia. Próxima
oportunidade, só em agosto, com uma nova apresentação no Centro Cultural São
Paulo, a convite do pessoal da banda Tomada e a compartilhar o palco com eles. Em agosto,
tivemos enfim duas perspectivas agendadas para o mesmo mês, uma raridade para
o Pedra, infelizmente.
Continua...
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