A primeira vez que tive um desentendimento maior com Lua, foi devido ter me desviado da minha disciplina espiritual.
Fiz algo que não é de costume, devido aos acontecimentos mundiais, bebi
dia de semana, uma terça-feira.
Tinha jogo à noite e bebendo eu ficaria
acordado, com certeza, e arrematei o que restava do meu uísque com cerveja preta premium. Uma meia dúzia.
Falávamos ao telefone e ela dizia que eu estava bêbado e eu dizia que não estava. Era um impasse clássico dos sexos
convencionais. Um bêbado, por uma questão lógica, não pode reconhecer
que está bêbado.
Eu bati o telefone. Ou ela bateu.
Por conta de não estar forte na oração, Satanás deve ter aproveitado para enfiar o garfo no meu traseiro.
No dia seguinte, deixei um recado como se nada tivesse acontecido, ou
quase assim, dizendo que ela precisava confiar em mim. Depois, como ela
demorasse a responder, fui entrando em pânico, e comecei os estágios do
meu desespero que é passar de Shakespeare e sua dramaticidade até dizer
glu glu dá dá, num crescendo.
Ela demorou ainda mais a responder e
aí fui sentindo toda dor do universo, de modo que eu sentia a morte de
perto. Fui me sentindo desfazer e eu tinha virado puro algodão doce.
Era isso que eu tinha virado e aonde o amor nos leva: virar algodão doce. Ainda mandei alguns coraçõeszinhos sem esperança.
Pela primeira vez na vida, senti raiva de uísque,mesmo uísque de boa
qualidade. Decidi nesse dia que iria beber menos, bem menos.
Quase nada.
Ela me recomendou tomar um banho de ervas, depois que ficamos de bem. E claro que vou tomar o banho.
É a Lua quem manda, não é?
Marcelino Rodriguez é colunista sazonal do Blog Luiz Domingues 2. Escritor de vasta e consagrada obra, aqui nos brinda com uma crônica que certamente vai fazer com que muitas pessoas, homens e mulheres, se identifiquem.
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
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Amei...quem nunca?
ResponderExcluirPois é, essa crônica do Marcelino tende a provocar muita identificação da parte dos leitores do Blog.
ExcluirGrato por ler e comentar !!
Oi Luiz, quanto livros você tem para publicar? Poderia me dizer.
ResponderExcluirOlá, Maria José !
ExcluirDe fato, tenho vontade de publicar livros doravante. Mas na verdade, minha carreira artística foi toda construída na música, onde tenho 15 discos lançados, na somatória de todas as bandas por onde atuei.
Estou terminando de escrever meu primeiro livro, que é uma autobiografia contando minha trajetória na música, e que vem sendo publicado neste mesmo Blog 2, em micro capítulos, e republicados, numa formatação mais próxima de um livro tradicional, no meu Blog 3.
Mais para frente, penso em publicar sim a autobio em livro tradicional de papel.
E a seguir, penso em lançar outros livros com minhas matérias; resenhas e crônicas.
No caso desta crônica aqui publicada, ela não é de minha autoria, mas sim de meu colaborador, Marcelino Rodriguez, este sim um escritor já consagrado e com mais de 15 livros publicados.
Grato pelo interesse !!