Daí em
diante, nós tivemos mais um longo hiato em que as velhas tensões consumiram-nos
novamente. Sempre que ficávamos sem perspectivas, tal tensão crescia e o clima
azedava no interno da banda, lastimavelmente.
De minha parte, eu sou péssimo nas
relações públicas. Portanto, a minha ajuda nesse campo poderia resumir-se a
passar contatos que estava a conhecer por estar a atuar em outras bandas com
muito maior giro para tocar ao vivo, no entanto, foram contatos em sua maioria
para um circuito onde o Pedra não encaixava-se e sempre que eu sugeria alguma
coisa, era de pronto rechaçado, sob a argumentação de que tais estabelecimentos
sugeridos não apresentavam estrutura adequada para a nossa banda. Os meus interlocutores tiveram razão
em observar isso, mas infelizmente foi o que eu tive a oferecer naquele
momento.
A minha ajuda mais significativa esteve a ocorrer na internet em que já
mais familiarizado com esse universo e a atuar naquela ocasião em mais de trinta
redes sociais simultaneamente, eu fazia muita divulgação de nossa banda,
a angariar simpatias múltiplas, a agregar mais admiradores & fãs, além de eventualmente
arregimentar entrevistas, caso da entrevista que eu arrumei na Rádio CBN, graças a
esse tipo de contato, mais entrevistas em Blogs etc.
Mas eu entendia a
insatisfação generalizada, embora não concordasse com a visão que forjara-se,
a se considerar a hipótese de haver desinteresse em dar suporte à banda e o quanto a irritabilidade
gerava-se ao pensarem dessa forma.
Entendia também a sensação ruim de se trabalhar
sozinho por longos períodos (no caso do Xando), no sentido de que por nenhum
dos demais terem conhecimento mínimo de operação do equipamento, para prover a
gravação e mixagem, isso deixava-o isolado nesse trabalho, que é por natureza,
monstruosamente maçante, a subtrair-lhe horas e horas de sua vida.
Nessa
lógica, enquanto ele desgastava-se tremendamente dentro do estúdio, ao perder
semanas, meses até, e portanto a abaixar significativamente a sua qualidade de
vida, ficara a impressão de que não havia contrapartida alguma dos demais e
isso potencializara-se pelo fato de todos estarem envolvidos em trabalhos
paralelos a agravar portanto, a percepção de que havia desleixo e descaso da parte dos demais componentes.
Não entrarei no
mérito dos demais, pois aqui eu retrato a minha autobiografia e o ponto de
vista é meu, portanto, ao falar do meu caso apenas, foi desagradável para a minha percepção
que quando resolveram acabar com a banda em 2011, como eu ficaria pessoalmente doravante,
não foi levado em consideração naquela ocasião pelos colegas que tomaram tal
decisão com firmeza absoluta. Esse foi um ponto. E eu tive que aceitar a decisão e
tocar a vida para frente.
Nessa nova ocasião, a banda voltara, mas eu tive, sim, outros
trabalhos e não abriria mão deles, predisposição que deixei clara desde o
início da conversação sobre uma "volta", portanto, não poderia aceitar
isso como um ato deliberado de minha parte para prejudicar o Pedra, mas foi como
uma contingência da vida, dadas as novas circunstâncias configuradas.
Para resumir,
não foi aceitável que ninguém imputasse culpa, uns aos outros pelas
dificuldades gerenciais que a banda atravessava, mas eu entendia, valorizava e
fui solidário ao Xando na questão que já enfatizei, ou seja, pelo fato de que ele
esteve mesmo a trabalhar sozinho e alucinadamente nessa produção no tocante ao
trabalho de estúdio.
Eu nunca deixei de reconhecer isso e pelo contrário, achava
que essa sobrecarga foi injusta, opressiva e no caso dele que tinha uma
personalidade ansiosa por natureza, estava a lhe fazer um mal terrível. Por
outro lado, sendo eu e os demais, Hid & Scartezini, completamente leigos
nessa seara da gravação profissional e digital de áudio, nós nada poderíamos fazer
para auxiliá-lo.
Com a falta de apoio que tivemos do Renato Carneiro, que tão
bem trabalhou nos discos anteriores e nesse instante a estar impedido de ajudar-nos por conta de
estar o tempo todo na estrada a operar o som de uma dupla sertaneja mainstream
(Bruno & Marrone), tal contingência precipitou essa carga inteiramente sobre os
ombros de Zupo.
Uma lástima, portanto para a banda e para ele, pessoalmente. Uma
solução humana para tirar-lhe desse inferno, teria sido contratar um técnico,
mas com um caixa sempre baixo, devido à dificuldade em agendarmos shows com
regularidade sustentável, essa hipótese ficara quase inviável e houve um
componente a mais.
Exigente, e isso foi compreensível, não seria qualquer
profissional que ele aceitaria, portanto, não seria uma resolução tão fácil, mesmo
se houvessem recursos e não haviam.
Uma tentativa de resolver-se tal situação
desconfortável deu-se quando eu e Rodrigo sugerimos a participação de Kôlla
Galdez, um técnico amigo nosso, e que operara a gravação do CD ".Compacto"
da Patrulha do Espaço, em 2001.
De fato, ele foi contatado e ajudou o Xando um
pouco, ao cumprir trabalhos de automação de mixagem, todavia, isso não aliviou
muito a carga pesada sobre a qual Xando estava a ser submetido.
Portanto, eu deixo
claro mais uma vez que entendo que sob a ótica dele, houvesse uma sensação que o impelia
a nutrir muita insatisfação em relação à situação, mas a equação dessa lógica
que formulada, esteve baseada em elementos errôneos, e pior, não ajudara a
solucionar os problemas estruturais da banda.
Enfim, o clima pesou e a gravação
e finalização desse processo foi a arrastar-se, pois o Xando estava
sobrecarregado, muito cansado e a sua ansiedade natural estava a minar o seu
psicológico, ao nutrir assim, mágoa generalizada, mas também ao não levar em
consideração os problemas estruturais da nossa banda e a sua histórica
inadequação para atuarmos em um circuito fora do mainstream, entrarmos no circuito mediano
ao estilo Sesc, ou para que pudéssemos arregimentar um empresário minimamente preparado para ofertar-nos
perspectivas melhores, como fatores gritantes que amarravam essa banda,
tradicional e infelizmente.
Além disso, não levara-se em consideração que
os nossos pequenos esforços de colaboração, principalmente de parte do Rodrigo e
da minha parte, representou o melhor que poderíamos oferecer naquele instante.
Continua...
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