Quando virou para o ano de 1990, entramos enfim em uma fase com mais esperança em possíveis resgates. Dava para sentir no ar uma atmosfera diferente em relação aos anos anteriores. Ainda era, cronologicamente a falar, o último ano da década de 1980, mas ficara nítido o sinal de abrandamento daquelas trevas oitentistas, pintadas com preto e cinza. Nesse início de ano, lembro-me que arrumei um aluno no Rio de Janeiro, também. E como costumava viajar à tal cidade, quinzenalmente, ele costumava participar de uma aula dupla por quinzena.
E assim, ajudava-me a custear a despesa da viagem. Era um adolescente fanático pelo Iron Maiden e que possuía um baixo Fender Precision azul, só para acompanhar o seu ídolo daquela banda britânica, que usava tradicionalmente tal modelo. Ele achava que eu gostava do baixista de tal banda, um rapaz britânico chamado, Steve Harris, e a sua "Donzela de Ferro", mas isso nunca interessou-me, aliás, muito pelo contrário...
Nessa altura, o meu sábado tornara-se o dia mais pesado, pois começava às 8:00 h da manhã e só encerrava às 20:00 hs, sem interrupções para almoço; café e lanche. Costumava ser "um dia de cão", como diria o Al Pacino...
Foi no início de 1990, que um aluno novo foi indicado-me pelo meu amigo, José Fazano, um rapaz chamado J: osé Reis Gonçalves de Oliveira.
Momento sob descontração no camarim de um show do Pitbulls on Crack em 1993. José Reis é o rapaz a usar óculos e nessa ocasião, ele fora roadie da banda
O Zé Reis, como passei a chamá-lo, tornou-se um dos meus melhores amigos, sendo testemunha ocular de toda a trajetória do Pitbulls on Crack, a partir de 1992, além de diversas outras jornadas musicais de minha parte. A sua primeira atuação a ajudar-me como roadie, foi logo em 1990, mesmo, com a banda "Electric Funeral", tributo ao Black Sabbath, onde eu faria algumas participações, e logo depois no "Pinha's Band", pois foi ele mesmo que indicou-me como baixista ao baterista, Paolo Girardello (as duas histórias já devidamente narradas nos capítulos dos "Trabalhos Avulsos").
Nelson Binatti, em foto posterior ao momento em que foi meu aluno
Outro dessa época, início de 1990, foi o Nelson Binatti, que logo que o conheci, descobri que tratava-se de amigo do Osvaldo "Galinha", ex-baixista do Salário Mínimo, e por muitos anos, roadie do Roberto de Carvalho, marido / guitarrista da Rita Lee.
Marcos Martines em foto dos anos 2000, muitos anos depois de frequentar as minhas aulas
Outro que também tornar-se-ia amigo e testemunha de muitas jornadas, foi o Marcos Martines. Ele era um rapaz extremamente determinado. Nessa fase, culminou em ficar pouco em meus quadros. Ele saiu e voltaria a procurar-me em 1992, quando então engatou uma sequência firme de aulas e enturmar-se-ia fortemente com diversos outros alunos meus. E ao falar sobre resgates, o que eu comecei a vislumbrar muito sutilmente a partir de 1988, quando vi o clip da música "When We Was Fab", do George Harrison na TV, cresceu muito a partir de 1989.
Eu via com bons olhos o sucesso meteórico do Guns'n Roses, embora não achasse a banda grande coisa, muito por conta do seu vocalista dotado de uma voz esganiçada e presença de palco espalhafatosa. No entanto, eu também estava atento a uma certa cena de resgate da Soul Music britânica, onde artistas em voga, tais como : Terence Trent D'Arby; Seal, e Simply Red pareciam estar a trazer a velha pegada da Motown norteamericana em suas respectivas obras, ainda que a produção de estúdio dos três, contivesse ranços do Pop oitentista, ainda muito delineados. Não demoraria muito e eu conheceria enfim artistas realmente coadunados com essa questão do resgate, entre os quais : The Black Crowes e Lenny Kravitz. Foram sinais alentadores, sem dúvida e nessa altura, 1990, eu já alimentava fortemente essa vontade em querer buscar as minhas raízes, processo que só aumentou com o decorrer dos anos noventa, e a tratar-se de um fator já bem detalhado nos capítulos sobre três bandas onde eu toquei : Pitbulls on Crack; Sidharta, e Patrulha do Espaço.
Continua...
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