Realmente essa é a minha metodologia na hora de gravar um disco.
Eu tenho as minhas influências na
cabeça, e conforme identifico em uma música nova, características
que remetem-me à qualquer influência dessas, vou deixar fluir
naturalmente essa sincronicidade. Por exemplo, se identifico algo
que lembre os anos sessenta em um a determinada canção, trato por afunilar tal percepção, até chegar ao ponto de
semelhança, onde uma ou mais bandas dessa época, especificamente vem-me à minha lembrança.
Feito
isso, identificada a influência, o meu arquivo interior começa a formular
lembranças de como esse ou aquele baixista da banda, ou das bandas em
questão, tocaria; que formulações de frases usaria; qual instrumento
usaria, e finalmente o timbre empregado. Aí imprimo esse estilo, claro, com a minha personalidade e o meu jeito pessoal para tocar.
Se
a música pede um estilo, tenho tantas influências, que culmino em ter um
manancial de ideias na imaginação, e raramente erro, pois toda essa resolução
foi decorrente de uma observação da música em si, que praticamente pediu-me esse caminho. Esse é o meu método de criação.
Deixo que ela peça-me a influência que quer que eu imprima, e o seu respectivo baixo adequado pelo timbre.
Por
exemplo : se eu notar que ela tem um aspecto progressivo setentista, vou
a acionar as minhas influências. Se sob uma segunda prospecção, noto que
parece mais cerebral do que "silvestre" com raízes folk, descarto o
Rickenbacker, tanto pelo timbre do "Yes", quanto "Renaissance", duas de
tantas possibilidades em torno desse instrumento.
Praticamente centro os esforços no
Precision, e vou especificar mais. Se tiver densidade, penso mais no som
do John Wetton na época do LP "Lark's Tongues in Aspic" (King Crimson). Se for mais com
brilho de médio / agudo, vou imaginar o som do Greg Lake no ELP, ou do Bert
Ruiter do Focus... e estou a citar apenas alguns, entre centenas
de nomes ! Muitas vezes, um mesmo baixista ou banda tem diversas
nuances. Por exemplo : posso sentir uma influência Beatle, mas de que
fase ?
Se tiver característica da época do LP "Revolver" é uma coisa; "Sgt° Peppers" é outra etc. Se lembrar-me o trabalho do "Wings", é um outro Paul McCartney que vou buscar, com o
Rickenbacker usado com a chave de captador na posição do meio, a obter
um lindo médio / grave anasalado. E assim por diante, sinto que
as minhas influências representam o maior tesouro que tenho dentro da minha memória, exatamente por ter inúmeras referências.
E tem
o coração, também. Não é só o racional que trabalha, pois se não
provocar emoção, nada funciona...
As minhas fotos a tocar ao vivo com o Pedra, deste capítulo, são todas de autoria da fotógrafa, Grace Lagôa
Continua...
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 17 - Por Luiz Domingues
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