sábado, 4 de outubro de 2014

Autobiografia na Música - Sala de Aulas - Capítulo 21 - Por Luiz Domingues


Então começou uma nova Era em minha vida como professor. Com as aulas realizadas em minha residência, a comodidade por não ter que deslocar-me para outro local de trabalho, deu-me horas a mais de sono; menos stress e consequentemente, mais qualidade de vida.
Da esquerda para a direita : Roberto Garcia Morrone; eu, Luiz Domingues, e Wagner, em foto na sala de aulas do meu novo apartamento localizado na Vila Mariana, em foto de 1989 
Da esquerda para a direita : Wagner; eu, Luiz Domingues, e Cesar Cardoso, em foto de 1989

Isso sem contar a economia significativa com a despesa da locomoção e eventual alimentação. Além do fato concreto de que através de um endereço mais centralizado, aumentou em muito o quadro de alunos.

Rapidamente, eu aumentei a quantidade, para atingir uma média entre vinte e cinco e trinta, e assim ocupar todos os dias da semana, de terça a sábado. Nesses termos, eu costumava deixar a segunda-feira livre para tarefas pessoais, e viagens regulares ao Rio de Janeiro, em uma fase em que frequentei bastante aquela cidade, por questões pessoais. Claro, houve também alguns aspectos negativos. Apesar de eu ter preparado um quarto específico para tal atividade, a entrada e saída de alunos transformou-se em um transtorno para a minha família.

Com a campainha a não deixar ninguém em paz, tive todo o cuidado em ser o mais ágil possível nessas operações, a fim de minimizar o incômodo à minha família. A questão do volume do amplificador também foi controlada, visto ser um prédio de apartamentos. E também houve o aspecto das ondas de euforia geradas, quando acumulava-se muitos alunos no ambiente, e as risadas extrapolavam. Claro que foi difícil conter essa euforia juvenil, mas de uma maneira geral, eu acredito ter conseguido manter uma ordem mínima, pois nunca tive problemas com vizinhos; síndico ou zelador.

Em um ano e meio em que eu habitei aquele apartamento, nunca tive problemas com a vizinhança. A frequência continuava a ser predominantemente formada por entusiastas do Heavy-Metal oitentista, um ou outro admirador das correntes do pós-punk, e raros interessados em outras vertentes. No entanto, em 1989, começou a aparecer uma nova safra de fãs, de uma tendência típica do final da década de oitenta : os admiradores do "Gun's 'n' Roses".

Aquele riff de "Sweet Child O' Mine tocava ad nauseam nas estações de Rádio, e uma nova garotada parecia estar a entusiasmar-se com esse Hard-Rock ainda com trejeitos oitentistas, porém a insinuar-se retrô, em vários aspectos. Particularmente, mesmo não que eu não fosse nenhum entusiasta do "Guns", achava positivo essa onda "mezzo retrô" que vinha à reboque no trabalho deles, e interpretava isso como um alento em meio a tantas contrariedades sofridas na década de oitenta inteira, e nos últimos anos da de setenta, inclusive. Só fui saber da existência do Black Crowes e Lenny Kravitz, algum tempo depois, aí sim, ambos artistas empenhados no "religare" do Rock. E o Brit Pop só explodiria na metade dos anos 1990, portanto, não havia nada de bom no front inglês. E assim foram os primeiros meses dessa mudança total na minha relação com as aulas. No próximo segmento, começarei a relatar sobre o segundo semestre de 1989.


Continua...  
 

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