Luiz Domingues a gravar o primeiro disco do Pedra, no início de 2005, com Xando Zupo ao lado, por detalhe. Click de Grace Lagôa.
Digo sem medo de errar, que foram os melhores timbres de toda a minha carreira, até então. O Renato Carneiro soube extrair o melhor de meus instrumentos, amplificador e caixas. A sua experiência em operar equipamentos de P.A. gigantescos, ao vivo, deram-lhe um talento ímpar para detectar frequências, como um professor de química que conhece a tabela periódica de cor e salteada.
Os timbres de Fender, tanto o modelo Jazz Bass, quanto Precision, ficaram magníficos. Tenho muito orgulho desse disco, por vários motivos, entre os quais, o resultado em torno dos timbres dos baixos nele gravados. O Rickenbacker também ficou bom, mas um pouco aquém de sua potencialidade natural. Nesse caso, eu sei que o Renato teve de conter na mixagem, e na masterização, certas frequências excessivas e naturais dele, que chocavam-se sobretudo com o piano de faixas como : "Madalena do Rock'n Roll" e "Reflexo Inverso".
Todavia, em músicas como : "Me Chama na Hora"; "Vai Escutando", e "O Dito Popular", o timbre do Fender Precision ficou simplesmente espetacular.
O estalo típico do instrumento realçou-se de uma forma a evocar o som de baixo do Roger Waters; Glenn Hughes na época do Trapeze; John Wetton no Family; King Crimson, e Uriah Heep, e Phil Linnot do Thin Lizzy, entre tantos outros exemplos.
E o Jazz Bass ficou com um som bastante aveludado de tão macio, e absurdamente robusto em músicas como : "Sou Mais Feliz" e "Amanhã de Sonho", ao evocar as maiores tradições da Black Music, em gravações da Motown, pilotadas por músicos do calibre de : James Jamerson, e Donald "Duck" Dunn.
Cabe um interlúdio em minha narrativa para explicar ao leitor, que a minha decisão pessoal em escolher o baixo para cada música, baseia-se desde que a música nasce nos seus primeiros ensaios de composição. Vou a imaginar a vibração da música e daí, escolho uma influência que coadune-se com ela, e na minha cabeça, defino qual instrumento usar, baseado nesse sentimento que a música passa-me. Portanto, com essa metodologia, raramente erro na escolha e no caso do Pedra, tive a sorte em trabalhar com um técnico sensacional que foi / é o Renato Carneiro, e sob um aconchegante estúdio que é o Overdrive. Já gravei discos em estúdios monstruosos, mas no Overdrive, o resultado foi o melhor, graças a essa conjunção de fatores. Terminado o baixo, as próximas sessões foram as do Xando.
Continua...
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