quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 181 - Por Luiz Domingues


Com os preparativos da pré-produção em curso, estávamos animados com a perspectiva em gravarmos um novo álbum, e certamente que estávamos a apostar muito nesse segundo trabalho, por todos os motivos que já expus nesta fase da cronologia dos fatos. Porém, paralelamente, ainda vivíamos os ecos da boa onda em expansão proporcionada pelo primeiro disco, e claro que aproveitávamos cada gota que pudéssemos. Nesses termos, o próximo compromisso que tínhamos agendado, foi uma nova participação no evento : "Praça do Rock", que por sua vez, crescia, e a cada nova edição, atraía mais público e a sua infraestrutura melhorava.
Foto do Zé Luiz em ação, durante a nossa primeira participação no evento : "Praça do Rock", em agosto de 1984. Click; acervo e cortesia : Carlos Muniz Ventura

E por estar a crescer, atraía também pessoas interessadas em capitalizar o sucesso do evento, seja economicamente, seja pelo viés político. Lembro-me em ter participado, por exemplo, de uma reunião ocorrida na sede do Jornal do Cambuci & Aclimação (o simpático jornal que cobria o cotidiano desses dois bairros vizinhos, e que apoiava o evento), ao visar tomar ciência das questões a envolver a nossa participação. 
Essa foto a retratar-me, Luiz Domingues, também é da nossa primeira participação na Praça do Rock em agosto de 1984. Infelizmente, não tenho em meu acervo, fotos da segunda participação d'A Chave do Sol, em fevereiro de 1985. Click; acervo e cortesia : Carlos Muniz Ventura 

Entretanto, apesar da boa vontade das pessoas envolvidas, alguns deslizes eram inevitáveis, e nesse dia em específico, apareceu um deputado na reunião, que quis capitalizar politicamente o movimento, através do evento em si. Esse senhor chegou até a protagonizar um momento patético na reunião, ao subir, literalmente, na mesa, e improvisar um discurso inflamado, onde afirmou que as bandas de Heavy-Metal precisavam unir-se para pleitear melhores oportunidades do poder público em termos de fomento aos shows gratuitos ou outras benesses em contrapartida cultural etc. Foi muito constrangedor, primeiro porque eu normalmente sentia-me um estranho no ninho nessa história de bandas de "Heavy-Metal", e segundo, por estar a observar a manipulação política infiltrar-se em um evento que crescia espontaneamente, para miná-lo. 

Então, participamos do evento, no dia 24 de fevereiro de 1985. A estimativa da Polícia Militar, contabilizou cerca de três mil pessoas presentes naquela tarde / noite. Participaram também outro grupos, entre os quais : "Centúrias"; "Abutre" e "Gozo Metal". O nosso show foi energético e arrancou muitos aplausos da plateia, em sua maioria, formado por garotos e fãs de Heavy-Metal. Nesse aspecto, o Fran agradou em cheio a esse tipo de público, onde uma grande parcela o conhecia por sua atuação pregressa com a sua banda anterior, o "Ano Luz". O "Gozo Metal" era na verdade o "Côco Loco", com outro nome, ao constituir-se na banda liderada pelo então já bem experiente baixista, Orlando Lui (ex-Rock da Mortalha, nos anos 1970), e apesar do nome muito infeliz (aliás, ambos os nomes mostravam-se horríveis), para uma banda de Rock, tinha em seu líder, um grande batalhador. Ao ligar-se pessoalmente ao organizador oficial do evento, o também baixista, Dalam Junior, tornou-se um coprodutor associado, e daí em diante, trabalhou forte para tornar o evento, cada vez maior. Falo sobre tal assunto mais para frente, quando de uma terceira participação d'A Chave do Sol no evento. E nem só em constrangimentos a reunião na sede do jornal foi pródiga. Pelo contrário, nesse mesmo dia, conhecemos outro personagem que prometera ser importante para o métier do Rock pesado paulistano.

Continua...

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