sábado, 4 de outubro de 2014

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 39 - Por Luiz Domingues

E assim, com esse esforço todo concretizado em meu telefone residencial, e no do Jason, igualmente, passamos a figurar durante meses no "top 10" da emissora, todo dia. E muitas vezes, vencemos como a mais pedida do dia, com direito a reexecução ao final do programa, e mais execuções ao longo do dia. A seguir, falarei sobre o patrocínio de merchandising que foi-nos oferecido, e como só eu tive o propósito em colaborar com o patrocinador, ao sacrificar-me em alguns shows para honrar o compromisso firmado...
A história desse patrocínio foi mais um contato aberto pelo nosso baterista, Juan Pastor. A verdade é que paralelo ao crescimento da banda, ele também ascendia na sua carreira como radialista e isso auxiliou-nos em demasia pela enxurada de contatos que ele conseguia estabelecer. Quando o Pitbulls on Crack começou, em janeiro de 1992, ele era estagiário na emissora, e ainda concluía o seu curso na Faculdade. Mas nesta altura de 1994, havia crescido na empresa, e já era figura-chave na engrenagem da rádio, com colaboração nos textos; programação, e locução. Dessa forma, tornou-se também muito assediado por artistas e aspirantes a; mais produtores; jornalistas, divulgadores de gravadoras etc. Em um desses contatos, ele conheceu um rapaz que possuía uma confecção especializada em moda ao estilo surf / streetwear, e que ofereceu-lhe patrocínio para o Pitbulls on Crack. Foi acordada uma quantidade razoável de camisetas por mês, em troca de ações de merchandising simples de nossa parte, tais como : o nome da empresa exposto em cartazes e filipetas, e que usássemos nos shows, as suas camisetas e / ou bonés, a exibir a logomarca deles. Um acordo simples, portanto, sem sacrifícios maiores. Evidentemente que aceitamos. Não houve contrato assinado, apenas um acordo verbal. Então recebemos o primeiro lote de camisetas. Uma peça dessas era simples, a conter o logotipo do Pitbulls on Crack, mais a figura do cão pitbull que usávamos no cenário, e na parte de trás, a logomarca da empresa. O grande problema, foi que no momento em usarmos as camisetas com a marca deles, que eram as mais gritantes em termos de propaganda,  nos shows, ninguém quis usar, pois eram espalhafatosas demais ! Como resultado, apenas eu, Luiz Domingues, passei a usá-la regularmente para honrar o compromisso. Era uma camiseta preta, com letras garrafais em laranja. 

Nessas fotos informais, clicadas pelo presidente do fã-clube, Jason Machado, por ocasião de um ensaio da banda no estúdio Spectrum, em 1994, dá para ver o Chris Skepis a usar uma camiseta que o patrocinador fez para nós, e eu, Luiz Domingues, a usar a outra, de cor preta, com a sua espalhafatosa logomarca...

Quem conhece-me bem, sabe que raramente, para não dizer nunca, uso camisetas. E se tiver que usar, jamais seria preta, e ainda mais com aquela logomarca a "gritar" e evocar a subcultura  "Streetwear", algo que eu abomino. O meu sacrifício ocorreu em poucos shows, por que a confecção entrou em crise interna e ficou impossibilitada em fornecer-nos mais camisetas... e nesse caso, não eu não soube avaliar se alegrava-me ou chorava...

Ainda em abril de 1994, tocamos em uma casa noturna com excelente infraestrutura, chamada : "Columbia", localizada na Rua Estados Unidos nos Jardins, bairro elegante da zona sul de São Paulo, e que ficava ao lado da delegacia de polícia do bairro, a famosa 78ª DP, notória por invariavelmente deter playboys milionários que aprontam pelas ruas do bairro, e pelo vai-e-vem de carros importados com os respectivos papais ricos, e os seus advogados caros a visitar a delegacia para relaxar a prisão de seus pimpolhos mal educados.

Na mesma edição do "Jornal da Tarde", um tijolo pago pela gravadora para anunciar o show na casa "Columbia", e nota a mencionar sobre o evento do Ginásio do Ibirapuera, onde participaríamos, no dia seguinte.

Esse show foi bem energético, com um público em torno de quatrocentas pessoas, e a participação também das bandas : "Anjos dos Becos" e "Não Religião".

Isso ocorreu em uma sexta-feira (23), mas no sábado, nós iríamos participar de um Festival mediante grande porte, patrocinado pelo Fundo de Solidariedade do Governo do Estado de São Paulo, que foi realizado no Ginásio do Ibirapuera.

Foi uma grande oportunidade para aparecer perante um grande público, e para tocar ao lado de diversas bandas consagradas. Isso além de aproveitar a exposição em uma mídia de grande porte, pois o governo investiu pesado em divulgação e dessa forma, o nosso nome esteve estampado em milhares de cartazes e filipetas espalhadas pela cidade de São Paulo, além de maciça propaganda em várias emissoras de rádio; TV e com matérias publicadas nos principais jornais.

O objetivo fora angariar agasalhos e cobertores para ajudar pessoas carentes e dessa forma, essa foi a forma pela qual as pessoas obtiveram ingressos, ao doar agasalhos. Animados pelo momento bom que estávamos por atravessar com a nossa música de trabalho a estourar na 89 FM, além de um clip a ser exibido com constãncia na MTV, o fato foi que participarmos de um show desse porte com grande exposição midiática, fez com que eu, particularmente, estivesse a projetar que o Pitbulls on Crack, estivesse quase a chegar em um momento propício para que uma porta grande, enfim abrisse-se para a banda. Pois assim quando chegou o sábado e ainda por cima animados pelo bom show que concluíramos durante a noite anterior no "Columbia", fomos confiantes ao Ginásio do Ibirapuera.
Continua...

2 comentários:

  1. Esse foi o segundo show que vi de voces, antes de "entrar" para trupe.
    E detalhe, nessa ocasião fui para ver exclusivamente VCS.

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    1. Mas que sorte a nossa em termos tido um chefe de fã clube tão entusiasmado, que muito lutou para que a banda alcançasse o êxito !

      Grato por tudo, amigo Jason !!

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