Eram amigos recentes, ou pensavam que eram.
--- Se a gente namorar um dia, você anda de mãos dadas comigo?
--- Ando - ela respondeu.
Aqueles dias foram intensos para ambos, com aproximações e afastamentos, conversas filosóficas varando a madrugada e Bob tendo a cada dia que passava, mais taquicardia.
Havia de tudo entre os dois: poesia e palavrões. Os dois universos se chocavam como num bing bang pós moderno de bolas de natal.
Era uma invasão de vida que entrava em ambos, os subjugando.
Ele na casa dela com a camisinha escondida no bolso direito, cheio de intenções. Ficou inibido além da conta. Ela se divertia.
-- Você pensou que ia chegar aqui e passar por todas as posições sexuais imagináveis?
Ele assentiu com a cabeça, resignado. Pego de surpresa como um menino com a mão na bandeja de doces.
Estava escrito, todavia, que havia amor entre eles, e essa era toda a confusão que havia.
Depois de muitos desencontros tragicômicos, com ela dizendo que ele tinha que amarrar uma pedra nos pés para não sair voando, acabaram se achando de línguas e de corpos, porque as almas já se haviam encontrado desde o primeiro instante. Desceram para a rua e agora estavam juntos de todo jeito.
-- Você lembra o que havia me pedido? -- Ela disse.
-- Não. Não me lembro. Sei lá. Tanta coisa.
-- Tem certeza que não lembra?
-- Não, o que é?
-- Me dá sua mão -- pediu ela.
E Bob, nesse momento, encaixou todas as peças de sol e de sombra do cosmos, além de ter descoberto a palavra mais linda da língua : namorada.
Escritor de vasta e consagrada obra, aqui nos brinda com uma crônica forte, enfocando o relacionamento homem/mulher, suas idas e vindas e a difícil compreensão mútua.
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