sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 27 - Por Luiz Domingues

Com a nossa participação na gravação do álbum (a conter as nossas duas músicas), encerrada, o nosso próximo show só foi ocorrer em setembro. Foi um evento com apoio da Rádio 89 FM e a marcar a inauguração de uma nova casa de shows, com aparente boa estrutura, denominada : "Rádio Show", em 16 de setembro de 1993. Ficava localizada na Rua Turiaçu, no bairro das Perdizes, zona oeste de São Paulo. Foi na verdade, o aproveitamento de um antigo cinema do bairro. repaginado como casa de shows. Infelizmente esse Rádio Show não durou muito, e logo tornou-se uma cafona casa de shows sertanejos, e logo a seguir, Igreja Evangélica, até os dias atuais (2014).

Mas com o apoio da Rádio 89 FM, o show de inauguração foi bom, com o "Pitbulls on Crack"; "Exort"; "Rip Monsters" e "Anjos dos Becos", como atrações. E no final, ainda teve uma jam com alguns músicos, eu incluso, a tocarmos três músicas do Black Sabbath, junto à banda cover, Eletric Funeral, liderada por Hélcio Aguirra e Vitão Bonesso.


Cerca de quinhentas pessoas estiveram presentes naquela noite. O som estava mais ou menos, e a luz mostrou-se razoável, apesar dessas fotos que ilustram o capítulo, estarem bem escuras. A casa prometia ser um espaço interessante para shows de Rock underground. Uma pena não ter existido por muito tempo.


 
Infelizmente, o embalo bom que tivemos em 1992, não repetiu-se em 1993, em termos de shows. Daí desse show de setembro, só fomos tocar novamente em novembro.

Foi também um show com grande porte, mediante o apoio da Rádio 89 FM, e realizado em um teatro bem estruturado.

Aconteceu no dia 24 de novembro de 1993, no Teatro Mars, localizado no bairro da Bela Vista, popular Bexiga, no centro de São Paulo. Antes de falar do show, existe um fato curioso para ser relatado.


Cometemos uma gafe ridícula no camarim do show que realizamos no Teatro Mars. Não fui o culpado dessa situação constrangedora, mas estive envolvido involuntariamente no mal-estar gerado...

Foi o seguinte : a caminho do Teatro, no meu carro, estavam como meus acompanhantes, dois roadies que trabalhariam conosco naquele show. Quando estávamos a transitar pela Rua Rui Barbosa, ou seja, muito próximo da localização do Teatro Mars, os rapazes viram algumas garotas bem produzidas, e que obviamente estavam a caminhar em direção ao Teatro.

O locutor da 89 FM, Tatola, a entrevistar-me entre as músicas que tocamos

Sem que eu pudesse evitar a pilhéria, ambos colocaram as suas cabeças para fora do carro e gritaram alguns "elogios" machistas para elas, que reagiram a mostrar-lhes os dedos. Meus passageiros esborracharam-se de rir pelo ato cometido, e quando já estávamos no camarim, veio o mal-estar...

Uma das moças que haviam incomodado na rua, era a namorada do baixista do Rip Monsters e as demais, suas amigas (e se não engano-me, havia uma irmã ou prima dele, entre elas)...
E mais uma : nesse show, usamos pela primeira vez o nosso novo cenário, um imenso painel com a figura de um cão Pitbull furioso, a babar com raiva. Pois bem, fora a ideia explícita no nome da banda, no entanto, mais parecia adequado para uma banda orientada pelo Heavy-Metal ou Punk-Rock. Esse cenário não foi usado muitas vezes. Mostrava-se grande e trabalhoso para ser instalado e só cabia mesmo em locais com grande porte, a conter uma estrutura cenotécnica, para que ele fosse adequadamente içado.

Desta feita, Fábio Massari, o outro locutor da emissora, a entrevistar o Chris Skepis. Deca no canto direito, e eu, Luiz Domingues, com o meu Fender Jazz Bass, ao fundo...

Foi o show de lançamento da coletânea, com a presença das cinco bandas, e o Golpe de Estado como convidado especial. O show foi transmitido ao vivo pela rádio 89 FM, e os locutores, Tatola e Fábio Massari foram os apresentadores do evento.

Matéria da Folha de São Paulo a especular sobre a cena de 1993, e as bandas emergentes, incluso a nossa. Incrível como o nome da banda mostra-se inadequado, e o jornalista, desinformado em contraponto. "uma das bandas mais violentas do Rock Brasileiro"... é risível, no mínimo...

O teatro tinha um porte pequeno, mas lotou completamente, com seus duzentos lugares, tomados. O show foi bom, energético, e em clima de euforia, motivado através de um público muito jovem e frenético, que gritou o show inteiro, como se adorasse-nos, mas tal manifestação fora mais pelo frenesi do evento, a justificar tal euforia desmedida.


Continua...

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