1) Tatuagem - Nº 31 - outubro 2003
"Novo trabalho de uma das mais importantes bandas do Rock nacional. O Patrulha está na ativa desde o anos setenta. Já passou por várias formações, mas continua fazendo um som de primeira. Escute este CD e comprove".
Uma resenha superficial ao extremo, aliás nem dá para classificá-la dessa forma, mais a se parecer com uma simples nota sobre o lançamento do disco. Contudo, não dá para reclamar, pois apesar disso, foi positiva na abordagem e toda publicidade sempre foi válida, naturalmente, mesmo em uma revista não muito a ver conosco, pois era focada no universo das tatuagens, tatuadores & tatuados. Para quem pensa que esse universo é "Rock'n' Roll", há um ledo engano na interpretação, mas não cabe aqui tecer explicações sobre tal.
2) Rock Press - Nº 56 - setembro 2003
"O novo CD da decana banda Heavy Rock and Roll, apesar de ter sido nomeado e de vir embalado com capa de compacto, é um CD mesmo que cai de cabeça no som dos anos 70, aquele estilo que vai desde o Terço, até Triumvirat (só que com guitarra), até a velha reverência ao Led Zeppelin. A banda toca muito bem, mas o excesso de veneração ao passado, tanto em termos líricos (letras falando de minerais...), como nos clichês usados exaustivamente, nas composições, acrescida de uma sonoridade de ensaio, que não condiz com o conteúdo "progressivo"), dá uma soma com um som meio "passado" demais. O excesso de clichês soa, como diremos, excessivo. Apesar de tudo, "Nem Tudo é Razão" é uma boa composição".
CL
Bem, como eu já afirmei anteriormente, não tenho nenhum tipo de conflito para receber uma crítica desfavorável, desde que ela seja isenta, não se apoie em idiossincrasia e/ou preconceitos, tenha argumentação farta e plausível, e acima de tudo, apresente uma clara intenção construtiva em sua formatação.
Não foi o caso desse rapaz, cujo nome não consigo identificar nessa sigla, "CL".
Vamos aos fatos para que eu possa demonstrar o meu desagrado com as colocações que ele teceu sobre o nosso trabalho:
1) Ele já começou mal ao usar o termo "decano". Sim, éramos uma banda que já ostentava longa carreira naquela altura do campeonato, mas o termo usado em questão foi colocado sem nenhuma outra intenção a não ser depreciar-nos e a desnudar o comprometimento do resenhista com um preconceito descabido e que só me faz deduzir que esse rapaz era um entusiasta de artistas oriundos da estética do Pós -Punk, e naquela ocasião em específico, quem estava em voga, foram seus derivados, os fraquíssimos "indies", ou se foi um adepto do Heavy-Metal, e portanto, obcecado por estabelecer limites para os artistas, com um carimbo em mãos sempre prestes a ser usado, com o dizer "datado", a demarcar o que é "hype" do que deixou de ser "hype", sem ater-se à qualidade musical em si, mas a fazer uso desse conceito como um critério efêmero, a confiar no mero o piscar de olhos.
2) De onde tirou a ideia de que éramos uma banda "Heavy?" Faltou-lhe preparo, estudo, cultura musical mais avantajada e claro, vontade de pesquisar, antes de escrever. O brasileiro padrão é mesmo "macunaímico" por excelência, Mário de Andrade tinha razão.
3) Tudo bem não ter achado a ideia da embalagem, criativa, tampouco ter percebido a sutileza tríplice do nome do álbum, mas do jeito que descreveu tais nuances, creio que ficou chato para ele mesmo a desnudar a sua falta de percepção generalizada.
4) Quer dizer que o "som dos anos 70 é algo entre o Terço e o Triumvirat, e no máximo o Led Zeppelin?" Só isso ? É o tal negócio, eu não vivi os anos cinquenta, mas tenho plena consciência que naquela década aconteceram inúmeras nuances importantes e muitos artistas surgiram. Os anos cinquenta não foram "algo entre o Elvis Presley e o Chuck Berry"... ou seja, estudar é bom, mas esse rapaz definitivamente não gostava de fazer a sua "lição de casa"...
5) "Letras falando em minerais"... ora, aceito sem problema que não tenha gostado do teor dessa, e de outras letras do disco, mas tenha dó, garoto... foram citações de ruas do bairro onde a maioria dos componentes da banda residiam, apenas isso, uma homenagem. Citar isso é quase como malhar o Adoniran Barbosa, que nomeou bairros de São Paulo em suas canções, ou o Tim Maia por enaltecer as praias do Rio, do Leme ao Pontal...
6) Aceito humildemente a ideia de que esse disco deixa a desejar no quesito áudio/qualidade de gravação, e nos capítulos da minha autobiografia concernentes à sua gravação e finalização, expliquei com detalhes os motivos pelos quais ele não pode ter ficado melhor.
Todavia, não aceito a insinuação maldosa e fora de propósito de que a execução da banda tenha sido ruim, como o rapaz escreveu, a desdenhar até, de uma forma bastante deselegante, e pior, mentirosa.
Primeiro, a performance da banda ou de qualquer um de nós instrumentistas, individualmente, é de alto nível nessa gravação, e a despeito das deficiências de áudio, alheias à nossa vontade, que em nada desabona-nos como músicos. Isso é uma observação que faço não com soberba, prepotência, ou presunção, mas sendo um analista crítico e testemunha ocular e participante do processo de gravação. Fora a incoerência do autor da resenha, que linhas abaixo afirmou que nós "tocávamos bem". Afinal, tocávamos bem, sim ou não em sua percepção ginasiana?
Segundo, entre tantas críticas que recebemos, essa foi a única onde um disparate desses foi escrito. Críticos renomados e consagrados no jornalismo musical, registraram opinião frontalmente oposta à dessa rapaz, portanto, não tinha nenhum cabimento sustentar essa tese estapafúrdia.
"Sonoridade de ensaio que não condiz com o conteúdo progressivo" foi de uma infelicidade atroz. Se achou divertido escrever isso em tom de corrosão intencional e maldosa, errou feio, e pelo contrário, atirou no seu pezinho "indie' ou "metaleiro", quem sabe o que esse provocador gostava de ouvir no seu "headphone?"
E mais uma: as aspas na palavra "progressivo" desmascararam o preconceito do rapaz. Creio que seja desnecessário explicar o por que disso.
7) "O excesso de clichês soa, como diremos, excessivo. Apesar disso tudo, "Nem Tudo é Razão" é uma boa canção".
Ora, tínhamos ali um redator de humor em potencial!
Deve ter se achado um "gênio" por cunhar essa frase de efeito, a usar o pleonasmo para nos satirizar, mas nada como um dia após o outro.
O que dizer? A sua resenha é um clichê que copiou de algum ídolo seu da revista Bizz, mais preocupado em se mostrar "brilhante" na fina ironia "Oscarwildeana", do que analisar uma obra artística com isenção. Uma pena que existam jornalistas ou simulacros de, a abundar as redações de órgãos difusores culturais, com essa mentalidade destrutiva.
Há maneiras dignas de se escrever sobre pontos negativos de uma obra, isso eu aceito. Agora, crítica injusta, baseada em preconceitos idiotas e odiosos, aí eu realmente não posso dar crédito.
Tomara que esse rapaz tenha crescido na carreira e adotado doravante uma postura mais profissional e preparada para resenhar discos, por que isso aí que ele assinou em 2003, foi vergonhoso para ele mesmo.
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