quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 279 - Por Luiz Domingues

Disco gravado, missão na área 13 cumprida. De volta à São Paulo, não tivemos mais compromissos para os últimos dias de 2003. Hora de fazer um balanço final desse ano que se encerrava.  
2003 foi o ano em que finalmente concluímos o projeto de lançarmos um novo álbum de nossa formação. Talvez tenha sido o grande feito desse ano para a banda, pois além de ter sido um ponto de honra desengavetar esse projeto que fora tão sofrido para se concretizar, significou a consolidação de nossa formação.  
Não que o CD Chronophagia não fosse marcante o suficiente para demarcar isso na história da banda, mas com um segundo disco, creio que tornou irrefutável o argumento de que nossa formação tornara-se histórica na trajetória da banda, a marcar presença lado a lado com a fase inicial com Arnaldo Baptista e igualmente com a fase de ouro do trio formado por Junior-Serginho-Dudu.

Portanto, foi motivo de orgulho, certamente.

Mas por outro lado, tivemos um ano mais difícil no tocante à agenda. Fizemos muito menos shows do que em 2002, isso foi um fato e também se instaurou um desgaste natural interno, que toda banda atravessa, mais cedo ou mais tarde.
Marcello e Rodrigo já não demonstravam aquela vontade inicial que ainda trazia no bojo a sua extrema juventude dos tempos do Sidharta. 

E já não havia aquela firmeza toda em torno dos ideais aquarianos que norteara a euforia inicial de 1999 e 2000, e claro, o cotidiano e os problemas prementes de se viver o tempo todo a pensar em viabilizar receitas, e lidar com problemas nem sempre ligados à música, forjaram aborrecimentos múltiplos.

Cuidar da manutenção de um ônibus não é nada agradável, e toda vez que eu me vi a lidar com borracheiros, mecânicos & afins, para tratar de assuntos que detesto, pensava que a música passava ao largo, a arte se tornara uma miragem, e o Rock, um sonho distante e apenas forjado no celuloide dos filmes que eu havia assistido no Cine Bijou, nos anos setenta...  
Um alento seria esse novo disco, e a esperança por dias melhores, com mais oportunidades, portanto, quem saberia afirmar?
Não podíamos nos queixar da mídia especializada impressa que nos tratava com reverência, é bem verdade, e de forma surpreendente,  até com algumas ocasiões em que a mídia mainstream notou nossa presença. Mas no frigir dos ovos, era pouco diante de nossas necessidades mais básicas.


Sem empresário e a contar com os esforços do próprio Junior, que se desgastava tremendamente em arquitetar turnês, foi louvável que tenhamos tocado tanto entre o final de 2001 e meados de 2003, mas agora estávamos a viver um período de seca de oportunidades, e isso gerou tensões múltiplas. 

Houve uma esperança em torno do novo disco, mas ao mesmo tempo, o desgaste estava grande e foi assim que encerramos 2003, com uma certa esperança de um 2004 a se revelar melhor para nós, mas ao mesmo tempo, estávamos cansados das dificuldades externas que nos tolhiam em nossos planos de expansão...

Continua...

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