Cansados, mas animados com a perspectiva do retiro místico, ufológico e Rocker, chegamos em São José do Rio Preto-SP por volta das 7:00 horas da manhã.
O nosso ônibus estacionou na beira de uma lanchonete famosa, dessas de franquias de marcas internacionais, bem na entrada da cidade e ali já avistamos um carro de onde desceram Junior Muelas e outros amigos, que nos aguardavam para nos guiar até o perímetro suburbano da cidade, rumo à chácara onde estava instalado o estúdio.
O seu nome, evocava um significado bem mais terreno, mas no nosso imaginário, ganhou ares ufológicos: "Área 13".
A intenção de seus proprietários ao lhe dar tal denominação, foi fazer alusão ao código telefônico da cidade de São José do Rio Preto-SP, mas ao usar a palavra "área", fatalmente despertou para nós e para muita gente, a ideia de uma área secreta mantida por militares e destinada ao estudo de fenômenos extraterrestres, a suscitar um caldeirão enorme de especulações, teoria da conspiração etc.
Somou-se ao fato de que a nossa banda ostentava a tradição de ser próxima das motivações ufológicas, a começar pelo próprio nome que ostentávamos, e então, foi claro que pareceu ser uma feliz coincidência a reforçar tais conceitos.
Quando chegamos ao local, apreciamos a visão da construção onde ficava o estúdio. Com aspecto de um templo místico, parecia uma loja maçônica, templo Rosa Cruz ou similar do gênero.
Uma boa explicação para sua aparência bem cuidada residia no fato de que um dos seus proprietários, Fabio Poles, era arquiteto de ofício, além de músico, portanto, fora o responsável pela concepção daquela construção.
Sonolentos pela longa viagem, o acúmulo de três dias na estrada e com direito a dois shows, descarregamos o equipamento e ao adentrarmos o estúdio, verificamos que as instalações estavam ótimas. A sala de gravação se mostrou ampla, e a técnica, igualmente, tudo com acabamento de primeira linha e a cheirar a tinta.
Não seríamos os primeiros artistas a gravar ali, mas o estúdio estava ainda com astral de recém inaugurado, com uma sensação de conforto aconchegante, limpeza extrema e com isso, a atmosfera ali se provou excepcional para se concentrar na gravação de uma obra artística para se perpetuar. O segundo proprietário era um velho conhecido nosso: Alberto Sabella.
Alberto Sabella em ação em um show da "Estação da Luz", alguns anos depois
Muito amigo do Junior Muelas, Sabella gravitava em torno do "Hare", banda que o Muelas tinha, e que chegou a integrar, em uma formação recente, ao ocupar a vaga de baixista. Mas na verdade, ele era multi-instrumentista, pois tocava bem bateria, mas de fato, a sua especialidade eram os teclados.
Piloto de tecladeiras setentistas, não só era/é exímio tecladista, como apaixonado por timbres vintage e colecionador, tinha vários teclados retrô de porte em seu acervo pessoal. Alguns anos depois, Sabella seria o tecladista da excelente banda "A Estação da Luz", junto a Junior Muelas. Sabella seria um dos técnicos na nossa gravação.
O outro sócio, também músico (guitarrista e baixista com militância em bandas de Heavy-Metal), se chamava: Gustavo Vasquez. Muito comunicativo e extrovertido, este bom técnico estabeleceu amizade instantânea conosco.
Gustavo Vasquez, em foto bem mais atual
Apresentados ao estúdio, ficamos com a melhor impressão possível. Não apenas pelas instalações físicas, mas todo o equipamento disponível era de alto padrão, com mesa de qualidade, microfones de gabarito, e paramétricos modernos.
Este seria o primeiro álbum da Patrulha do Espaço gravado em sistema digital, visto que no anterior, ".ComPacto", apenas no processo de mixagem e masterização houvera sido dessa forma. Mas com todo o processo sendo digital, incluso a captura inicial de gravação, seria a primeira experiência e não só da banda, como para todos os componentes da banda, individualmente a se falar.
Fomos então conhecer o sítio em si, e a casa rústica onde hospedar-nos-íamos, naquelas duas próximas semanas.
Foto acima: acervo de Junior Muelas. Patrulha do Espaço ao Vivo em Mirassol-SP, dezembro/2001
Continua...
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