segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 263 - Por Luiz Domingues


Entre julho e setembro de 2003, matérias, entrevistas e resenhas do novo álbum e sobre shows, foram publicadas em várias revistas. Eis algumas delas a revelar o seu teor, e os respectivos comentários de minha parte em adendo.
  
1) Dynamite  - Nº 66  -  Julho 2003

"São Paulo City, é a velha história, primeira frase do novo álbum desse veteraníssimo grupo paulistano, aplica-se também ao próprio Patrulha, só que no melhor sentido. 

Sempre foi fiel ao Hard Rock desde seu surgimento nos idos de 1976, o Patrulha nem sempre conseguiu traduzir em gravações seu grande potencial, prejudicado às vezes por uma produção abaixo da merecida, outras por uso excessivo de clichês do estilo. 

Mas o melhor disco do grupo talvez seja esse novo. 

Sonoridade, execução, melodias e arranjos, tudo foi bem cuidado e merece atenção. 

A embalagem, imitando um velho e bom compacto de vinil (e motivando o trocadilho do título que une o passado ao presente), é apenas um detalhe a mais".

AMJ

Bem, não sei exatamente quem foi o resenhista, pois não decifrei o significado das suas iniciais. Mas digo que apreciei a sinceridade e não tenho nenhum problema em absorver uma crítica não muito favorável, desde que seja plausível, com argumentação fidedigna e cunhada no espírito construtivo. E foi exatamente o que esse rapaz fez ao elaborar a sua crítica.

De fato, a carreira da Patrulha do Espaço foi permeada pelas dificuldades em todos os sentidos e no quesito, gravações de álbuns, isso foi gritante e estigmatizou-a com certeza. Nesse caso, o jornalista teve razão e não cabe relevar sobre as dificuldades da banda em não possuir recursos para gravar em condições melhores etc.

Sobre abusar de clichês, e este ".Com Pacto" ser o melhor álbum, é opinião pessoal dele, e não cabe contra argumentação. Cabe correção no entanto, a data por ele mencionada como a da fundação da banda, mas se tratou de um mero lapso, sem problemas. Foi em 1977, e não 1976.
 
2) MTV - Nº 28 - Agosto 2003

"Nos anos 70, a banda acompanhou o mestre Arnaldo Baptista e depois alçou um brilhante voo solo. Aqui, eles continuam com uma nova formação comandada pelo batera Junior".

Não está assinada, mas eu tenho a quase certeza de que é obra do jornalista Daniel Vaughan, o único dentro daquela redação que se dignaria a escrever sobre uma banda não comprometida com a estética do Pós-Punk e a de seus bisnetos dos anos 2000, os indefectíveis "indies" ...

Bem, sem espaço para uma análise como ele certamente gostaria de escrever, aqui ele fez uma breve nota, ao estilo "twitter", com poucos caracteres. Mas louvo a sua extrema boa vontade em sempre cavar espaços para nós, tanto na revista, quanto na MTV, propriamente dita.
 

3) Comando Rock - N° 1 - Agosto 2003

Nessa entrevista com o Junior, nenhuma pergunta fora do esperado foi feita pela jornalista Luiza de Carvalho, mas não posso deixar de achar curioso que seja uma rara entrevista onde a minha pessoa em específica, tenha sido ignorada. Não se trata de reclamação, isso nem me aborreceu na época e muito menos hoje em dia, 2015, quando escrevo este trecho, porém, achei inusitado esse fato, pois a moça simplesmente não me citou, ao falar sobre o Junior, Rodrigo e Marcello, apenas como membros da banda.
4) Roadie Crew  -  Nº 5 - Julho 2003

 "Se você quer saber um pouco sobre o desenvolvimento do Rock no Brasil, pode começar escutando as bandas Patrulha do Espaço e Made in Brazil.

Como aqui se trata de um novo lançamento do Patrulha, vamos ao que interessa. 

A banda foi fundada em meados de 1977 por Arnaldo Dias Baptista ( Mutantes ) e, além de outros fatos marcantes, fez abertura para o Van Halen no Brasil, em 1983. 

Após a saída de Arnaldo Baptista, o Patrulha do Espaço teve como figura central o mestre e baterista Rolando Castello Junior (Made in Brazil; Aeroblues; Inox, e El Tri), e atualmente com Junior, Luiz Domingues no baixo e vocal (Ex-A Chave do Sol; Pitbulls on Crack e Língua de Trapo); e os jovens Rodrigo Hid (guitarra; vocal, piano; Hammond e Moog) e Marcello Schevano (guitarra; vocal, Hammond;piano e flauta).

.ComPacto mostra um Rock and Roll bem forte (a la Jimi Hendrix, Cream, The Who, James Gang, Grand Funk), com guitarras distorcidas, toques do Rock Progressivo e uma série de improvisos de Jazz, notadamente pelas partes criativas de mini solos de bateria do mestre Junior. Mas não é só.

O som ainda traz guitarras suingadas, solos com muito feeling, um baixo pra lá de preciso e versátil, e vocais bem encaixados, cheios de dobras e coros.

Outra coisa bem interessante na produção do material, é que a capa e o encarte apresentam um trabalho gráfico que reproduz com fidelidade um compacto de vinil como era costumeiro nos anos 70. 

Faixas em destaque : Sendas Astrais, São Paulo City, Terra de Minerais e Tooginger (solo de bateria do Junior, em homenagem ao inglês Edward Baker, "Ginger Baker").

Se quer ter a chance de ter em mãos mais um mais um registro da histórica Patrulha do Espaço, confira" !

Nota 8.0

Ricardo Batalha

Bem, Ricardo Batalha escreveu uma boa resenha, a observar vários detalhes interessantes e pertinentes, não tenho dúvida e isso foi louvável, pois é bem sabido no meio musical que a sua predileção pessoal, e também da revista que representava era o Heavy-Metal, portanto, foi bem respeitoso ele ter essa deferência para conosco.

Discordo da sua percepção de haver o elemento "jazz" no nosso som, que realmente não havia, mas foi o tal negócio: questão de referência pessoal do resenhista e onde ele define como "jazz", talvez na minha percepção, ou de outra pessoa, soe como uma outra influência.

Achei que ele perdeu tempo em acrescentar dados sobre a história da banda nos primeiros parágrafos e poderia ter usado tal espaço na lauda para falar mais do disco, mas também o entendo, pois deve ter julgado importante situar o leitor padrão daquela publicação, visto ser um público em 99% formado por adolescentes e apreciadores de Heavy-Metal, portanto, sem muita noção do história do Rock.
        

5) Revista Poeira Zine  -  Nº 2 - Agosto / Setembro 2003

"Qual será o segredo do bom gosto ? Por que será que tantos buscam, mas só alguns conseguem colocá-lo em prática ?

Bom, a Patrulha do Espaço com certeza possui essa genial receita de se executar o bom gosto, e exemplos não faltam nesse novo CD da banda.

A surpresa já começa pela embalagem, uma autêntica réplica daqueles maravilhosos dos anos 60 e 70. Os timbres são um oásis sonoro em pleno ano de 2003, mostrando que a galera estudou muito a sonoridade setentista.

Outro ponto favorável é a curta duração do CD (27 minutos), o que com certeza acaba fazendo com que o ouvinte ouça o disco repetidamente, assimilando de forma muito mais prazerosa todas as faixas.

Para sentir o drama, o disco abre com "São Paulo City", uma espécie de "Mississipi Queen", moderna, com riffs mastodônticos e bateria avassaladora, cortesia do mestra Rolando Castello Junior.

Em "Sendas Astrais", a bateria parece que dita a melodia da música, e de quebra, a faixa ainda traz um órgão Hammond e um Moog, criando um  clima todo especial.

"Nem Tudo é Razão" tem como destaque a grande atuação de Rodrigo Hid.

"Terra de Minerais" (a minha preferida), mescla distintas influências, que vão de "Yes" até "Allman Brothers", com o mérito de soar Patrulha pra caramba !

Também são muito dignas de notas as atuações de Luiz Domingues no baixo, e de Marcello Schevano na guitarra, teclados e também vocal.

Mesclando essas maravilhosas influências e ainda por cima demonstrando muita personalidade, a Patrulha lança mais um de seus melhores trabalhos".

Bento Araújo   

Bom, aqui é difícil até comentar uma resenha feita por um dos jornalistas mais preparados e especialistas em Rock vintage. Bento Araújo sempre foi conhecedor da matéria e eu não tenho nada para acrescentar, a não ser duas observações preciosistas de minha parte, mas que em nada desabona a qualidade da resenha excelente que ele publicou na sua revista. 

Primeiro, acho que ele falou de brincadeira e com a mais bela intenção de nos enaltecer, é claro, mas os timbres em questão, não foram objeto de estudo, mas foram fruto da nossa sonoridade natural.
E veja leitor, que pelo que já descrevi dessa produção em si, foi um milagre dos Deuses do Rock e do técnico Kôlla Galdez, que tenhamos chegado nesse resultado, diante das adversidades que tivemos e estas foram múltiplas. 

Segundo ponto, em "Terra de Minerais", ele enxergou influência do "Yes" e "Allman Brothers". Duas bandas maravilhosas que exerciam enorme influência sobre todos nós, mas nesse caso em específico, creio que o "Focus" e o "The Who" tiveram mais a ver como inspiração.

Continua...

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