quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 101 - Por Luiz Domingues

Bem, faltou falar sobre a música: "Nossos Dias". O amigo Osmar "Osmi" Santos Junior (nada a ver com o locutor esportivo), abordou-nos certa feita e disse-nos que tinha composto uma canção que poderia soar bem mediante uma interpretação elétrica do Pedra. 
Em uma visita à emissora Brasil 2000 FM, o Pedra a confraternizar-se com os seus principais dirigentes. Osmar é o terceiro da esquerda para a direita, a usar camiseta dos Beatles e jaqueta vermelha e Rubinho, é o último, na extrema direita, ao lado do Ivan, a usar uma jaqueta verde. Foto: Grace Lagôa

Ele é compositor há muitos anos e tinha uma série de canções em parceria com o guitarrista, Tony Babalu, mas de uns tempos para cá, estava a desenvolver um trabalho também com um outro parceiro, o compositor e letrista, Tom Hardt.

               O compositor/cantor e instrumentista, Tom Hardt

As canções do Osmar eram ecléticas. Eu conhecia muitas delas, orientadas na linha do Rock'n' Roll clássico, outras orientadas para o Blues e muita coisa influenciada pela Folk-Music e pela MPB setentista. Com Tom Hardt, a veia MPB e Folk estava mais aflorada e nessa específica canção que mostrou-nos, a pegada de "Soft-Rock" remetia ao trabalho de artistas desse espectro setentista, como "James Taylor", "Carly Simon", "Carole King", "Cat Stevens", Jim Croce, "Al Stewart" e congêneres, mas houve um quê de "modernidade" também, via "Jack Johnson" e "Dave Mathews", que foram artistas contemporâneos surgidos aos olhos do grande público nos anos 2000, mas que obviamente bebiam das mesmas raízes dos artistas sessenta-setentistas que eu citei. 

Portanto, pareceu-nos uma oportunidade boa para contarmos com um Soft-Rock que soasse moderno, mas ao mesmo tempo, que ficasse evidente a raiz vintage e portanto que soasse confortável e prazeroso para nós.

Outro aspecto interessante, foi o fato de que a ideia de se ter uma composição criada por um artista de fora dos quadros da banda, que soou-nos algo despojado, digamos. 

Já tínhamos uma releitura no disco, com "Filme de Terror", mas o Sérgio Sampaio foi um artista consagrado, apesar de fazer parte do rol dos ditos artistas malditos da MPB setentista e estar falecido há anos. 

Em "Nossos Dias", foi uma abordagem diferente, com a possibilidade do Pedra gravar o trabalho de uma dupla de compositores não estabelecidos no mainstream, portanto, eram artistas como nós, a buscarem um lugar ao sol. 

A música propriamente dita tem uma estrutura harmônica simples, mas bem composta e engendrada. Há um pequeno sabor R'n'B, principalmente na parte "A", onde uma cadência de terça maior busca tal referência. 

De minha parte, eu criei uma linha de baixo simples, mas a procurar introduzir groove de Soul Music. O dilema foi: fazer o balanço, mas a conter, sem deixar exagerado e assim a garantir a simplicidade. Foi o que o Ivan fez também na sua criação à bateria. 

O Rodrigo, que é um grande violonista por toda a sua influência de MPB e música de Raiz Folk que possui, ele percebeu que nessa canção o negócio foi ser simples e assim, a sua condução base é feita com uma batida rítmica, a evitar arpejos.

E o Xando, apesar de ser grande fã de James Taylor, demorou para achar o seu arranjo de guitarra. A melhor ideia que ocorreu-lhe, foi o uso de harmônicos a pulularem sobre a canção, a trazer uma improvável influência do "Van Halen" que também é uma típica referência dele.

A canção ficou bastante interessante com esse arranjo e com uma duração em termos de metragem, que foi o sonho de consumo para programadores de emissoras de rádio e divulgadores de gravadoras: com míseros dois minutos e uns poucos segundos de duração. 

Ficou leve, alegre e simples, mas ao mesmo tempo, a não destoar das composições próprias da banda e quem a ouve, percebe ser uma gravação do Pedra, com as suas características estilísticas habituais.

A letra é poética e leve também, a falar sobre a tomada de posição na vida e tudo mais.

Portanto teria tudo para agradar o público feminino, principalmente. E o melhor de tudo, soava moderna e poderia agradar eventualmente os fãs de Jack Johnson, mas certamente agradaria os apreciadores do Soft-Rock setentista quiçá do Folk0Rock sessentista, também. De fato, "Nossos Dias" agradava bastante o público nos shows e era uma canção recorrente no nosso set list.

O áudio de "Nossos Dias", do disco: 
Eis o Link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=fFU6eCDhAVw

Continua...

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