Recebemos convite da parte de uma produtora que dizia representar um escritório de agendamento de shows novato no meio e que detinha planos para entrar no mercado a fim de promover shows com bandas de Rock, autorais e fora do parâmetro do patamar mainstream.
Na
conversa inicial que travamos, apesar de ser bem jovem, essa moça mostrara-se articulada e
desinibida, além de que sua argumentação pareceu marcada pela prudência,
ao estilo da observação da sensatez, sem inventar fatores fora da realidade, a sonhar
com produções exageradas e sobretudo com resultados mirabolantes, ao se considerar que tratariam com artistas como nós, que militavam no
underground da música.
Bem, nesses termos, por que não aceitar a proposta inicial que seria um balão de ensaio para a produtora, ao organizar um show triplo em uma casa noturna com razoável infraestrutura (refiro-me ao "Café Aurora", localizada no Bexiga, bairro central de São Paulo), e da qual já conhecíamos por termos apresentado-nos ali em duas ocasiões anteriormente?
Ao ir além,
a companhia que teríamos nesses shows compartilhados, seria ótima, ao
lado dos amigos das bandas: "Tomada" e "King Bird".
Pois então aceitamos o convite e mesmo ao não esperarmos muito resultado de uma bilheteria compartilhada em quatro partes, e pior ainda, ao se considerar que o show fora marcado para um dia útil dificílimo para atrair público, uma terça-feira, vimos com alegria que a tal mocinha parecia estar a tomar as providências de uma forma correta, por que ela agendou uma entrevista na emissora Brasil 2000 FM para divulgar o micro festival e claro que aceitamos irmos para promover o show, ao lado de alguns componentes do "Tomada".
No dia do show, o clima de camaradagem foi muito grande entre as bandas e não seria para menos, pela amizade ali generalizada.
O Tomada tocou primeiro e a banda havia trazido consigo o guitarrista Martin Mendonça, músico da banda de apoio da Pitty, uma cantora que havia alcançado um patamar médio na música, entre o underground e o mainstream, portanto, continha um certo prestígio no meio e estava envolvido com eles, a produzir o seu novo álbum.
O King Bird tocou o seu som mais pesado, um Hard-Rock com muitos signos setentistas bem positivos, mas não fechado no som retrô, propriamente dito. O seu som na verdade pendia para uma estética moderna dentro do gênero e esbarrava em alguns aspectos no Heavy-Metal.
Formado por músicos de excepcional gabarito e muito gentis no trato pessoal, eu gostei muito de compartilhar um show com eles. Quando
fomos chamados ao palco, lamentavelmente e por ser uma terça-feira, a casa já
não detinha o pico de público que iniciara a noitada e os que ali
permaneceram estavam sob um estado etílico alterado, portanto a impressão
que eu senti ali, foi que esperavam de nós uma atitude de banda de
entretimento para embalar a sua bebedeira, mas o Pedra tinha uma
proposta artística muito sofisticada para esse tipo de expectativa hedonista.
No estúdio da Brasil 2000 FM, a concedermos entrevista
Nesses
termos, foi uma apresentação sem sinergia com o público e tirante alguns poucos ali presentes que foram para nos ver, em detrimento das outras
bandas, realmente não foi uma noite feliz para o Pedra.
Acontece que,
tal como jogador de futebol que entra em campo com a intenção de vencer
o jogo sempre, músico também só sabe ao palco para fazer uma
apresentação perfeita e que agrade inteiramente o público, mas isso nem
sempre acontece. No caso dos jogadores, por que existem os adversários com o
mesmo objetivo, no nosso caso, são mil fatores, ao se contabilizarem as falhas técnicas do
equipamento à falta de sinergia com o público. Uma pena, portanto!
Enfim, teríamos que seguir em frente, já a pensarmos em um novo show em breve e não queríamos que esse show com resultado pífio, aliado ao baixo astral que tivéramos com a retirada dos novos clips do ar, fato amplamente já relatado anteriormente, tirasse-nos o ânimo para os próximos compromissos.
Sobre a garota e a sua agência produtora, ambas sumiram e nunca mais tivemos notícias sobre as duas. Claro que isso não surpreendeu-nos, na medida que sabíamos há muito tempo que produzir shows de Rock dá trabalho e os frutos dessa semeadura demoram para florescer.
Noite de 13 de maio de 2008, Café Aurora de São Paulo, com cerca de oitenta pessoas na casa.
Continua...
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