Ainda em abril de 2003, uma reportagem de porte focada em minha pessoa, enriqueceu o portfólio da banda e o meu, particular. Fui retratado nas páginas da revista Cover baixo, especializada no universo do baixo/baixistas, que nunca foi um tipo de publicação que eu acompanhasse, pois como todos sabem, não sou nenhum fanático pelo instrumento e os seus meandros.
E também não apreciava a linha editorial adotada nesse tipo de publicação, que focava na técnica e invariavelmente era seguida por adeptos do mundo do Jazz-Fusion e eu não gosto desse universo musical e de sua inerente mentalidade.
Todavia, não tenho nada contra, tampouco nutro alguma contrariedade de ordem estética ou política em relação aos que professam e/ou apreciam essa estética musical etc. Apenas não gosto e a ignoro, mas sem nenhuma "bronca" contra ela em si ou em relação aos seus admiradores & seguidores.
Portanto, claro que fiquei contente quando o repórter da revista ligou-me propôs a matéria, pois seria e o foi, mais uma exposição positiva para a banda, e toda ajuda era (é) sempre bem-vinda.
Fiquei ainda mais contente, quando verifiquei que na edição onde a matéria onde eu fora retratado, teve na capa e como reportagem principal, um baixista para lá de ilustre e Rocker, algo raro naquela naquela publicação que invariavelmente costumava colocar na capa baixistas fechados nesse mundo do Jazz-Fusion, a ostentarem normalmente instrumentos de cinco ou seis cordas, quando não, os indefectíveis "fretless". Mas lá estava Paul McCartney, através de uma foto bem dos primórdios dos Beatles, com o seu solerte baixo Hofner em mãos. Não poderia ter sido melhor para mim, ter um Rocker em destaque do que qualquer outro músico virtuose desse mundo fechado do Jazz-Fusion, que invariavelmente, somente músicos gostam de acompanhar.
Pareceu uma reportagem a falar sobre Jack Casady (Jefferson Airplane) ou Phil Lesh (Grateful Dead), mas estavam a falar sobre o Luiz Domingues...ou seja, perfeito para um coração sessentista que batia/bate dentro do meu peito!
A reportagem foi assinada pelo jornalista, Juliano Borges, que falou sobre a proposta da Patrulha do Espaço, mas que pinçou também alguns momentos pregressos da minha carreira ao citar bandas e momentos anteriores, baseado em nossa conversa telefônica em forma de entrevista informal.
Ele quase não tocou em aspectos técnicos sobre baixo & equipamentos, o que foi até surpreendente ao se tratar de uma publicação especializada e portanto seguida por músicos que se interessam especificamente por tais nuances, mas deixou uma observação que deve ter chocado o leitor padrão da revista, ao enfatizar a estranheza generalizada no fato de eu usar "palheta", fator que é um verdadeiro tabu entre os seguidores do Jazz-Fusion.
Para esse tipo de músico, a palheta é considerada um artifício para músicos de baixo nível, que não tem capacidade técnica para tocar música sofisticada, com os requintes de virtuosismo que eles tanto apreciam.
Também achei muito positivo que o jornalista teve a ideia de incluir uma resenha do novo disco da Patrulha do Espaço, ao abrir um box para tal, em sua reportagem. Eis o que ele falou sobre o disco:
"Cantar Hard-Rock em português não é fácil. Se manter indiferente aos novos modismos que assolam a música pop contemporânea, sempre acenando com uma possibilidade de grande retorno financeiro, também não. Apesar do estilo que já teve a morte decretada centenas de vezes, também não é tarefa para muitos. Superar esses obstáculos e preconceitos ? Só se você acredita e ama aquilo que faz.
E é exatamente isso que a primeira audição de ".Compacto" passa ao ouvinte. A velha Patrulha está de volta com a habitual garra e totalmente de bem com o Rock'n Roll.
A sensação que se tem ao ouvir a primeira faixa do disco "São Paulo City", é que entramos em uma máquina do tempo, com timbres setentistas, viradas poderosas de bateria, Fender Precision "roncando alto", guitarras mandando "riffs de responsa" .
"Louco um Pouco Zen" nos mostra toda a categoria de Luiz Domingues, que junto ao batera Junior, formam uma das grandes cozinhas do Rock nacional. Já "Sendas Astrais" fala de transcendência, com leves toques de misticismo, embalada por uma bela levada, com um belo solo de guitarra e intervenções de Moog e Hammond. Mais anos 70, impossível ! Com letra contestadora e melodia contagiante, "Homem Carbono" tem tudo para se tornar um novo Hino da banda, como já aconteceu com Columbia.
Já em "Nem Tudo é Razão", a Patrulha dá uma respirada com uma canção romântica, para retomar o clima na quase progressiva "Terra de Minerais".
O CD fecha com uma homenagem a Ginger Baker (ex-baterista do Cream), um dos ídolos de Junior. Esse é um disco perfeito para quem procura a verdadeira essência do verdadeiro Rock pesado brasileiro.
Juliano Borges"
Bem, uma resenha muito boa, e surpreendeu-me, pois usou uma linha de raciocínio de crítico de Rock, e não fechada no espírito de uma revista técnica, onde costumeiramente o foco é a performance e a produção de áudio do baixista.
Mais matérias e resenhas do novo disco estavam a chegar às bancas, mas o foco nesse momento foi retomar a rotina das turnês e nesse caso, haveria uma nova viagem ao sul, desta feita para visitarmos o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Continua...
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