domingo, 6 de dezembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 248 - Por Luiz Domingues

Após o show de lançamento do novo álbum, a próxima apresentação ocorreu alguns dias depois, em uma casa noturna onde já tocáramos várias vezes anteriormente. Voltamos portanto ao Volkana de São Bernardo do Campo-SP, em 11 de abril de 2003. 

Desta feita, duas bandas de abertura apresentaram-se: "Grande Dog" e "Koma". Não me lembro exatamente das suas respectivas apresentações para citá-las com propriedade.

Não tivemos grande êxito nessa apresentação em termos de público, pois a divulgação não teve o nosso empenho, e nas mãos dos produtores da casa, o esforço foi mínimo, portanto, no dia dos show, apenas quarenta pagantes compareceram, mas isso não nos aborreceu, pois tínhamos perspectivas melhores pela frente e uma nova e boa turnê pelo sul nos aguardava mais uma vez, a partir do início de maio. 

E além disso, matérias com resenhas do novo disco começavam a aparecer na mídia impressa, ao nos dar uma animação extra.

Eis alguns exemplos, abaixo:

1) Rock Brigade - Versão on Line

"Este disco já se destaca pelo nome e pela embalagem criativa, uma vez que a capa é igual à dos antigos discos de vinil. Só que lá dentro vem o último CD desta veteraníssima banda brasileira. E nada como ouvir música escrita e interpretada por músicos de talento ! Junior (D); Luiz Domingues (B); Rodrigo Hid (V/G/K); e Marcello Schevano (V/G/K/F), fazem um dos mais competentes times de instrumentistas da atualidade e se mostram em pleno forma. Soando numa linha mais direta do que o trabalho anterior do Patrulha, Chronophagia, este disco pode ser definido como um mix do hard Rock setentista com o Rock psicodélico da década anterior. Ajuda no resultado final, a produção clássica, sem pirações (nada como uma palavra "setentista" para ficar no clima, não é mesmo ?) ou viagens desnecessárias. Mesmo sendo um disco uniforme, em que cada música tem seu atrativo, vale ouvir com atenção o Riff de Homem Carbono e a declaração de amor / ódio em São Paulo City- Ah sim, as letras são em português ! Datado para alguns, clássico para outros, essa é uma discussão que pouco importa. O que vale, mesmo, é que a patrulha ainda está na ativa e produzindo boa música.

ACM"

Mais uma ótima crítica do grande, Antonio Carlos Monteiro, o ACM, ou entre amigos, Tony Monteiro. Ele destacou a criatividade da capa e a sacada em relação ao título a conter múltiplas interpretações. Ressaltou também a qualidade individual de cada componente, mas não aprofundou muito sobre o trabalho em si, a não ser pela tímida menção de "Homem Carbono" e "São Paulo City", que lhe despertaram mais a atenção. 

Muito provavelmente ele não tenha se aprofundado mais no disco em si, pela sua precariedade em termos de áudio e nesse caso, foi benevolente e nos poupou de uma crítica mais ácida. Não pela amizade, mas ao relevar por saber o quanto era duro para nós termos condições de gravar em alto nível, portanto, é possível que tenha isentado-nos a banda desse demérito, ao reconhecer que a qualidade artística não poderia ser massacrada pela má produção, e assim levar em conta ser um fator alheio à nossa vontade. 

Sobre cantar em português e ser ou não ser "datado", essas questões que são típicas dentro do universo do Heavy-Metal e objeto de total atenção da publicação em si, creio que nesse caso, o ótimo, Tony Monteiro estava muito influenciado pela obsessão que tais tópicos mantinham dentro daquele mundo, e daí ter feito a menção.

Fora do mundo do Heavy-Metal, não conheço pessoas que se importem tanto se o artista canta em aramaico antigo, inglês ou javalês, e tampouco se preocupe em demasia se a estética é moderna ou se é "datada". Isento o Tony, que reputo ser uma das melhores canetas da crítica musical deste país, mas que ele estava sob a influência desse verdadeiro tabu estabelecido por revistas especializadas em Heavy-Metal, creio que isso foi evidente.

2) Site / Portal Wiplash

"É constrangedor saber que uma banda do nível do Patrulha do Espaço, tenha de lançar seus discos de forma independente, ao passo que as majors só se preocupam em nos empurrar porcarias goelas abaixo.

Seja como for, após um hiato de quase três anos (seu último trabalho inédito foi o Chronophagia, de 2000), finalmente temos em mãos o novo álbum, 14º da carreira do grupo, e que na realidade se trata de um mini disco, ou melhor dizendo, o equivalente à um compacto duplo, em formato digital, o que de certa forma corrobora tanto o título quanto a arte gráfica, que reproduz o formato e o tamanho de um antigo compacto de vinil, além de fazer alusão a uma série de interpretações variadas (Com Pacto; .Com; Compact etc).

Embora este seja de certa forma uma espécie de continuação do trabalho anterior, talvez devido a curtíssima duração, ele tenha perdido um pouco daquele caráter "viajante", dando lugar a composições mais pesadas tal como "São Paulo City" que abre o CD, com um riff que poderia muito bem estar num disco do Mountain; em seguida, "Louco um Pouco Zen", um rockão arrasa-quarteirão, precedendo "Sendas Astrais", que juntamente com "Terra de Minerais", são as que mais se aproximam da mescla "Hard-Rock + Prog Setentista", uma das características marcantes do citado "Chronophagia".

Temos ainda "Homem Carbono" e "Nem Tudo é Razão", duas faixas pontuadas por um piano, com uma levada bem Rock'n Roll, a segunda, quase uma balada, por sinal a única do CD, cuja letra fala (de forma velada), sobre uma paixão (parece que o Rodrigo estava bastante inspirado quando a compôs). Por fim, um pequeno instrumental, "Tooginger", onde Junior presta homenagem ao baterista Ginger Baker (Cream).

A qualidade da gravação está excelente, embora em alguns momentos se faça oportuno um pequeno ajuste no equalizador para compensar um certo excesso de volume da bateria, mas nada que atrapalhe drasticamente o prazer proporcionado pela audição de mais um CD do Patrulha do Espaço, com certeza um dos decanos do Rock'n Roll brasuca.

Marcos A.M. Cruz"

Um outro jornalista que analisava obras e performances ao vivo com detalhes, Marcos Cruz sempre se esmerava em suas resenhas para dissecar ao máximo cada produto que analisava, e essa era a sua marca registrada. 

De fato, acho que ele percebeu bem a riqueza implícita do nome do disco e a sua junção ortográfica enquanto conceito, explícita na capa. 

Achei correto, também, que ele tenha notado que esse novo disco houvesse sido mais direto, sem a divagação toda do disco anterior em sua percepção e foi forte ao notar que sob um formato menor em termos de plataforma física, tivemos menos espaço para elucubrações artísticas mais avantajadas, e assim, o recado teve que ser mais direto. 

Ao estabelecer um rápido apanhado de cada faixa, acho que as suas observações foram corretas sobre cada música. E finalmente, a sua observação sobre o áudio foi pertinente. Ele nunca soube da dificuldade que enfrentamos para lançar esse disco, e se apenas algumas frequências da bateria o incomodaram, fiquei até aliviado por saber disso. 

3) Guitar Player  

Nesta revista, houve só uma nota sobre o lançamento do disco, não se tratou de uma resenha, propriamente dita.
Continua...

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