Mais um outro compromisso de divulgação que cumprimos, foi uma oportunidade
boa que um amigo do Rodrigo Hid, ex-colega da Faculdade Cásper Líbero,
lhe ofereceu.
Tal colega dele nos inseriu na pauta de uma revista cultural radiofônica bem interessante, e claro que nós aceitamos.
E foi algo não usual para uma banda "outsider" como a nossa,
pois se tratou de uma entrevista em uma estação de rádio AM, mega popular e em
rede nacional.
Tratou-se de um programa noturno realizado em horário nobre, na Jovem Pan AM, uma emissora de porte gigante no radialismo brasileiro. Eu não anotei a data exata, mas foi certamente em março, poucos dias antes do show de lançamento do disco novo.
Chegamos à emissora, em sua localização clássica, na esquina da Avenida Paulista com a Alameda Joaquim Eugênio de Lima, e logo no elevador que nos conduziu da garagem ao andar do estúdio que visitaríamos, encontramos com Dudu Araújo, filho do casal Silvinha e Eduardo Araújo, este também um guitarrista e que igualmente visitara a emissora para conceder entrevista, antes de nós, e naquele momento já estava de saída do edifício.
Chegamos
ao andar e fomos muito bem recebidos pelos membros da sua produção. Tivemos o prazer de
ver um locutor da programação usual da emissora ainda a cumprir uma locução ao vivo,
ao fornecer aos ouvintes, os dados clássicos do radialismo, como a hora certa e as
condições climáticas da cidade de São Paulo e de outras capitais do país. O veterano locutor detinha um tremendo de um
vozeirão e nós o elogiamos pela voz e dicção, impressionantes.
O programa no qual participaríamos era marcado pelo jornalismo cultural em geral e no mesmo dia, além de nós, haviam atores a divulgarem as suas peças de teatro. Assim que chegamos, por exemplo, havíamos nos encontrado com o ator, Cássio Scapin, famoso entre a criançada por ter feito parte do elenco fixo do programa infantil e super-premiado, "Castelo Rá Tim Bum", mas que também desenvolvia um trabalho de teatro adulto, muito forte.
Um
produtor da rádio nos informou que a audiência daquela revista cultural
girava em torno de três milhões de pessoas, ao se considerar que
era retransmitida em rede nacional, e que fatalmente receberíamos perguntas e
observações vindas de pessoas que sintonizavam o programa, oriundas de cidades
espalhadas por muitos estados brasileiros.
Foi muito interessante esse contato, pois pelo fato de que ao mesmo tempo em que nossa banda detinha currículo e história dentro do Rock brasileiro, aos olhos do grande público popular, que mal sabia quem foram os Mutantes, associar a figura do Arnaldo Baptista com a nossa banda seria uma informação sem nexo para eles, e quanto mais o fato de que no momento pós-Arnaldo, a Patrulha do Espaço houvera construído uma carreira sólida ao longo de muitas décadas, com inúmeros discos lançados e páginas construídas na história, ad eternum.
Portanto, perguntas básicas que seriam formuladas para uma banda completamente desconhecida, vieram para nós, e foi muito compreensível que aos olhos de um público mais popular, nós fôssemos ilustres desconhecidos.
E mais que isso, nós apreciamos muito algumas manifestações vindas de pessoas que não nos conheciam, mas que estavam a apreciar as nossas músicas que intermediaram a entrevista. Manifestações até de estupefação, da parte de alguns ouvintes, ao dar conta que não estavam a acreditar no som que nós fazíamos e como não éramos "conhecidos", nos alegraram (de certa forma, é claro), e aí a constatação básica de que a despeito da nossa música não ser concebida para fazer parte dos anseios do marketing das gravadoras e "chefões" do Show Business, com um mínimo de exposição, teria uma fatia de mercado e isso desnudara o quanto artistas como nós nos prejudicávamos na condução da carreira, ao vivermos esse autêntico embargo artístico & cultural.
Um
fato tragicômico ocorreu quando a artista que seria entrevistada a
seguir e foi convidada a assistir o último bloco de nossa entrevista,
adentrou o estúdio em um momento de pausa para os comerciais. Foi a atriz, Patricia de
Sabrit, que esteve ali para divulgar a sua peça teatral em cartaz na ocasião.
A atriz, Patricia de Sabrit
Dois
fatos engraçados ocorreram com a sua presença. Primeiro, logo que entrou,
eu tive uma reação inesperada por ela, que a desconcentrou, pois a
cumprimentei como se a conhecesse há anos e fosse um amigo íntimo, e ela,
surpreendida, correspondeu com entusiasmo, mas no seu semblante forjou-se indisfarçável a sua sensação de confusão, com aquela expressão facial a denotar: "não
consigo me lembrar desse sujeito, e agora?"
E para piorar o constrangimento, quando a abracei e beijei, também pisei involuntariamente no seu pé, e nessa circunstância, o que já estava bem embaraçoso, ficou ainda pior. Todavia, poucos segundos depois o clima amenizou-se quando a luz vermelha do estúdio acendeu-se e o locutor concentrou-se na conclusão de nossa entrevista. A seguir, ele anunciou a execução de mais uma música do novo álbum, no caso: "Nem Tudo é Razão".
Assim que a música começou a tocar e o microfone interno foi fechado, ouvimos a voz da atriz, Patrícia de Sabrit a exclamar: -"Ai, gente, que música linda"...
A sua manifestação foi espontânea, não foi média em absoluto, deu para sentir, e mais uma reflexão nos despertou: tudo bem que a nossa banda não era comercial e não calculava os seus passos na carreira manipulada por marqueteiros do show business, mas mesmo ao não ter esse comprometimento, uma música como, "Nem Tudo é Razão", que tem uma beleza ímpar, se tocasse nas rádios, faria sucesso fora do nosso nicho fechado do Rock underground, sob uma escala popular. Isso foi algo patente como constatação.
Quando a música encerrou-se, nos despedimos do
público ouvinte e houveram dezenas de manifestações vindas de muitos
estados da federação. Gente do Amazonas, Ceará, Santa Catarina,
Goiás... e a conclusão a reboque: só um pouco de exposição e a nossa
vida teria sido muito diferente.
Ator e apresentador, Atílio Bari, um dos agitadores culturais mais queridos de São Paulo
E na semana do show, um outro programa de TV nos agendou para entrevista e com participação a tocar ao vivo. Tratou-se do programa: "Em cartaz", exibido no canal comunitário de São Paulo e apresentado pelo simpaticíssimo ator, Atílio Bari.
Já havíamos nos apresentado nesse ótimo programa, exatamente um ano antes e sobre ele, eu já explanei e não repetirei sobre a análise que fiz em capítulo anterior, quando dissequei tal revista cultural e lamentei a sua pouca projeção no espectro da TV. Portanto, cabe aqui acrescentar que a coincidência de data foi absurdamente precisa entre a apresentação de 2002 e 2003, e assim que a luz vermelha do estúdio acendeu, o Atílio se pôs a falar sobre as personalidades culturais que haviam nascido naquele dia, e isso era uma prática usual de sua revista.
Foi quando eu pedi a palavra e anunciei que tínhamos um efeméride a mais, e que ele provavelmente não tinha anotado na sua ficha: naquele mesmo dia, um ano atrás, nós havíamos participado do programa! Atílio ficou surpreso e apreciou muito a minha informação, e com esse clima de camaradagem ali instaurado, a entrevista foi novamente muito boa.
Distribuímos ingressos do show de lançamento para telespectadores que se pronunciaram por telefone, discos e falamos bastante dessas nossas boas novidades. Eu tenho cópia desse programa, já digitalizada, e em breve certamente será postado no YouTube e disponibilizada ao fãs do trabalho.
Antes do show de lançamento do disco, teríamos um show avulso no interior, desconectado de uma fase de turnê. Falo disso a seguir.
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