Bem, o que ocorreu no desenvolvimento desse tema, foi que ele tornou-se muito tenso, ao dar-lhe uma ambientação "esquizoide", que certamente lembrara o som do King Crimson dos seus primeiros tempos, e dessa forma, a interpretação do Ciro para declamar o seu texto, ganhou tal amplitude de uma loucura desesperada, e claro que ficou muito intenso e entusiasmou a todos, principalmente o Ciro, é claro.
Não foi exatamente o que eu estava a imaginar, mas
confesso que tal intensidade a lembrar um surto psicótico, agradou-me, pois
fora evidente que o Ciro usaria e abusaria desse tema para intensificar
a sua performance ao vivo.
E isso foi graças ao Carlinhos Machado, pois quando eu propus mostrar a ideia para ele, visto que fomos os primeiros a chegar no estúdio para o ensaio, ele a iniciou sob um andamento muito além do que eu havia concebido, e dessa forma, mudou a sua característica e deu-lhe ainda mais dramaticidade.
Os ensaios portanto, correram sob um clima
marcado por se acrescentar músicas novas a serem compostas, ali no calor da ocasião e
com interatividade coletiva.
Por exemplo, fora tais temas que eu já observei, houve uma canção composta ao violão pela Isabela, que estava semipronta e esta a mostrar uma letra que se usara de um poema de Manoel de Barros. Parecia uma canção Folk, bem sessentista, ao lembrar trabalhos amenos do porte de: "The Mamas and the Papas", "Peter, Paul & Mary", The Seekers e outros artistas similares, com uma boa dose de docilidade.
Lembrava de certa forma também o som d'Os Mutantes, nos seus tempos psicodélicos, e com a Rita Lee a transitar entre a loucura explícita, e a docilidade ingênua, de ordem Pollyanesca.
A adaptação do Carlinhos Machado à banda esteve excelente. Ele sentia-se preocupado em ter que decorar tantas músicas novas para em poucos ensaios, mas absolutamente ambientado e integrado, a brincar com todos nos ensaios. Haveriam mais dois ensaios, mas com a inclusão de novas músicas, acho que o Carlinhos teve certa razão para ficar apreensivo nesse aspecto.
Continua...
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