domingo, 20 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 143 - Por Luiz Domingues

Quando chegamos ao local, no dia anterior, consideramos prático nos hospedarmos no alojamento anexo ao complexo onde aconteceria o show. Porém, no calor da madrugada, vimos que a real perspectiva foi outra, muito diferente. Passada a etapa de assédio pós-show (apesar dos pesares, fomos abordados, como de praxe), queríamos mesmo nos recolher e descansarmos, pois ainda faltava mais uma etapa, com o derradeiro show da turnê, marcado para a cidade de Mirassol-SP. Contudo, o público escoava de forma lenta e muitos, ainda permaneciam no local, e a sinalizar não estarem dispostos a evadirem-se, simplesmente, pois conversavam e gargalhavam em rodinhas. Durma-se com um barulho desses... literalmente!

Eu desisti de tentar dormir ante tais circunstâncias adversas e fiquei a perambular pelo local. Em princípio, me preocupei com o processo de carregamento do nosso equipamento para o ônibus, pois no meio do tumulto da saída do público, seria preciso ficar atento, pois é justamente nesse instante marcado pela balbúrdia que certos gatunos poderiam achar propícia a oportunidade de tentar efetuar furtos etc.

Fiquei próximo do ônibus a observar o trabalho dos roadies e do Marco Carvalhanas, que também estava em alerta. Rodrigo e Marcello arrumaram companhias femininas e foram para recantos do complexo, e finalmente, Junior e Claudia estavam exaustos e tentaram dormir. Mas claro que não conseguiram, apesar de cansados, pois o barulho que a garotada fazia, os irritara. 

Então, por volta das 3:00 horas da manhã, um dos produtores do show, que era muito simpático e solícito, ofereceu-se para nos trazer um lanche da cidade. Rapidamente, o rapaz organizou uma lista com pedidos de todos de nossa comitiva, e foi buscá-lo em uma lanchonete a funcionar 24 horas do centro da cidade. Antes porém de partir, nós nos preocupamos (e isso é típica reação de quem mora em cidade grande), com a segurança dele. Nos oferecemos para acompanhá-lo à lanchonete, para que ele ficasse mais seguro, enfim, pois era alta madrugada etc. e tal...

Aí o tal rapaz, na base da brincadeira, é claro, fez um discurso a ironizar o fato de que éramos paranoicos por que vivíamos na "loucura de São Paulo" e usou e abusou de argumentos exaustivamente repetidos em programas de conteúdo "mundo cão" da TV aberta para justificar que vivíamos em uma cidade perigosa, e ele não. Dizia às risadas, que vivia em uma cidade pacata, sem crimes, com a típica prática interiorana de "dormir com as janelas da casa, abertas"; "deixar chave do carro na ignição" e outros tantos clichês. Então, está bem... demos risada juntos, e o rapaz partiu.

O tempo passou e achamos estranho a demora para tal, pois a distância era pequena. É bem verdade que no padrão interiorano, as resoluções adotadas são bem mais devagar do que nas cidades grandes. Estamos acostumados a ter tudo, 24 horas por dia e entregue muito rápido, no padrão de São Paulo, e sabíamos que nas cidades interioranas, o usual é no sentido de uma maior lentidão para tudo, mas realmente ele estava a demorar muito.

Então o rapaz chegou e nós ficamos assustados! O lanche estava providenciado, mas o rapaz estava todo arranhado, com o olho a apresentar hematoma, e as suas roupas rasgadas! A resumir: enquanto esperava o preparo do lanche, ele fora abordado por bandidos que o assaltaram e lhe agrediram!

Foi algo trágico e nos compadecemos, é claro, mas no fim, ele mesmo ironizou a situação e rimos muito enquanto comíamos, pois essa seria então a tal "tranquilidade do Interior?" Não cabe tripudiar, é claro, mas que foi irônico, isso foi.

No dia seguinte, nos despedimos e tomamos enfim o rumo para Mirassol-SP, na região de São José do Rio Preto. Seria o último dia dessa micro turnê. Nos despedimos de todos, ao agradecermos o apoio e hospitalidade, além é claro de todo o empenho para fazer desse show, um sucesso e apesar dos pesares, foi mesmo, sem dúvida. O show aconteceu em um espaço alugado para eventos, chamado:"Recanto das Festas", na noite de sábado, dia 29 de dezembro de 2001, com cerca de quinhentas pessoas na plateia. 

Agora a próxima parada seria em Mirassol-SP...

Continua...

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