domingo, 20 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 133 - Por Luiz Domingues

A nossa sorte para esse show, residira exatamente no fato de que sabíamos exatamente como seria a reação do apático público daquela casa, não pelo fato de sermos uma banda desconhecida dentro daquele universo avesso ao Rock tão somente. 

Esse fator pesara, é claro, mas o maior problema foi mesmo o da apatia crônica daquele público, como uma praxe. E segundo
amigos da cidade já haviam nos advertido, devo acrescentar. Tratara-se da casa noturna com a melhor estrutura técnica da cidade, eles nos falaram, mas qualquer show ali soava morno, mesmo com artistas famosos do mainstream que ali se apresentaram, e se queixaram da frieza. Portanto, não esperávamos uma reação diferente. 

E não deu outra, começamos o show e ninguém sequer olhava para nós. E não demonstravam estarem incomodados com a nossa performance ou com fato do repertório não lhes soar familiar. Apenas andavam para lá e para cá, a flertar como se estivessem a cumprir o famoso "footing" de pracinhas do interior de antigamente... o negócio ali fora mesmo, paquerar acima de tudo, e sob uma segunda instância, beber. Justiça seja feita, houve a presença de poucos, mas valorosos fãs da Patrulha do Espaço, presentes.

Foi uma constante nesses shows pelo interior paulista e pelas cidades sulistas, também, ainda bem. Por mais inóspitos que fossem certos shows, pela disparidade entre o que representava a banda e algumas casas, sempre apareciam fãs reais da banda, com discos de vinil debaixo do braço, à procura de autógrafos e isso sempre foi muito gratificante, é claro. 
E no meu caso, se tornara bastante comum também ser abordado por fãs que se lembravam de outros trabalhos meus, e neste caso, dei muito autógrafo em discos e fotos d'A Chave do Sol e Língua de Trapo principalmente, mas até do Pitbulls on Crack, algumas vezes.

Como eu já frisei, foi um show apático da parte do público, mas o cumprimos sem nenhum prejuízo artístico. Tocamos normalmente, e eu diria que foi um show particular para aquela meia dúzia de pessoas que eram realmente fãs da Patrulha do Espaço, e que inclusive vieram de cidades vizinhas, como Rio Claro e Araras.

Nem mesmo quando tocamos covers, ocorreu alguma reação diferente da parte do público habitue da casa. A homenagem para George Harrison passou batida... e nesse show estreamos um pout-pourri de canções do Led Zeppelin, que preparamos para apresentar como uma homenagem, e que doravante sempre cairia sempre bem nos shows, ao arrancar urros dos Rockers mais antenados.
Tratava-se de um"medley" com trechos de algumas músicas interligadas, tais como Ten Years Gone, Communication Breakdown, Heartbreaker, Moby Dick etc.

Encerrado o show, fomos a pé para o hotel, que se localizava bem próximo, e foi prosaico pararmos na pracinha da matriz para comer um lanche em uma barraca de fast food.

A viagem no dia seguinte seria relativamente tranquila, com apenas cento e poucos kms de distância a serem percorridos, e portanto, não precisamos sair cedo. Deu para dormir na parte da manhã, almoçar ainda em Americana, e partir então para São Carlos-SP, onde teríamos o nosso segundo compromisso no dia seguinte.

O show em Americana ocorreu no dia 26 de dezembro de 2001, na casa chamada: "My Way", com cerca de trezentas pessoas na casa, mas na prática, só com aqueles seis Rockers abnegados realmente a prestar atenção e apreciar. Uma pena, pois estávamos a tocar com condições de som e iluminação bem positivas, e muitos fãs da banda certamente gostariam de nos ver com tal estrutura de melhor qualidade.

Continua...

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