Apesar de jovem e enfatizar que não era um produtor profissional, o fato é que na base da boa vontade e intuição, o Luciano não mediu esforços para nos proporcionar as melhores condições possíveis e nesse caso, tudo ali me lembrou a produção do show que fizéramos em São Carlos, no interior de São Paulo, meses antes, quando a estrutura da casa onde tocaríamos se mostrara precária, e graças ao improviso dos Rockers locais, tudo viabilizou-se, ainda que de forma muito improvisada.
Fazia um calor inacreditável quando chegamos à São Leopoldo.
Cheguei a brincar com o Luciano, ao lhe perguntar se ali era mesmo o Rio Grande do Sul, ou tratava-se do Mato Grosso, Goiás e outros estados onde o calor é normalmente tórrido. Apesar do sul ter invernos muito rigorosos, quase no padrão europeu, com até ocorrências de nevascas, eu sabia que o verão gaúcho era igualmente rigoroso, e comparável aos estados que citei.
A casa onde apresentar-nos-íamos, se chamava: "BR-3".
Fora uma clara alusão à música do Toni Tornado que fez sucesso no ano de 1970. Tratava-se de um pequeno bar com ares de salão de Rock, muito rústico, simples mesmo. O equipamento de PA existente no local era precaríssimo. Para alimentar o som ambiente mecânico, seria o suficiente, mas para amparar um show de Rock ao vivo, não havia nenhuma possibilidade.
Nesses termos, o Luciano e a sua rede de amigos Rockers locais, gerou uma mobilização e assim, se reforçou o equipamento com várias peças avulsas, para transformá-lo em um autêntico PA "Frankenstein". Mas se ainda fora tudo precário, ao menos garantimos as condições mínimas para poder tocar.
O tamanho do palco foi um outro problema difícil a ser equacionado. Absolutamente minúsculo e bem alto, deu uma sensação de insegurança bem grande para nós. O Rolando Castello Junior por exemplo, montou a sua bateria em um espaço enviesado para ganhar espaço, e o seu banquinho ficava a milímetros de um vão entre o palco e uma porta de emergência que dava acesso à rua. Estranha porta de emergência obstruída pelo palco de madeira, por sinal, mas na hipótese de um tumulto, o Júnior teria um escape, sem dúvida...
Além de falar pelos cotovelos, ele formulava teses absurdas, a contar "causos" mirabolantes e no decorrer das poucas horas em que convivemos, deu várias sugestões bizarras para a Patrulha do Espaço fazer em seus shows, em termos de cenários e efeitos, e claro que rendeu muitas risadas de todos. Aos trancos e barrancos, conseguimos nos ajeitarmos no palco. Desconheço fotos desse show, mas sei que existem filmagens de bastidores e trechos do show, que um dia serão disponibilizadas na Internet. Gostaria de rever tais imagens para constatar como conseguimos montar o palco com tão pouco espaço.
O som ficou "setado" (do inglês "Set Up"), no melhor padrão possível diante das circunstâncias de um infraestrutura precária e por volta das 18:00 horas, nós fomos para a casa do Luciano, onde passamos momentos agradáveis sob a sua hospitalidade sensacional, quando curtimos uma sessão de discos de vinil muito boa de sua vasta coleção. Ouvimos entre outros discos, o som do Mandrill, que beleza!
Ele era também Luthier, e nos mostrou sua pequena oficina, onde costumava trabalhar no ofício de restaurar instrumentos de corda etc.
Luciano fez
questão de checar a regulagem de oitavas das guitarras do Marcello e
Rodrigo, além dos meus baixos, também.
E cometeu uma loucura diante de
nossos olhos, que nos impressionou: eis que ele pegou uma de suas guitarras (acho que
era uma da marca: Ibañez), e pediu para o Junior deixar uma assinatura em seu
corpo. Daí, em cima da assinatura a caneta, ele usou uma ferramenta de
marcenaria e tratou de esculpi-la a talhos! A sua banda abriria o evento e tratava-se de um Black Sabbath Cover, chamada: "Sabbra Cadabbra".
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