sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 120 - Por Luiz Domingues

A ideia que a Sarah nos apresentou, foi em torno de um show inteiramente acústico, inclusive sem a presença de um sistema de PA, ou seja, seria um show acústico literal, pois não tratar-se-ia apenas de apresentarmos um espetáculo a tocar violões e evitar assim o uso de amplificadores para guitarras, baixo e teclados. Ao ir além do conceito do "acústico", propriamente dito, por não contar com um equipamento de PA, nada seria mixado através de uma mesa e retransmitido para o público! 

Com isso, o show seria uma experiência inóspita no sentido de se parecer com um "Luau" informal, com a banda a tocar violões, instrumentos de  percussão e vozes absolutamente in natura, sem apoio sonoro de amplificação alguma.

E a seguir o padrão, seria também um show sem iluminação, ao fazer uso de velas apenas, e a reforçar o conceito de um show adaptado ao Blackout que o Brasil vivia naquele segundo semestre de 2001.

Em princípio, claro que relutamos... a Patrulha do Espaço sempre foi uma banda essencialmente elétrica. A fúria, no bom sentido, de suas apresentações ao vivo, desde os primórdios com o Arnaldo Baptista na formação, não davam margem à dúvidas. Então, a Sarah nos convenceu de que seria uma experiência interessante, pois haveriam algumas motivações extras a serem consideradas.

Por exemplo, ela nos falou que haveriam outras atrações. A sua ideia foi a de trazer três ou quatro artistas convidados. A Patrulha do Espaço faria o seu show normal, e também receberia tais convidados, a acompanhá-los em suas performances. A decoração seria toda inspirada em cultura indiana e para tal, ela já havia contactado uma loja especializada em artigos de decoração indianos, e caríssima, por sinal, do bairro dos Jardins, e eles cederiam muitas peças sem cobrança de aluguel, em título de patrocínio.
Nas mesas onde o público ficaria alojado, candelabros com velas e incensos seriam colocados e os artistas não usariam o palco normal da Chopperia do Sesc, mas um palco todo ornado como uma tenda hippie, ficaria bem no meio do salão, e o público cercar-nos-ia como se fosse um autêntico "Luau".

Tais artistas convidados foram: Luiz Carlini e Helena T, a representar o Tutti-Frutti, o baterista Paulo Zinner, um coral de monges que faria uma apresentação vocal no pré-show, como lounge, e um citarista chamado: "Krucis", que viria acompanhado de um percussionista específico para tocar tablas.

Então, toda a nossa resistência quanto a fazer um show com características de "Luau na praia", sem o uso de um PA, pôs-se a ser minada aos poucos. Não foi uma resolução que digerimos imediatamente. Contudo, pelo que me lembro, jamais colocamos em cheque a nossa participação no evento, no entanto, tentamos a todo custo que houvesse um PA à nossa disposição, mesmo que fosse sob uma proporção mínima, pois cantar sem apoio algum, na sala de uma residência é uma coisa, mas a realizar um show ao vivo, mesmo sob condições intimistas, seria uma outra situação completamente diferente.
Continua...

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