domingo, 27 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 37 - Por Luiz Domingues

Estávamos a ponderar sobre as diferenças de pensamento do Alex, em relação aos demais, desde o início das atividades da banda, ao considerar uma série de fatores:

1) A falta de sintonia conosco, artisticamente;
2) A falta de coadunação no objetivo a ser alcançado, com sua visão divergente sobre o nosso direcionamento;
3) A "economia" que ele fez na sua performance, ao criar linhas de bateria bem mais simples do que nós gostaríamos, pois a sua concepção fora atingir o Pop mainstream do mundo popularesco predominantemente;
4) A destoante composição de sua autoria, que se tornara uma questão clara para nós que suscitaria estranheza, quiçá críticas, quando o disco fosse lançado, e finalmente,
5) A sua recusa de querer tocar a se arriscar financeiramente e portanto, privilegiar a agenda pessoal para os seus trabalhos com bandas cover. 

O Renato Carneiro, enquanto produtor do disco, também chamou-nos para uma conversa, e nos questionou sobre a inclusão da música: "Pra Você" no CD. Enfim, foram muitos elementos a apontar para uma ruptura, inevitável. 

Sendo assim, reunidos os três demais componentes, e com o apoio do Renato Carneiro, resolvemos conversar com o Alex sobre a sua situação conflitante na banda. 

O primeiro ponto que falaríamos seria sobre a música, e mesmo que remotamente, ainda haveria a possibilidade dele permanecer, embora achássemos de antemão que ele não entenderia a nossa posição, e obviamente levaria isso para o lado pessoal. Mesmo dentro da sua coerência, ele interpretaria essa decisão como um direcionamento contrário à sua meta artística, muito por que, talvez nutrisse esperanças concretas nessa canção em detrimento das demais, anticomerciais na sua concepção. 

O primeiro contato nesse sentido foi telefônico e eu fui o eleito para ser o porta-voz da banda nessa decisão, por ser considerado o mais "calmo" dos três, em opinião colhida entre os demais. 

Claro que um assunto delicado dessa monta, mesmo eu sendo tradicionalmente equilibrado, seria bastante espinhoso. E de fato, foi muito desagradável, pois o Alex ficou muito irritado. É óbvio que foi uma reação esperada e legítima da parte dele. Quem gosta de ser contrariado e receber uma notícia dessas de forma arbitrária e à revelia? Os nossos propósitos foram nobres, ao pensarmos na preservação do trabalho, mas foi evidente que ele não aceitou a nossa argumentação e o clima ficou muito desfavorável. 

Então, ainda em fevereiro, marcou-se uma reunião para tirarmos tudo isso a limpo e uma decisão ser tomada. Já ficara implícito que ele deixaria a banda, pois o clima criado pelo telefone, foi emblemático.

Continua...

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