Foto clicada diretamente da sacada da minha residência, a mirar o cruzamento das Ruas Castro Alves e Safira, no bairro da Aclimação, em São Paulo
Todavia, houve um empecilho e tanto para a nossa logística: para quem conhece o bairro da Aclimação, em São Paulo, sabe que são raras as ruas que contém uma topografia plana. E a minha rua na ocasião, era a típica rua do bairro, a ostentar uma ladeira íngreme. Portanto, estacionar um ônibus sem o "manequinho" (jargão de motoristas para designar freio de mão dos ônibus), em condições adequadas, e ainda a torná-lo mais pesado com a inclusão do equipamento, para aumentar em pelo menos mais uma tonelada o seu peso, ficara temerário. Bem, essa rotina perpetuou-se, durando até 2003, com bastante frequência, e só se precipitou a diminuir nos momentos finais dessa formação da banda, no ano de 2004.
Nesse dia em específico, o pessoal do Tomada chegou na hora combinada, e haveria um personagem a mais nessa viagem, o amigo, Marco Carvalhanas, que estava a iniciar a sua carreira como produtor e empresário, e insinuava-se assumir esse posto conosco. Seria um apoio e tanto, principalmente nas viagens, e de fato, ele já havia viajado conosco na empreitada anterior, à cidade de Rio Claro-SP, que descrevi anteriormente e testemunhou na porta do estabelecimento comigo, a história do roadie que foi assediado sexualmente por uma transeunte bonita, naquela passagem insólita que eu mencionei antes.
Carvalhanas era músico, baterista, e tocara na banda, "Santa Gang" nos anos setenta/oitenta, e também acompanhara o cantor, Serguei por algum tempo. Desde o início dos anos 2000, ele embrenhara-se no mundo da produção e passou a gostar dessa nova vocação, e nesse momento, queria seguir em frente com esse ramo de atividades.
Com todos a bordo, seguimos para Itu-SP mediante um clima descontraído dentro do ônibus, sob muito calor, mas também com bastante camaradagem e brincadeiras. Chegamos ao clube interiorano ainda na metade da tarde (Itú fica a apenas setenta e sete Km de São Paulo), e rapidamente os roadies fizeram o duro trabalho de descarregar o equipamento e levá-lo ao palco montado no salão de festas. Aí, já tivemos o primeiro problema do dia, pois apesar de ser um clube bem arrumado, a acessibilidade deixava a desejar. Para sair do pátio onde o ônibus estacionou até o palco, havia a presença de uma penosa escada que os fez sofrer bastante para carregar todo aquele equipamento.
Contudo, nos
surpreendemos ao verificarmos que um novo roadie que estreava na equipe
aquele dia, cometeu uma proeza inacreditável, ao estilo do "Cacique Cobra
Coral", aquele sujeito nanico que trabalhou como carrier no Sesc
Itaquera, pouco tempo antes. Com uma truculência desproporcional ao seu porte, visto que
também era nanico, eis que ele apanhou o piano Fender Rhodes do Marcello e o
colocou sem pestanejar sobre os seus ombros, e saiu a correr, literalmente, pela
escada íngreme, como se estivesse a carregar uma mochila vazia...
Continua...
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