terça-feira, 22 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 157 - Por Luiz Domingues

Na primeira etapa da viagem, o clima foi suportável, mas claramente houve um constrangimento mútuo entre a banda e os "convidados especiais" de última hora. Com exceção do menino, que interagiu conosco com bastante desenvoltura, a brincar e assistir os nossos guitarristas a espantar o tédio da viagem com um show acústico aos violões & flauta, em vários momentos da jornada.

Em contrapartida, a mãe do menino e o dublê de roadie que o motorista trouxera para fazer parte de nossa equipe técnica desde o fim de 2001, ficaram segregados de nós a confabular na parte da frente do ônibus, o tempo todo, e com a expressão facial cerrada para nós. Enfim, se ficasse só apenas por essa birra inexplicável, tudo bem, mas a situação pioraria bastante em questão de horas, porém eu falo sobre isso detidamente no momento adequada.

Por volta de duas da tarde, já estávamos em território gaúcho, a passar pela cidade de Vacaria-RS. Saímos da BR 116 e através de uma estrada vicinal estadual gaúcha, seguimos rumo à Bento Gonçalves, a apreciar as belas paisagens. Quase fomos multados por absoluta ignorância de nossa parte, pois não sabíamos, mas nas estradas gaúchas existia um tipo de controlador de velocidade escondido em pontos estratégicos, de uma maneira sorrateira, e que por lá eram chamados como: "pardalzinho".  
Isso por que quando se passava por eles, o sensor emitia um som semelhante à de tais pássaros, mas aí já era tarde demais e você fora multado. Não aconteceu conosco por um triz.

Chegamos em Bento Gonçalves por volta de 15:30 horas e decidimos ir direto para a casa onde apresentar-nos-íamos, pois o soundcheck estava marcado para as 17:00 horas.

Encostamos o ônibus na porta da casa noturna e ligamos para a produtora da casa, a lhe comunicar a nossa chegada e solicitar que ela viesse abri-la, visto que por chegarmos antes do horário estabelecido. Fizemos o soundcheck com tranquilidade e ficamos satisfeitos com as condições sonoras da casa. Se tratava de uma casa bem montada, mas pelo que apuramos, híbrida. Não tinha muito critério artístico, para não dizer nenhum, pois a mistura que ali promovia, caracterizava mais uma falta de noção do que um suposto ecletismo.

Bandas cover e autorais se misturavam sem nenhuma cerimônia e pior ainda, estilos díspares se mesclavam no palco. Bandas de pagode, Rock, Axé Music, folclore gaúcho etc. Bem, não seria a primeira vez que tocaríamos em uma casa dessas características, mas confesso, não era agradável e estimulante para nós quando acontecia. 

Como parte da intrincada logística para se garantir uma turnê dar certo para uma banda fora do mainstream como a nossa, era válido. Muitas vezes, shows realizados em lugares não muito adequados ajudavam a garantir o restante da turnê, financeiramente a falar.

Encerrado o soundcheck, fomos enfim nos instalarmos onde ficaríamos hospedados por dois dias, visto que o show de Caxias do Sul-RS houvera sido cancelado. Ali, tivemos duas notícias: uma ótima e uma má...

Continua...

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