mais viável em mãos, e assim, uma pessoa pegava o carro incontinente, à cata de tal aparelho oferecido. E assim, um P.A. razoável foi montado, com uma mesa, potências, alguns paramétricos, multicabo e microfones para suprir todas as necessidades mínimas da banda. Não foi nem de longe o ideal, mas o esforço em ritmo de mutirão fora notável e o show esteve garantido.
O mesmo ocorreu com o equipamento de iluminação. na base do improviso e camaradagem, duas torres laterais foram montadas com spots de 500. Se tratou de um nítido equipamento usado por bandas de bailes e parecia ser dos anos 1960, pela sua aparência, ao remeter a bandas da Jovem Guarda. Claro que não fora o ideal, também, mas remediou a situação de forma bem razoável.
Agora, eu devo relatar fatos ocorridos durante esse soundcheck.
Da esquerda para a direita, Rodrigo Hid, o dono da loja "Cosmic", Marcello Schevano e Rolando Castello Junior, no interior da loja citada.
O primeiro, e muito positivo ponto, foi que recebemos a visita de um rapaz que patrocinara o material de divulgação do show. Foi o dono da loja de discos de Rock, local, chamada: "Cosmic". Ao seguir a tendência que existia nas grandes cidades interioranas, havia sempre, pelo menos uma loja desse estilo, a se parecer com as lojas da Galeria do Rock, de São Paulo. Muito simpático e solícito, o seu proprietário nos convidou a visitar a sua loja, que ficava localizada bem próxima da casa onde tocaríamos, em uma travessa da Avenida São Carlos. Claro, deixamos com ele, discos da Patrulha do Espaço para abastecê-lo e no show, ele veio nos prestigiar acompanhado de sua esposa.
O outro fato ocorrido, foi engraçado, e absolutamente bizarro. Estávamos a cumprir a obrigação do soundcheck, e naquele instante a executar a música: "Ser", quando vimos uma pessoa estranha a entrar no recinto. Continuamos a tocar normalmente, ao considerarmos se tratar de alguém ligado à casa, uma funcionária talvez, ou mesmo, que fosse uma pessoa autorizada para transitar por ali, pelos proprietários.
Então, eis que nós paramos de tocar bruscamente, pois aquele momento ali não era de show, e para quem não sabe, em meio ao exercício de um soundcheck, se para toda hora, assim que alguém da banda ou o próprio técnico de som, detecta um problema sonoro a ser sanado. Nesse momento, a mulher ficou ensandecida e aos berros, nos exortou a continuar a tocar, pois tomara a nossa parada como uma afronta pessoal, para irritá-la propositalemente. Foi quando ela berrou com a voz de um troglodita: -"por que parou? Toca um KiiiSSSS!"
Nunca esquecer-me-ei de sua queixa, com uma voz gutural e cavernosa, que faria vocalistas de Heavy Metal ficarem com inveja! Convidada a se retirar do recinto pelos proprietários, ela saiu com bastante agressividade do salão, a xingar a todos, inclusive nós. Depois ficamos a saber que se tratava de uma pessoa conhecida no bairro, uma pessoa carente que vivia embriagada pelas ruas, e apesar de parecer agressiva, não costumava ir para as vias de fato, ao ficar mesmo só nos insultos.
O fato de estar a usar uma camiseta do Kiss, e pedir o som dessa banda norte-americana para continuar a dançar, denotara que tinha cultura, e portanto, em algum momento da vida se perdera socialmente, e se estava como uma sem-teto/desalentada, certamente fora por situações alheias à sua vontade. Ou não...
Voltamos para o hotel,
jantamos, e na hora combinada fomos para o bar. A casa estava abarrotada.
O esforço empreendido pelo pessoal do "Homem com Asas" e igualmente pela sua rede de
amigos fora notável. Uma matéria saíra também no jornal local, a nos dar
apoio. Apesar do equipamento improvisado, teria tudo para ser uma grande noitada de Rock.
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