Fomos nos instalar e neste instante a ótima nova foi que se tratava de uma chácara
afastada do centro da cidade, muito bem cuidada e confortável, que nos
fora cedida graciosamente pelo guitarrista, Evandro Demari, que era amigo do
Rolando Castello Junior de muitos anos, e quando ele soube que iríamos para o sul,
prontificou-se a nos convidar para nos hospedarmos lá. Tal
propriedade era de sua família, para fins de veraneio, mas também continha uma
ampla videira que produzia bastante uva para a indústria vinícola da
cidade que ali é a base da economia local.
Tanto que a chácara era
muito próxima das instalações de uma famosa vinícola, que abastece o
mercado nacional e para os enólogos e entendidos em geral, trata-se de um dos melhores
vinhos nacionais, segundo a opinião desses especialistas.
A chácara era muito confortável e o nosso
anfitrião foi extremamente simpático e solícito. A sua família igualmente se portou de uma forma muito
hospitaleira e veio nos conhecer, abasteceu a despensa e a geladeira da
casa, nos ofertou garrafões de vinho e muitos cachos de uva in natura,
quando fomos embora dali, no domingo. Aliás, era uma quantidade absurda de
uva, que nos supriria pela turnê toda e chegaríamos em SP com ampla
sobra para divisão total entre todos da nossa comitiva. Estava a ser tudo uma maravilha, no entanto, uma molecagem
que ocorreria dois dias depois em Porto Alegre, impediu isso, e no momento oportuna eu relatarei os fatos lamentáveis que fizeram com que as uvas
fossem inutilizadas.
Bem, após um descanso, banho reconfortante e
jantar, fomos para o show.
Um amigo do Evandro Demari, saxofonista, nos foi
apresentado e o Junior de pronto o convidou para uma participação de
improviso e ele aceitou, ainda que a relutar um pouco por sentir-se
inseguro. A ideia foi fazer um solo em "Sunshine" e nós o tranquilizamos,
pois seria um looping no fim da música, com poucos acordes etc.
A
casa de Shows em que tocaríamos, chamava-se: "Boulevard".
Era bem montada e na
verdade, era uma boite da burguesia local, nem um pouco preocupada em
fomentar arte & cultura, mas apenas entretenimento, ambiente para
bebedeiras, paqueras e desdobramentos disso tudo.
Quando chegamos, a
casa já mantinha um grande público no seu interior, mas era nítido que
seria um show burocrático, sem interação com essa plateia. Para
intensificar essa percepção, o som mecânico que tocava era híbrido e
disparatado. O DJ da casa tocava um pagode, e a seguir, uma música sertaneja, depois um Pop lamentável desses ao estilo do
R'n'B modernoso norte-americano, "música" eletrônica, e a seguir, após uma salada de frutas
indigesta nesses termos, o nosso show de Rock autoral poderia ser um
fator insuportável para aquele público nada preparado para receber-nos.
Por
incrível que pareça, estávamos resignados com tais disparidades, por já
termos enfrentado situações análogas anteriormente, portanto, não seria
algo insuportável de se fazer. Mas o que estragou mesma a nossa noite, não foi o show em si, mas um impasse criado pelo sócio-motorista e a sua "comitiva"...
Continua...
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
terça-feira, 29 de setembro de 2015
Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 158 - Por Luiz Domingues
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