terça-feira, 22 de setembro de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 151 - Por Luiz Domingues

Fomos tocar então no horário determinado. Haviam muitos fãs da banda, o que deixou o clima muito agradável para a nossa performance. Entretanto, a grande maioria do público pareceu estar apático, e disperso pelas mesas mais distantes do palco. Assemelhava-se a um público Rocker, pelo visual dessas pessoas, mas surpreendentemente, não demonstravam interesse na nossa performance. Isso não nos aborreceu, absolutamente, mas nos causou espanto, é bem verdade.  
O importante foi que o show foi bem animado entre nós, com os verdadeiros fãs da banda a demonstrar no semblante e na gesticulação que estavam extasiados. Na abordagem pós-espetáculo, fomos agraciados com o carinho desses fãs, e sobraram histórias bonitas da parte de fãs mais veteranos, a nos falar sobre as andanças da Patrulha do Espaço por Limeira-SP na década de oitenta e de fato, a cidade mantinha uma tradição de gostar da banda e vice-versa. O Bar da Montanha nos recebeu muito bem, e as portas ficaram abertas para voltarmos em tal espaço em outras ocasiões. De fato, voltaríamos lá algumas vezes no futuro.

Quanto à reação apática de uma parte do público, os donos nos falaram que se mostrava normal tal comportamento vindo daquelas pessoas. Por incrível que pareça, na visão deles, essa turma gostava de Rock vintage, mas não demonstrava entusiasmo, naturalmente. Ficavam sempre tão entretidos com as suas conversas particulares nas mesas, e tendiam a não prestar atenção nas bandas, portanto, não foi nada contra nós ou pelo fato de sermos uma banda autoral.

Muito bem, "cada louco com a sua mania", como se diz no jargão popular.

Na saída, enquanto os roadies carregavam o nosso equipamento para o ônibus, um fato bizarro ocorreu. Um cão vira-lata, a parecer deter alguma descendência "poodle", ficou a rondar o ônibus. Lembro-me que a sua sujeira era incrível, e seu pelo se parecia com uma fantasia de gás carbônico. Todos se afeiçoaram ao bichinho e logo surgiu alguma comida para tirá-lo do sufoco de sua vida como um desabrigado contumaz. Nos contaram que ele era conhecido no bairro e não tinha dono etc.

Quando já estávamos na estrada, a voltar para São Paulo, ouvimos ruídos estranhos vindo do compartimento onde o equipamento se alojava. Fomos ver o que era aquilo e bingo... lá estava o cachorrinho! O carrier/roadie, resolveu adotá-lo e o colocou no ônibus por sua conta.

Bem, acho que o bichinho apreciou a oportunidade que a vida lhe deu, é claro. Alguns dias depois, quando encontramos o carrier para cumprirmos uma nova etapa da turnê, quando ele nos contou que após um banho e tosa, o animal se mostrou branco de fato, e o cinza em questão fora uma cor adquirida pela vida sofrida sem um lar.

Assim foi o show em Limeira-SP. Aconteceu no dia 6 de janeiro de 2002, um domingo, no Bar da Montanha e com cerca de quatrocentas pessoas no estabelecimento. Para a nossa sorte, mais da metade estava realmente a apreciar e interagir conosco.

A próxima etapa da turnê prosseguiria na semana seguinte, com mais três shows marcados para o interior de São Paulo, e uma escapada fora do nosso estado, rumo ao estado do Paraná.
Continua...

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