Autobiografia na Música - Pedra - Capítulo 27 - Por Luiz Domingues

Sendo assim, logo que notaram a realidade, os demais membros do Pedra ficaram chateados com essa postura esdrúxula da MTV, que realmente estava completamente desinteressada em difundir música, há tempos. Lembro-me que o Xando ficou inconformado com esse desdém, e chegou a enviar e-mails à sua cúpula, para realçar o disparate de nós termos gastado tempo, dinheiro e energia, fora a questão da qualidade incontestável do clip, com excelente direção, fotografia, iluminação, edição, e a assinatura do diretor, Eduardo Xocante, dono de um currículo invejável no mercado, e curiosamente um pioneiro da própria MTV, pois ele trabalhara nessa mesma emissora, como editor de imagens, do início de suas atividades em 1990, até a metade da década, pelo menos.

Um funcionário subalterno, respondeu ao emitir evasivas, as ditas, desculpas esfarrapadas e quando se convenceu que seria inútil prosseguir nas reclamações e lamentos, o Xando deu por encerrado o desabafo. 

Mandamos a cópia do nosso clip também para o programa: "Alto Falante", da Rede Minas, e retransmitido aqui em São Paulo na ocasião, pela TV Cultura. Eu fui o que mais mantive esperanças a respeito de uma boa acolhida por parte dos produtores dessa atração, por assistir o programa regularmente e verificar que ao contrário da MTV, emissora onde eu achava pouco provável, no "Alto Falante" só falava-se sobre bandas independentes, praticamente.

Enviamos o material, mas nenhum sinal de recebimento foi emitido por conta de produção do mesmo. Mandamos novamente e nada ocorreu. E-mails foram mandados e nenhuma resposta, obtivemos.
A cada semana, eu via com esperança a veiculação do programa e nem sinal de Pedra. Ainda em 2005, o Rodrigo fez contato com um produtor cultural de Belo Horizonte, que era fã da Patrulha do Espaço, e conhecia o nosso trabalho com essa nossa nova banda, Pedra, a contar com a minha presença e Rodrigo na formação. 

Ele era amigo dos produtores e apresentadores do Alto Falante e dai, propôs levar o nosso material em mãos. Enviamos então um terceiro material, desta vez endereçado a este amigo que o levou em mãos aos responsáveis pelo programa. E o que aconteceu? Nada... nem uma justificativa obtivemos.

A nossa percepção só adveio tempos depois, quando enfim percebemos que tal programa era comprometido com uma outra orientação artística, ligada ao mundo dos festivais de música independente e leia-se, dessa forma, a linha fechada com o mundo do “indie rock”.  

O Xando ficou muito chateado, e acho que foi o que mais sentiu esse desdém generalizado. Não que eu não houvesse aborrecido-me. O que ocorreu, foi que àquela altura, com quase quarenta e cinco anos de vida, e vinte e nove de música profissional, eu estava calejado pelo sentimento de sempre esperar pelo revés, se é que isso tenha sido uma forma de autodefesa ou algo similar.

Continua...