sexta-feira, 29 de maio de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 278 - Por Luiz Domingues


Com o apoio do amigo/fã/roadie, Eduardo Russomano, mobilizamo-nos, e a sua primeira dica foi sobre um pequeno salão pertencente a uma associação cultural formada por descendentes de japoneses, como possível local para alugarmos. Segundo o Russomano, a localização era muito boa, próxima do centro da cidade de Bragança Paulista/SP, e teria uma vantagem, aliás duas: 

1) Ele conhecia pessoas da diretoria de tal associação para intermediar as tratativas e; 

2) Sabia de antemão que o aluguel ali seira barato.

Com tal afirmativa, fechamos com a Associação Nipo-Brasileira, o aluguel do seu salão de festas e checamos orçamentos de P.A. e luz na região. Se fosse da própria cidade, melhor ainda para minimizar custos.  Fechamos um apoio na emissora de rádio local, sem custos, com chamadas grátis, em troco de patrocínio, nos cartazes e faixas que mandaríamos fazer e espalhar pela cidade.

Em São Paulo, eu conversei com o Luiz Calanca, e consegui apoio da Baratos Afins, que viabilizou uma verba, e assim pagamos a despesa de gráfica para confeccionar o material. As faixas, mandamos fazer na própria cidade, e obviamente que os seus próprios fabricantes teriam todo o esquema para colocá-las nos principais pontos da cidade. Pareceu estar tudo bem azeitado e esperávamos por uma bilheteria forte que cobriria a despesa com o equipamento alugado, a nossa viagem e pequenas despesas com alimentação.

O Zé Luiz foi duas ou três vezes até Bragança Paulista/SP no mês de abril (fora a viagem que ele fez para o Rio!), a usar a sua moto, onde ele pode concatenar toda a produção e assim entregou o material com cartazetes ao amigo, Russomano, que prontificou-se a espalhá-lo com os seus amigos pela cidade.

Pareceu ser uma produção que proporcionaria um impulso ao "Núcleo ZT", e aconteceria logo depois do show no salão de festas do Palmeiras, portanto a pegar-nos novamente em um embalo de apresentações seguidas. Entretanto, a corroborar a máxima que sempre cito: "o telefone estava a tocar" para nós, nessa época. Por exemplo, recebemos mais um convite para participarmos do programa "Realce", da TV Gazeta de São Paulo. Aconteceu no dia 17 de abril de 1986. Desta vez, foi ainda mais hilária a nossa participação, pois antes de entrarmos no cenário, o apresentador, Mister Sam, estava a gravar uma entrevista com duas garotas que eram modelos de desfiles de moda. Falavam então sobre a sua carreira e tudo mais, e claro, eram lindas e muito insinuantes em seus trajes que lhes valorizaram as curvas femininas. Quando acabou a gravação da entrevista com essas moças, o Sam, naqueles seus improvisos malucos e repentinos, pediu para que elas participassem da nossa gravação, e elas aceitaram. Infelizmente, não existe registro em vídeo dessa aparição. Se surgir uma cópia, obviamente que o posto no You Tube, imediatamente. 

Pois bem, o que tais moças fariam? Pois é, foi hilário dublar com as moças a dançar aquelas "pauleiras" ("Anjo Rebelde" e "Segredos"), sem a menor noção, claro, por não estarem acostumadas com Rock pesado. Digno de nota, no camarim do estúdio da TV Gazeta, encontramo-nos com o pessoal do "Ira", que também gravaria a sua participação no mesmo programa. 

 E um convite inesperado e irrecusável novamente colocou-nos sob uma espécie de situação embaraçosa. Uma nova versão do evento conhecido como: "Praça do Rock", ocorreria. No entanto, seria realizado em outro espaço, pois os moradores do entorno do Parque da Aclimação, haviam organizado um abaixo-assinado, e com a intervenção de políticos famosos do bairro da Aclimação (até deputado federal, se envolveu na questão), pressionaram a prefeitura e dessa forma, o evento fora cancelado naquele seu espaço tradicional.

Porém, os seus abnegados produtores não conformaram-se e mediante a pressão na Secretaria de Cultura e na Paulistur (o departamento de eventos turísticos culturais da prefeitura de São Paulo), trataram por achar uma solução, ainda que amargassem um hiato de meses sem a realização do evento, a esperar a burocracia oficial tomar uma posição. Então, ficou determinado que a nova versão da "Praça do Rock" realizar-se-ia doravante no Parque do Carmo, um imenso Parque público (muito maior que o Ibirapuera que já é gigante por si só), localizado no bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo.
O abnegado produtor musical, Antonio Celso Barbieri, que costumava apresentar as edições da "Praça do Rock", quando realizadas no Parque da Aclimação
 
Foi ótimo terem lembrado-se de nós, e a convidar-nos a fazer parte dessa nova fase do evento, em casa nova. Entretanto, a tal situação embaraçosa estava concretizada, pois a data do evento fora marcada para um dia após o show do Palmeiras, portanto, com o nome d'A Chave do Sol a constar da divulgação desse evento, seria um constrangimento para nós, perante os produtores do show do Palmeiras. Isso por que ficaria óbvio que esse show da Praça do Rock fora marcado bem depois, e nós sabíamos que eles ficariam chateados conosco, por que todo o empenho fora efetuado em prol  desse show, e não haveria cabimento em empenharmo-nos em divulgar o outro, que seria gratuito. Enfim, repetimos a mesma situação de 1985, quando tocamos em um sábado no Sesc Pompeia, e no domingo, fizemos a Praça do Rock com entrada gratuita. Falo no próximo capítulo, sobre o show realizado no Palmeiras, e retomo essa história sobre a nossa nova participação no evento Praça do Rock e o de Bragança Paulista/SP, a seguir a cronologia do relato, a seguir.


Continua... 
 

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