Depois de gravada a fita no referido estúdio, nos movimentamos para preparar o material de divulgação. Não queríamos incluir o EP de 1985, no pacote de tal material, por motivos óbvios, e amplamente já comentados anteriormente. Todavia, a não inclusão do EP de 1985 no pacote, praticamente inviabilizara a presença do compacto de 1984, e explico o por que: por nossa própria culpa, a reunir tantas mudanças de formação e sonoridade em tão curto espaço de tempo, tais acontecimentos poderiam denotar aos executivos de gravadoras, um aura de instabilidade emocional e dessa forma, a má impressão decorrente de tal comportamento, poderia prejudicar a nossa imagem. Portanto, a ideia seria em centrar o áudio sobre as músicas novas da demo-tape, e as menções aos discos oficiais lançados, dar-se-iam através das matérias e resenhas do portfólio em anexo, além do release e histórico, tão somente. Além dessas peças básicas, seriam incluídas algumas fotos da banda em caráter promocional, e estaria pronto assim, o material que seria entregue às gravadoras.
Tínhamos pressa e segundo o nosso amigo, Charles Gavin, ele só poderia ajudar a interceder pessoalmente em nosso favor, dali a algumas semanas, graças à sua agenda de compromissos muito cheia, com os Titãs. Então, ao burlarmos a prudência, decidimos fazer o pior tipo de abordagem possível, ou seja, nós mesmos tomarmos a dianteira. Essa é de fato, a pior maneira para se tentar uma abordagem profissional, por que é bastante nociva a ideia do próprio artista tentar fazer um contato desse nível. O bom-tom nesse tipo de negociação, reza que alguém faça a abordagem sem a presença do artista em questão, ao menos nos primeiros contatos. O ideal é a presença de um empresário, manager ou agente. Sob uma segunda instância, um produtor, pelo menos, mas nunca o artista em pessoa, pois denota amadorismo.
Ao ignorar tal praxe do métier, combinamos de levar tal material ao Rio, assim que ele estivesse pronto. Tínhamos a pressa, pois o tempo urgia e desde 1984, a obsessão em entrar para o elenco de uma gravadora major, assolava-nos psicologicamente, digamos assim. Tínhamos em mente o objetivo de termos enfim a infraestrutura que uma gravadora major oferecia aos artistas, e naquela época (e desde décadas passadas), realmente, estar inserido no elenco de uma gravadora major foi o sonho de consumo de qualquer artista. O nível de investimentos e mordomia dos quais desfrutava-se através de uma situação dessas, era muito grande, e ao ir além, determinante para catapultar uma carreira.
Então, quando o material ficou pronto, o Zé Luiz prontificou-se a ir ao Rio, para conduzir tal material diretamente nas mãos do produtor, Liminha. Como o Zé Luiz tinha uma de suas irmãs a morar em Ipanema (Eliane Dinola), havia a infraestrutura para ele hospedar-se, além do apoio logístico e emocional que teria, e de fato, a irmã dele torcia para nós com bastante entusiasmo, e ajudar-nos-ia outras vezes no futuro, além dessa. Com a sua mochila a conter dois materiais completos, lá foi o Zé Luiz para o Rio em abril de 1986, rumo à WEA, e também à BMG-Ariola, onde de última hora surgira uma pessoa que detinha um contato bom em tal gravadora.
Continua...
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