A retroagir um pouco na cronologia, mas ainda a falar sobre a fase do Fran Alves com a nossa banda, em 1985
Ainda a comentar sobre o jornal/fanzine do nosso fã-clube, o sucesso foi
enorme entre os fãs que o receberam, e claro que animamo-nos a
prosseguir, a fim de melhorá-lo cada vez mais.
Em princípio, tentamos mantê-lo então com
a periodicidade trimestral, e apesar da crescente chegada de novos membros,
mantivemos o envio gratuito para todos, por que o caixa da banda permitira
esse gentileza, e claro que foi um investimento de carreira que valeu a pena, visto que graças à essa propaganda, não
fomentávamos só a carreira da banda, de forma indireta, mas também
movimentávamos o merchandising da banda, com a venda de produtos,
naturalmente.
Nesses termos, lançamos o número 2, em setembro de 1985, com uma pequena melhora no formato do primeiro, ao acrescentar uma página a mais (na verdade, como verso e reverso), além de uma nítida melhora no seu lay-out.
Os tópicos do número 2, foram os seguintes:
1)
Disco - Anunciamos o lançamento oficial do disco com uma breve
descrição da ficha técnica e repertório do mesmo, além da instrução para
adquiri-lo através da loja Baratos Afins.
2) TV - Muitas dicas de
programas que fizemos recentemente e alguns onde haveria a perspectiva de
aparecermos e que culminou em não se concretizar, tais como: "Clube dos
Esportistas" (TV Record); "Destaques" e "Foco" (TV Gazeta); "Batalha 85"
(TV Bandeirantes),"Perdidos na Noite" (TV Record, e sobre este
inclusive, eu já contei uma história hilária aqui...) e "Marília
Gabriela" (TV Bandeirantes). Além de falar que a TV Cultura ainda não
havia dado uma perspectiva concreta sobre o programa: "Trilha Sonora", cujo piloto nós
participamos, mas na verdade, tal programa nunca foi aprovado e morreu
nos arquivos daquela emissora.
3) Rádio - Falamos sobre muitos
programas de rádio que houveram tocado as nossas músicas e citado-nos com
testemunhais. De fato, ao longo desta autobiografia, eu falo bastante de
emissoras que nos auxiliaram bastante, ao executar o nosso trabalho em suas
respectivas programações (Fluminense FM do Rio; Ipanema FM de Porto
Alegre, 97 FM de Santo André/SP, entre as mais significativas), todavia, tivemos apoio de inúmeros programas de rádio, isoladamente, mesmo que
a tocar alguma música nossa ao menos uma vez, seguido de um pequeno
testemunhal. Neste número do jornal, citamos alguns deles, tais como :
Sinergia (USP-FM); Rádio Matraca (USP-FM), Matéria Prima (Cultura FM),
"Tempo de Rock (Alvorada FM - Ribeirão Preto/SP), Sessão Rockambole (97
FM - Santo André/SP), Heavy Metal Rock (FM Notícia - Americana/SP),
Super Stars do Rock (Eldorado FM - Bauru/SP), Concerto de Rock
(USP-FM), Central Rock (Ipanema FM - Porto Alegre/RS) e "Rock Expresso (
Cultura AM).
4) Revista - Anunciamos uma entrevista que
concedemos à Revista "Visão", uma revista de economia e negócios,
predominantemente, mas que esboçara o desejo em ter um caderno cultural e ampliar
assim o seu leque jornalístico. Outro elemento bastante exótico para nós,
foi uma entrevista que foi publicada na revista "Amiga", uma revista
popular/popularesca, mais centrada no metiér da TV, e em artistas da
música brega da ocasião. Entretanto, por um lado, foi genial para nós estarmos a ser publicados fora do
nicho fechado do Rock e a alcançar por conseguinte, um novo público. E seguia uma tendência
que tínhamos iniciado com várias incursões em programas de TV
populares, ao estilo dos ditos, femininos, na TV, desde 1984.
Ainda a falar sobre revistas, anunciamos com ênfase, o lançamento do álbum de figurinhas
onde A Chave do Sol também esteve representada com um cromo e anunciamos
uma outra misteriosa novidade, que viria a ser o songbook de partituras que
na verdade nunca concretizou-se, e cuja história de sua frustrada produção, eu já contei com detalhes,
muitos capítulos atrás.
5)
Claro que a ênfase sobre os próximos shows que aconteceriam, recaiu
sobre os shows de lançamento que faríamos através de uma uma micro temporada no Teatro
Lira Paulistana, em setembro de 1985.Há um comunicado em tom de desabafo, que ao ler hoje em dia soa hilário e doa qual faço questão em transcreve-lo:
"O show do Radar Tantã (20 de setembro de 1985), foi cancelado por falta de profissionalismo dessa nefasta danceteria"
Soa engraçado o meu desabafo nos dias atuais, mas realmente nós tínhamos uma data marcada para atuarmos nessa danceteria, mas decadente ao final de 1985, tal estabelecimento não atraía mais para as suas dependências, aquela multidão que
costumava arrebatar nos seus primórdios de 1984, portanto, o trato
fácil, com o oferecimento de cachês robustos (muitos capítulos atrás, eu contei a incrível
história de nossa apresentação nessa casa, em julho de 1984), não era mais a
realidade daquela casa de shows, portanto, o cancelamento sumário, após
termos disparado a nossa divulgação via mala postal, portanto a gastar dinheiro,
gerou frustração, daí o tom de desabafo no fanzine, mas ao pensar hoje em
dia, acho que nos livramos de uma situação embaraçosa, isso sim...
6)
Falamos sobre o espaço de merchandising presente em nossos shows, que doravante seria
uma constante e com a presença do Edgard Puccinelli Filho em seu comando, o "Extraterrestre
que viera do Planeta Glapaux", segundo alardeávamos. Essa fora uma propaganda ao estilo "Sci-Fi" que eu
forjei, ao evocar o Rock setentista, certamente, e que fornecia um efeito
positivo para chamar a atenção. Claro que o Edgard aceitou a brincadeira e
apreciava o assédio das meninas com essa história de ser um extraterrestre
radicado no planeta Terra etc. e tal...
7) Um curioso adendo ao
tópico sobre shows que passaram, deram conta de que o Rubens estava a
usar um transmissor da marca Nady, modelo GT 49. Esse foi um típico recurso
tecnológico da década de oitenta e na verdade, foram poucos no Brasil, os que dispunham da
possibilidade para possuir um desses aparelhos naquela época, daí o destaque dado, como se
fosse uma grande novidade tecnológica da banda e de certa forma, foi isso mesmo.
E
mais curioso ainda, foi a observação em defesa do Fran Alves, quando eu escrevi
que seria a hora dos fãs pararem de reclamar da presença dele como
vocalista, e sonharem com a volta do trio instrumental de outrora.
Infelizmente, lutávamos contra a maré e a rejeição à participação do
Fran em nossa banda foi muito grande. Tanto que alguns dias depois dessa
edição chegar ás residências dos membros do fã-clube, ele anunciara a sua
vontade para sair da banda. Foi uma tendência inevitável, infelizmente.
8) Outra questão que hoje em dia soa hilário! Anunciamos
que este seria o último número enviado gratuitamente para as pessoas,
pois a despesa não poderia ser mais coberta pelo caixa da banda.
A
frase final do comunicado, é uma pérola: "Aproveitamos para deixar
claro que esta situação não foi imposta por nós, mas sim pelo sr. Delfim
Neto!
Hilário, o velho Delfim e o seu "milagre econômico" não teve meios para colaborar com o fã-clube d'A Chave do Sol...
8)
Anunciamos que estávamos a vender fotos em geral da nossa banda, doravante. De fato, tal receita ajudou-nos bastante a tocar o fã-clube e ajudar a divulgar a banda por
extensão.
9) Fã-clubes que estavam a apoiar-nos: "Quiet Riot of
Bad Girls Fan Club; Karisma Dirt Club, SP Liga Metálica; Neapdor Club do
Rock, Heavy Metal Maniac e Rock Brigade Fan Club de Heavy Metal. A
tendência foi essa mesma, ou seja, havíamos feito a opção em acompanhar essa turma, a partir de 1984, e assim fomos nessa linha. Mesmo não que não tivéssemos nada a ver com o mundo do Heavy-Metal, muitas pessoas enxergavam-nos dessa
forma e claro que o apoio, ainda que inadequado em termos estéticos, foi sempre bem-vindo.
Com
essa história da crise financeira que não permitiu-nos prosseguir
a enviar gratuitamente para todos os fãs cadastrados, criamos uma faixa
de membros que tornaram-se apoiadores financeiros. Claro que os
interessados em colaborar representaram uma fatia ínfima do contingente
total, mas ficamos muito surpreendidos com a adesão, que beirou cento e cinquenta
pessoas aproximadamente. Entretanto, tivemos um atraso operacional com
essas mudanças e o terceiro número que deveria ter sido disponibilizado em dezembro, acabou
por ser distribuído em janeiro de 1986.
Tornou-se rotina para nós, administrarmos
também a entrada de recursos financeiros, e também com o movimento de
vendas pelo correio e na barraca dos shows, e assim, uma contabilidade caseira,
foi estabelecida, para não misturar com o dinheiro dos cachês de shows e
acertos com a venda de discos da gravadora. Foram três receitas
distintas e esforçamo-nos para não misturá-las para que o fã-clube
pudesse ser gerido com seus próprios meios, sem recorrer ao caixa da banda
propriamente dito.
E um outro
fator: o volume de trabalho para o fã-clube, cresceu muito e quando
1986 chegou, começamos a cogitar seriamente a possibilidade de
contratarmos um funcionário, a pagar salário etc. Seria em princípio,
algo informal, pois ainda não tínhamos condições para abrir uma firma
oficialmente a falar, com CNPJ e demais oficializações contábeis e
governamentais, mas foi uma possibilidade de médio prazo inevitável para almejarmos, eu
diria.
Por enquanto, a única certeza que tivemos, foi que o
volume de trabalho e movimento financeiro estava a aumentar, e isso
tomara o meu tempo e do Zé Luiz, ao prejudicar a rotina de ensaios da
banda. Logo mais, eu falo sobre os demais números, até alcançar a cronologia onde encontr-me na narrativa. Lançaríamos o terceiro número, ao início de 1986, e daí, já com a presença do Beto Cruz como membro da formação.
Continua...
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
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