domingo, 31 de maio de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 310 - Por Luiz Domingues


Muitas visitas apareciam em nossa sala de ensaios, desde os primórdios da banda, em 1982. Na maior parte do tempo, amigos que gravitavam em nossa órbita, costumeiramente, é claro, mas muita gente que teve envolvimento profissional de ocasião, também circulou pela residência da família Gióia, nos anos em que ali trabalhamos, no famoso quarto da edícula. Contudo, houve também uma terceira via, que foi a de visitas completamente inesperadas que vinham sem avisar e algumas vezes por conta de convites não necessariamente formulados por nós, membros da banda.
Foto de janeiro de 1984, com Rosana Gióia a participar da gravação dos Backing Vocals da música: "Luz". Ela usa camiseta preta com a estampa da capa do LP "Black Sabbath Volume 4"

Nesses termos, muitos amigos, e amigos dos amigos da irmã caçula do Rubens, Rosana Gióia, por exemplo, apareciam inesperadamente, e para nós isso nunca foi problema, por não causar um grande incômodo.

Em uma dessas situações (adolescentes amigos dela, da escola, geralmente), apareceu um rapaz que era amigo de um amigo dela.
Serei sincero: não me lembro dessa situação que vou descrever especificamente, ali no calor dos acontecimentos. A minha lembrança sobre visitas de amigos e agregados da Rosana Gióia, é uma verdadeira "mônada", por misturar-se, portanto, sem que haja alguma ocasião, ou pessoa que se destaque em específico.

Contudo, a citar um fato futuro, no ano de 2002, eu tive uma surpresa incrível, quando um guitarrista conhecido mundialmente, contou-me com emoção, que foi ele o tal garoto amigo do amigo da irmã do guitarrista d'A Chave do Sol, e a experiência de assistir um ensaio da banda que ele admirava pelas apresentações nossas que via pela TV, principalmente, nunca fora esquecida por ele. Ao ir além, ele foi taxativo, ao dizer que tal visita fora a gota d'água em sua vida, pois saíra decidido a se tornar um músico profissional, após ter tido a confirmação de que aquela vida, foi a que desejou ter, ao ver-nos ensaiar. O seu nome... Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura...

Convido os leitores a ler com maiores detalhes esse relato sobre como Andreas Kisser me fez essa revelação, no capítulo mais adequado, que é o da Patrulha do Espaço, onde na cronologia correta, contei com detalhes essa história, ocorrida em janeiro de 2002.  Aqui, o comentário é an passant, pois no calor dos acontecimentos de 1986, eu não poderia imaginar que aquele garotinho imberbe tornar-se-ia um dos mais famosos guitarristas do mundo, aliás, nem ele imaginaria isso naquela época, embora devesse sonhar com isso, naturalmente...

Outro caso de visita exótica e inesperada é muito mais vívido em minha memória, e passarei a relatá-lo agora. Estávamos a  ensaiar um dia, na maior rotina, e sem expectativa para receber ninguém naquele dia em específico, quando ouvimos, em um momento em que não tocávamos, alguém a bater na porta. O Beto estava mais próximo e tomou a iniciativa de abri-la, e imediatamente nos espantamos com o grito que ele deu: -"Ferrugem!"

Foi quando surpreendemo-nos com a presença do famoso ator/ comediante da TV; teatro & cinema, e também muito conhecido pela sua atuação em comerciais de TV. Ficamos atônitos, naturalmente, por que nenhum de nós o conhecia, ou sabia de alguém da nossa relação que o conhecesse. A explicação para a sua presença ali, foi no sentido dele ser um amigo do amigo da irmã do Rubens, como muitas vezes aconteceu em relação a outras visitas.

O próprio Ferrugem ficou muito perplexo também, com a recepção escandalosa que o Beto lhe fez, e a justificativa da parte dele, Beto, foi de que o recebera daquela forma contundente por que ele, Ferrugem, era obviamente famoso e portanto, ficara contente com a sua presença. Bem, isso foi uma verdade.

O Ferrugem era/é, um sujeito sensacional, e o clima de sua visita foi marcado pela extrema camaradagem, com muitas brincadeiras, risadas, e foi de fato uma tarde e noite das mais agradáveis para todos.

Entretanto, houve uma outra surpresa vinda da parte dele: ao alegar ser baterista e paralela à carreira de ator-comediante e garoto propaganda, manter na época uma banda cover do Whitesnake, tal informação surpreendeu-nos. Eu, particularmente, não imaginava que ele fosse músico e ainda melhor, um Rocker. Portanto, claro que o convidamos a tocar no ensaio, e mais uma vez me surpreendi, pois a sua pegada como baterista era a de um profissional, com peso e técnica. Nos divertimos muito a tocar várias músicas do Deep Purple, Led Zeppelin, Whistesnake, Rainbow etc.

Ao final nos despedimos com a promessa de reencontrarmo-nos em shows, mas por um acaso, isso nunca concretizou-se, infelizmente.
Só fui vê-lo novamente nos anos 2000, mas de forma muito fortuita, pois eis que eu estava a circular por uma rua do bairro da Aclimação, na zona sul de São Paulo, e nos reconhecemos no trânsito, cada um em seu carro, mas a circunstância do tráfego não nos permitiu parar e conversarmos naquele momento, portanto, ficamos só a nos comunicar mediante "buzinadas" e acenos. Bem, contada essa história, falo agora sobre a "banda de quartinho" que montamos, como uma brincadeira, com o Beto Cruz a tocar baixo, e eu na bateria...
Continua...

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