sexta-feira, 29 de maio de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 277 - Por Luiz Domingues


Independente da ação perpetrada pela dupla de jovens empresários  firmar-se ao ponto de trabalharem conosco a posteriori, tomamos uma resolução interna. Pensamos em criar uma espécie de autogestão empresarial, ao abrir espaço para pequenas autoproduções, que poderiam ocorrer em paralelo, independente de dar certo ou não com esses rapazes, ou um outro manager que aparecesse. Como eu disse anteriormente, estávamos muito apreensivos quanto à demora em não encontrar alguém adequado ou minimamente astuto para aproveitar o "momentum" da banda, portanto, resolvemos dar esse passo, internamente a falar. E a primeira ação que tivemos nesse sentido, foi no sentido em produzir um show no interior de São Paulo, uma semana depois do espetáculo que faríamos no salão de festas do Palmeiras, na capital.

Seria uma oportunidade para testar a nossa capacidade de autogestão, e não foi à toa que escolhemos a cidade de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, para fazer esse show teste de autoprodução. Em primeira instância, claro que pareceu loucura produzir um show fora da cidade de São Paulo e o foi mesmo. Contudo, tivemos fortes indícios preliminares de que uma produção ali seria uma ação certeira, em termos de perspectiva para lograrmos êxito. Por que ?

Primeiro porque havíamos feito um show em 1985, naquela mesma cidade, e constatamos que tínhamos muitos fãs locais. O segundo ponto, foi que havíamos feito dois shows na cidade vizinha também, Atibaia, no ano de 1984, e lá também houvera sido constatado a existência de um público Rocker. Em Atibaia/SP tivemos o apoio de um fã abnegado, chamado Hélcio Junior, que inclusive eu citei muitas vezes quando comentei fatos acontecidos em 1984, muitos capítulos atrás. E um outro fator, em Bragança Paulista/SP, não seria diferente nesse aspecto do apoio local angariado, imaginamos, mediante o apoio de um grande fã, que tornou-se amigo e roadie da banda, logo a seguir, ainda em 1986, o saudoso, Eduardo Russomano.

Russomano morava em São Paulo, mas a sua cidade natal era Bragança Paulista e lá, ele conhecia a cidade inteira, principalmente a comunidade Rocker do município. Ao ir além, ele conhecia Rockers das cidades vizinhas, também, como Atibaia; Socorro, Piracaia, e Extrema (esta última localizada no estado vizinho de Minas Gerais, pois ali em Bragança Paulista, é muito perto da fronteira entre os dois estados, São Paulo e Minas). Então, baseado nesses fatos, achamos que seria uma experiência boa testar a nossa capacidade autogerencial, e resolvemos bancar a essa loucura.


Para tanto, criamos uma "firma" e se a experiência lograsse êxito, daríamos o passo para legalizá-la em todos os trâmites governamentais; cartorários, e fiscais, a torna-la o nosso escritório próprio de gerenciamento. Se arrumássemos um empresário de maior envergadura e claro que essa permanecia ser a nossa meta, o escritório próprio ficaria em estado de suspensão estratégica, porém, sempre estaria a postos para entrar em ação, em qualquer missão para que fosse designado.

Na verdade, o escritório em si já existia... todas as ações do nosso fã-clube eram tocadas por eu mesmo, Luiz e Zé Luiz, e assim, usávamos as instalações do consultório dentário do pai dele (Dr. João Baptista Dinola), localizado no bairro de Pinheiros (zona oeste de São Paulo), que mantinha em anexo, uma estrutura de escritório, com arquivos, máquinas de escrever e material de papelaria à vontade para usarmos, sob uma gentileza de seu progenitor. Com tal estrutura, não só gerenciávamos o fã-clube, como todas as ações de divulgação da banda saíam dali, na falta de uma assessoria de imprensa profissional. Então, a estrutura para o escritório de representação já estava lá, montado, e em pleno uso, desde 1983...

Dessa forma, eu e Zé Luiz criamos o "Núcleo ZT", um nome fantasia que designava por iniciais os nossos nomes, prosaicamente a falar, é claro, pois "Z" era de "Zé" e "T", de "Tigueis" (aquele apelido infeliz pelo qual eu fui conhecido naquela época).

Abroo um parêntese, acho oportuno como constatação, para deixar essa observação histórica: entre janeiro e abril de 1986, não fizemos shows, porém: 1) Preparamos uma demo-tape com seis músicas inéditas;
2) Filmamos um clip para a música: "Saudade";
3) Filmamos e lançamos o clip de "Sun City";
4) Nos envolvemos na produção do show no salão de festas do Palmeiras;
5) Criamos o "Núcleo ZT";
6) Começamos a produção do show em Bragança Paulista/SP;
7) Fomos ao Rio de Janeiro com a intenção em abordar gravadoras "majors" com a demo-tape em mãos;
8) Continuamos a trabalhar fortemente no fã-clube (e aliás, preciso em breve abrir um parêntese para falar com detalhes sobre a criação do informativo do fã-clube, que fez muito barulho entre os nossos fãs!)

Em suma: trabalhamos intensamente!

Continua...

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