Claro, veio à tona, a velha estratégia de marketing de achar que os Rockers mais radicais e desafetos das folias de Momo, compareceriam em massa, felizes da vida por um show de Rock redentor, para quebrar o tédio do feriado compulsório etc. Ao ir nessa direção, aceitamos fazer o show, mas particularmente eu temi por um resultado não tão eficiente. O Junior vinha de uma outra escola de administração artística no que tange o aspecto gerencial. O seu pensamento sempre convergia para a ideia de que após um show realizado com sucesso, imediatamente devia-se marcar outro no mesmo local, a aproveitar-se o embalo e o inevitável rumor que as pessoas que o assistiram, realizariam e dessa forma, a motivá-las a assistir de novo e ao ir além, para angariar mais gente ainda, influenciada por essa propaganda feita na base do "boca-a-boca".
Esse expediente fora muito comum nas décadas de cinquenta; sessenta & setenta, mas já não fazia sentido em pleno início de anos 2000. Nesse novo instante, as pessoas tendiam a reagir de outra forma, com a mentalidade em torno de darem-se por satisfeitas com o bom show que viram e sem que isso suscitasse a vontade para ver de novo. Entretanto, ele ainda não havia notado essa mudança comportamental e seguia a cartilha da produção à moda antiga e não apenas nesse caso do segundo show no Teatro Dias Gomes, mas em outras ocasiões também, insistiu nessa estratégia.
A vantagem desta feita, seria que tocaríamos sozinhos, sem ter que dividir a noite com outro artista, e não haveria ensaio dos atores da trupe de Oswaldo Montenegro, portanto, teríamos mais tempo hábil para montar e fazer o soundcheck. Por outro lado, toda a despesa de divulgação correria por nossa conta, além do fato de que teríamos de usar forçosamente o precário P.A. do Teatro, pois no show anterior, o reforço trazido por fora, houvera sido providenciado pelo Golpe de Estado. E outra desvantagem, estaria na questão do tempo hábil para realizar-se a divulgação, bem menos confortável do que a do show interior e com a agravante do próximo ser em uma data bastante ingrata.
Continua...
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