O quarto número do jornal informativo, saiu em abril de 1986. Com maior verba advinda da colaboração monetária dos membros do fã-clube que se inscreveram para continuar a receber o jornal, pudemos não só garantir o seu envio, como ampliar o seu formato, ao trazer ainda mais informações sobre as atividades da banda no trimestre enfocado. E os tópicos publicados foram os seguintes:
1) Disco: Falamos que realmente o Luiz Calanca sinalizara novas prensagens para o compacto de 1984 e o EP de 1985.
2) Rádio: A 89 FM de São Paulo realmente estava naquela altura a executar duas músicas do EP em sua programação: "Anjo Rebelde" e "Um Minuto Além".
Mencionamos novamente a maior apoiadora da nossa carreira, a Fluminense FM do Rio, e também a Ipanema FM de Porto Alegre.
"A Hora do Rock" (Rádio Progresso - São Carlos / SP); "Rock Time" (Rádio Cultura de Araraquara / SP), "Rock Festival" (Globo FM - SP) e "Disque Rock" (Imprensa FM - São Paulo), foram programas que haviam tocado e falado sobre A Chave do Sol.
Uma novidade foi que o Beto Peninha, do programa "Sessão Rockambole" da 97 FM de Santo André/SP, estava a anunciar o lançamento de uma revista impressa do programa, e que A Chave do Sol, constaria do primeiro número, mas isso não se confirmou posteriormente.
E uma rádio pirata, chamada: "Xilik", prometia um especial d'A Chave do Sol, com uma hora de duração para breve.
3) Revista: Matérias recentes haviam saído nas revistas Metal; Roll, Som Três, e agora anunciávamos enfim o lançamento do poster coletivo com quatro bandas, onde A Chave do Sol foi uma delas.
4) Uma coluna nova chamada: "Stars", visou citar pessoas famosas que haviam declarado apoio público para A Chave do Sol.
Não poderíamos perder a oportunidade de fazer tais menções que muito contribuíam para a formação de opinião. É bem verdade que muitas dessas citações não foram checadas, como se faz no jornalismo profissional. Fontes informais nos davam a notícia e nós tentávamos capitalizar ao nosso favor a opinião de pessoas relevantes. Claro, muitas foram comprovadas, mas algumas realmente não. Todavia, aceitávamos o boato como verdade, por que interessava-nos disseminar o boato (confesso!). Neste caso, alguém nos disse que o Raul Seixas teria escutado algumas músicas nossas, e teria elogiado o Rubens Gióia, ao compará-lo ao Sergio Dias, dos Mutantes. Nunca comprovamos tal informação, mas claro que publicamos como um fato cristalino...
5) Fã Clubes: Sempre publicávamos o endereço de outros Fã-Clubes que nos citavam em sinal de retribuição e união. De fato, recebíamos muitos fanzines em nossa caixa postal, com tais manifestações de apoio. Mas neste número quatro, citamos duas publicações do mundo mainstream, e que nos deram força, ao citarem o nosso fã-clube, especificamente e a divulgar-nos: A Revista Som Três e a Revista Bizz. Comemoramos muito tais manifestações, pois mostraram que o fã -clube ganhara visibilidade além da própria banda, e como ferramenta, pareceu aos olhos externos, um órgão independente da banda, mas na verdade, ninguém sabia que fora uma realização do "Núcleo ZT", ou seja, eu e Zé Luiz no comando, com sazonal apoio de outros amigos.
6) Fãs: É muito curiosa essa coluna, a corroborar a ideia de que o fã-clube crescia muito, talvez além da dimensão que lhe atribuíamos, pois estávamos a receber cartas da parte de fãs que queriam conhecer outros fãs para efetuar troca de correspondência e amizade... cerca de trinta anos antes de existir as redes sociais da internet, as pessoas tinham que buscar meios jurássicos para se aglutinar em torno de interesses em comum... então, publicamos o desejo e o endereço de um fã chamado Marcelo, morador da cidade de Campinas/SP.
7) Fran: Uma nota explicou de forma muito sucinta, a saída do vocalista, Fran Alves. Ao fazer uso do surrado clichê típico de release oficial de gravadora, alegamos as famosas "incompatibilidades musicais". E o fã-clube desejou boa sorte ao ex-vocalista d'A Chave do Sol. Ao ir além, reproduziu um factoide que fora um mero rumor no metiér do Rock paulistano, ao dar conta da volta do "Ano Luz", a sua ex-banda que encerrara atividades ao final de 1984. Que eu saiba, isso nunca ocorreu, na realidade.
8) Beto, o novo vocalista: um breve histórico sobre a sua carreira pregressa, acrescido de suas características como vocalista e guitarrista, além de insinuações tolas sobre a sua aparência, para agradar o público feminino. Uma mistura de press-release de gravadora com matéria da revista "Contigo", ou seja, hilário.
9) Jet Set do Rock : Eu divertia-me muito em ter uma coluna onde podia imitar o Ezequiel Neves, digamos sobre condições, "Totally Flamboyant" dos anos setenta...
Neste caso, eu descrevi com os exageros devidos, a festa de anti-carnaval que o Rubens promoveu em sua casa, em 1986. cabe destacar, portanto, foi o seguinte: quando aproximou-se o carnaval de 1986, o Rubens soube através do seu pai, que a família passaria tal feriado na casa de praia que possuíam em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. O Rubens adorava aquela casa em tal cidade praiana, e sempre a usava também, mas desta feita, ele resolveu não ir, e teve a ideia de promover uma festa em sua residência.
A aproveitar a ausência da família, a ideia evoluiu para algo além de uma festa promovida mediante o uso de um pick up a executar discos, na companhia de amigos, mas por que não, uma jam-session? A ideia ganhou proporção quando muitos músicos convidados, oriundos de diversas bandas confirmaram presença e com todo mundo a sugerir mais convites para outros músicos e a prometer ajudar com equipamento, para propiciar que na realidade, aquilo se transformasse em um show de Rock, dentro de uma residência, com a realização de jam-sessions. Nessa altura, convidamos o Luiz Calanca, proprietário da loja & gravadora, Baratos Afins, também, e até o jornalista , Antonio Carlos Monteiro, que aproveitou a oportunidade e entrevistou nessa oportunidade, o guitarrista, André Christovam. No entanto, o Calanca não compareceu, mas justificou a sua ausência ainda no mesmo dia. A brincadeira ganhou uma dimensão que não se esperava, e de-repente, o tal grito de "anti-carnaval" lotou a casa do Rubens e foi muito divertido, mesmo.
Em tal nota, cito a presença das bandas: Inox; Golpe de Estado, Salário Mínimo, Korzus, Centúrias, Abutre, Harppia, além de um músico da banda "Vírus", André Christovam e o trombonista superb, Bocato. E claro, a anfitriã da noite, A Chave do Sol, tocou também.
Todas as bandas tocaram, depois houve muitas jams mediante misturas de músicos entre as bandas, com jams etc. Um momento incrível de que recordo-me, foi quando o trombonista, Bocato se jogou ao chão e ficou a rodopiar como a imitar ponteiros de um relógio e a solar o seu trombone, para deixar todos boquiabertos com a sua performance ensandecida. Por volta das 2:30 horas da manhã, a campainha da residência Gióia tocou, mas não se tratou de um convidado a mais a chegar, mas sim da parte de um policial que pediu "delicadamente" que a festa se encerrasse imediatamente, por conta de várias queixas advindas da vizinhança. Bem, realmente um micro festival de Rock, em uma residência e durante a noite e madrugada, deve ter perturbado bastante... e foi a prova cabal de que nem todo mundo na vizinhança, viajara para aproveitar o carnaval fora da capital paulista...
10) Repertório: Mais músicas novas que saíam do forno e foram comentadas: "Sun City"; "O Que Será de Todas as Crianças (?)"; "Que falta Me Faz, baby"; "Solange", "Forças do Bem" e "Saudade", ou seja, canções que no mesmo mês de abril, seriam gravadas na demo (cuja descrição eu já fiz, alguns tópicos atrás), Além da canção: "O Cometa".
Também citei duas outras músicas que foram compostas nessa época, mas que foram descartadas da gravação e do set list de shows: "O Rock me fez assim", e "Dezoito anos", e esta última, cuja letra contava de forma bem humorada o receio de um jovem dessa idade que não desejava servir o exército. Uma outra canção que não vingou também nessa época, foi: "Vivendo pra Entender".
11) Fofoca : Como a festa de anti-carnaval na casa do Rubens ganhou coluna própria, aqui , eu segui com a linha iniciada em números passados, para falar dos membros da banda em atividades extra-musicais. Citei a tendência esportiva do Zé Luiz, em correr logo no início das manhãs pelo campus da USP, na cidade universitária. Isso foi 100 % verdade, pois o Zé Luiz era de fato um esportista em potencial, e costumava exercitar-se regularmente.
Mais uma vez a auto citar-me, mas pela via de um pseudônimo, falei que "eu" fora visto a frequentar regularmente, muitas salas de cinema alternativas, cine-clubes e similares. Foi verdade, e nesse ano de 1986, realmente eu mantive uma assiduidade enorme em eventos cinematográficos de porte underground, ao prestigiar mostras obscuras, assistir filmes absolutamente "vintage" em exibições realizadas em fã-clubes etc.
Lembro-me de até de ter visto: "Birth of a Nation", do diretor D.W.Griffith, que é um filme mudo de 1915, com três horas de duração, exibido sob uma tela improvisada, que na verdade foi um lençol branco estendido através de uma lousa (quadro negro), de uma sala de aulas da FAAP, graças à ação abnegada de alunos do curso de cinema que criaram um Cine-Clube amadorístico, sem apoio algum da faculdade (Cine-Clube Chico Boia), além do espaço de uma sala-de-aulas.
Uma declaração hilária (mas autorizada!) do Rubens Gióia, teve a clara intenção em atiçar a imaginação das fãs da banda e de fato, o Rubens era o galã da banda, e recebia muitas cartas com "cantadas", fora o assédio natural que sempre recebia nos shows. Eis a frase hilária: "Rubens Gióia andou a murmurar aos quatro cantos que está farto de experiências amorosas passageiras... agora ele quer uma mulher para um compromisso duradouro"...
Outra nota hilária, falou sobre o "ET" Edgard, que teria feito uma performance em plena Avenida Santo Amaro. Foi verdade, pois o Edgard adorava escandalizar em público com as suas vestimentas nada usuais e trejeitos tresloucados, mas isso era algo corriqueiro em sua vida e do jeito que eu citei, pareceu ser algo excepcional.
O poeta, Julio Revoredo em pessoa, em foto de seu acervo pessoal, datada de 1985
Falei também sobre o fato do poeta, Julio Revoredo, ter consigo algumas fotos inéditas d'A Chave do Sol em seus arquivos e que estava a planejar disponibilizá-las para o fã-clube. Isso não ocorreu na ocasião, por que o fanzine optou por outras matérias, mas esteve na pauta o tempo todo. Recentemente (2014), o poeta cedeu-me tais fotos, e elas já ilustram os capítulos d'A Chave do Sol, que estou a republicar neste Blog 2, e também no Blog 3.
Finalmente, citei a visita que fizemos ao estúdio Mosh, onde Os Inocentes gravavam um novo álbum, o primeiro deles pela WEA. Essa história será contada com detalhes na narrativa, pois contém informações muito importantes, e também traz momentos hilários que quero revelar aos leitores.
11) Equipamento: Uma descrição sobre as guitarras do Beto Cruz e seus pedais. De fato, cada vez mais o Beto participava como compositor na banda e a sua atuação como guitarrista, aumentava.
E na época, ele tinha duas guitarras sensacionais, uma Gibson Les Paul, e uma Gibson SG com dois braços. Essa na verdade foi uma guitarra que pertencera ao seu irmão, Claudio Cruz que estava por vendê-la, e o Rubens a usou no show que realizáramos na salão de festas do Palmeiras, em maio de 1986.
12) Perfil de Chave: Nessa edição, o enfocado foi Rubens Gióia e o texto investiu na descrição de como o nome, A Chave do Sol, houvera sido um sonho de sua infância etc. e tal.
13) TV: A descrição de um fato exótico ocorrido em um programa de TV, foi o mote principal dessa coluna. Participamos do programa "Realce" da TV Gazeta, pela sexta vez em nossa história, e um imprevisto não permitiu que o Zé Luiz participasse dessa específica aparição. Foi então que eu, Rubens e Beto fizemos a dublagem, a suscitar dúvidas para alguns fãs.
Na nota, apressamo-nos em esclarecer para não gerar especulações. Muito interessante lembrar desse fato, pois denotava o crescimento da banda que mesmo numa Era pré-Internet podia provocar reações públicas desse porte, gerando boatos.
Em tal nota dessa coluna, deu-se conta de que o Rubens participara de um comercial de TV, ao anunciar a marca de um calçado (um tênis), e esse comercial fora realmente ao ar. Além dele, fez parte dessa banda fictícia, Charles Gavin (Titãs); Renato (guitarrista do "Vírus"), e o cantor/compositor da MPB, Tatá Guarnieri.
De fato, após o advento do Festival Rock in Rio, muitas agências de publicidade insistiram nessa temática, e muitos músicos famosos ou emergentes, foram cooptados a participar de tais campanhas publicitárias. Geralmente produtores de agências ligavam para a Baratos Afins, a procura de músicos com visual de "Rocker moderno da estética do Pós-Punk", ou cabeludos Metaleiros". E foi por essa circunstância, que apareceu essa oportunidade que o Rubens aceitou, e lhe rendeu um cachê. Daí, surgiria um outro convite, que eu vou detalhar em um capítulo mais para a frente.
14) Shows que rolarão: O grande anúncio em abril de 1986, não poderia ter sido outro : o show "Metal 4", a ser realizado no salão de festas do Palmeiras, em maio. Falamos também sobre o show que faríamos no Rio de Janeiro, ao final de maio, mas omitimos o show de Bragança Paulista/SP, simplesmente por que quando fechamos o jornal, ele ainda não estava ser confirmado, totalmente.
Deixamos no ar uma esperança aos fãs-leitores: Estávamos a estudar um mecanismo possível para poder oferecer descontos aos sócios contribuintes, em shows produzidos pelo "Núcleo ZT". Queríamos mesmo fazer promoções assim, mas infelizmente nunca conseguimos viabilizar tal intento...
Assim foi publicado o jornal de número 4, em abril de 1986...
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário